1. Culpa e medo
➡ Controle psicológico/moral
Esses são instrumentos internos, geralmente reforçados pela família, religião e meios de comunicação. A culpa prende o indivíduo a padrões morais; o medo o impede de agir contra normas estabelecidas.
Ex.: medo do inferno, culpa por desobedecer aos pais, medo da punição social, medo do “comunismo” etc.
2. Manipulação e promessas falaciosas (loterias, falsa meritocracia)
➡ Controle ideológico/discursivo
Aqui, a manipulação ocorre por meio de discursos que iludem ou desviam a percepção da realidade, mantendo o status quo. O indivíduo acredita que está no controle, quando na verdade está sendo conduzido.
Ex.: “Se você não venceu, a culpa é só sua” (enquanto as estruturas sociais permanecem desiguais).
3. Hierarquias e burocracia
➡ Controle institucional/estrutural
Esses mecanismos funcionam dentro das instituições formais, criando uma cadeia de comando e limitando a autonomia por meio de regras, papéis fixos e processos lentos.
Ex.: em uma empresa ou órgão público, nem sempre o mérito define a ascensão; o cargo sim ou o famoso “QI” (quem indica).
4. Excesso de leis e sanções
➡ Controle legal/formal abusivo
Quando há inflacionamento normativo, o indivíduo se sente constantemente ameaçado por punições, o que gera conformismo e medo de agir, mesmo quando está certo.
Ex.: regras absurdas ou contraditórias, que podem ser usadas seletivamente contra alguns.
5. Força econômica, psicológica e física
➡ Controle coercitivo e estrutural
Esse é o uso direto ou indireto do poder para suprimir ações ou impor condutas.
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Econômico: exclusão social pela pobreza ou consumo.
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Psicológico: desgaste mental pelo medo ou dependência.
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Físico: uso de armas, prisões, violência estatal.
Ex.: polícia em protestos, pessoas endividadas que não podem sair do emprego tóxico.
6. Difamação, humilhação pública e descreditação
➡ Controle simbólico/social
Essas práticas atuam como punições sociais invisíveis, mas devastadoras. Usadas para silenciar, punir ou excluir quem desafia normas ou o sistema.
Ex.: campanhas para destruir reputações de críticos ou opositores.
7. Distrações (pão e circo)
➡ Controle cultural/entretenimento
Redireciona a atenção das massas com espetáculos, escândalos e consumo, impedindo o pensamento crítico.
Ex.: futebol, reality shows ou pautas vazias no lugar de debates sobre educação ou justiça.
8. Vaidade nacional ou local
➡ Controle simbólico/narcisista coletivo
Esse mecanismo alimenta o orgulho coletivo para evitar a crítica. O cidadão acredita que vive “no melhor país”, “no melhor Estado”, “na melhor cidade”, mesmo com graves problemas.
Ex.: patriotismo ufanista que inibe protestos ou discussões profundas.
Conclusão
Esses mecanismos operam de forma mais sutil, porém extremamente eficaz, justamente porque não parecem controle. Eles moldam o comportamento coletivo sem coercão visível, muitas vezes fazendo com que o indivíduo se vigie e se puna por conta própria — um tipo de “autoaprisionamento social”.