ESTUDOS BÍBLICOS NO LIVRO DE TIAGO
De autoria e responsabilidade do Pr Silas Matos Pinto
Temas
Provações – A consumação da fé – Língua – Contendas
A maneira como adquirimos bens – Recomendações finais
O garoto entra na escola e durante algum tempo estuda. A professora lhe dá muito conteúdo, de acordo com a sua capacidade, e, então, depois de um período ela lhe dá uma prova. Essa prova visa aferir o conhecimento adquirido pelo garoto. Caso não tenha aprendido o conteúdo o aluno é reprovado e terá de rever todo o conteúdo estudado, até que consiga passar na prova. A prova não é para o seu mal, pelo contrário, ela visa saber o quanto ele aprendeu para que novo conteúdo lhe seja dado e ele passe para um nível superior de ensino, de acordo com a sua capacidade.
Nenhum de nós gosta de ser reprovado. Na vida procuramos a aprovação. O marido espera o sorriso aprovador da esposa e vice-versa. O filho espera a palavra de aprovação do pai. Quando esta não acontece há um sentimento de derrota. A reprovação atesta nossa incapacidade e nos obriga a fazer tudo novamente.
A carta de Tiago trata, neste capítulo, sobre Provações. Ela revela que Deus está sempre nos provando e espera que sejamos aprovados. Deus não nos quer o mal, pelo contrário, ele nos quer bem e quer que subamos de nível e cheguemos à perfeição. Nosso tema será PROVAÇÕES QUE VISAM APROVAÇÕES.
Em primeiro lugar veja você que SOMOS PROVADOS NAS NOSSAS CONCEPÇÕES PESSOAIS (v. 1) “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que se encontram na dispersão, saudações”.
Somos provados por Deus naquilo que pensamos sobre nós mesmos. Provados naquilo que acreditamos que somos ou no grupo que achamos que pertencemos. O modo como definimos a nós mesmos mostrará se nossa concepção sobre nós está correta ou incorreta aos olhos de Deus.
O texto mostra o modo como Tiago se identificou: “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo”. De que modo essa identificação revela alguma provação na concepção pessoal? Para entender isto é necessário saber quem é esse homem.
Tiago não era um apóstolo e muito menos fora um dos discípulos de Jesus durante seu ministério terreno. Ele era filho de José e de Maria, mãe de Jesus. Nesse texto ele se identifica como servo, mas não foi sempre assim, pois os evangelhos revelam que numa situação Tiago, seus irmãos e Maria, foram à Jesus para prendê-lo, como se Jesus estivesse louco por cumprir seu ministério. Eles não entendiam e não aceitavam sua missão.
Alguns textos, como Mateus 13.55 e Marcos 6.3, revelam que Tiago era irmão de Jesus e que havia outros irmãos e irmãs dele: “E seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas?” Em Gálatas 1.19, Paulo diz que quando esteve em Jerusalém não viu nenhum dos apóstolos. Viu apenas a “Tiago, o irmão do Senhor”.
Tiago se converteu, provavelmente, após a morte e ressurreição de Jesus. Juntou-se aos discípulos de Jesus e tornou-se líder da igreja em Jerusalém. Morreu como mártir defendendo a causa de Cristo.
Quem nós somos. O que devemos pensar de nós mesmos. Paulo nos ensina a “não pensar de nós mesmos além do que convém”. Devemos saber quem somos e a importância que temos, mas não podemos exagerar no conceito que temos de nós mesmos, achando que temos de ser tratados de modo especial por causa do conceito pessoal que temos de nós mesmos.
Como irmão de Jesus ele podia entender que tinha de ser tratado de modo especial. Poderia usar o fato de ter sido irmão de Jesus para exigir um tratamento especial e submeter os outros a si. Poderia querer colocar os apóstolos de Jesus como seus servos. Mas o texto traz a sua identificação e mostra que Tiago fora aprovado por Deus na sua concepção pessoal. Ele não se auto valorizava, pelo contrário. Ele afirma seu estado de “Servo de Deus e de Jesus Cristo”.
Tiago escreve para os crentes da dispersão. Esses eram irmãos em Cristo que por causa da sua fé foram espalhados pelos países vizinhos tentando proteger sua vida. Continuavam sendo perseguidos e a carta lhes foi escrita para animá-los na luta e para não desistirem de sua esperança do Senhor.
O texto revela uma falha em Tiago. Ele escreve apenas “às doze tribos de Israel”. Tiago era um crente conservador. Ele trazia em si muito do exclusivismo do judaísmo. Jesus enviou seus discípulos a todos os povos, mas Tiago, assim como Pedro, se sentia ministro apenas dos crentes descendentes do Israel e dos haviam sido circuncidados.
Atos dos Apóstolos revela que Tiago criou alguns problemas por causa da sua posição conservadora. Pedro, por exemplo, em Antioquia, teve de ser chamado à atenção, por Paulo, por mudar de comportamento em relação aos crentes gentios por causa da chegada de Tiago. Mas foi de Tiago a voz que definiu e trouxe paz no embate no Concílio de Jerusalém.
Já dissemos que somos provados naquilo que pensamos de nós mesmos e agora veremos que somos provados naquilo que pensamos de nós na nossa condição financeira.
Tiago disse: (v. 9-11) “O irmão, porém, de condição humilde glorie-se na sua dignidade, e o rico, na sua insignificância, porque ele passará como a flor da erva. Porque o sol se levanta com seu ardente calor, e a erva seca, e a sua flor cai, e desaparece a formosura do seu aspecto; assim também se murchará o rico em seus caminhos”.
Você será provado na sua concepção pessoal naquilo que você é, mas também será provado na sua concepção daquilo que você tem. Quando digo “no que tem” não estou falando de quem tem muitos bens. Falo também sobre os que não têm bens.
Infelizmente, muitos se acham menos importantes porque são pobres. Vê-se isto na escolha de líderes para a igreja. Homens ricos são escolhidos para ocupar o cargo de presbíteros e pobres para o cargo de diáconos. Alguns ricos não aceitariam ser diáconos por achar que essa é uma tarefa de menor importância. Não é o dinheiro que define a sabedoria do homem e sua autoridade espiritual para ocupar cargos de liderança, mas este é um problema de concepção errada quanto ao que se possui de bens materiais.
Muitos se acham superiores por serem ricos. Outros se acham inferiores por serem pobres e acham que os ricos são superiores porque são ricos. Esta é um modo de provação divina para medir nosso valor, pois devemos medir nosso valor pelo valor que o próprio Deus nos deu. Não podemos medir nosso valor pelos bens que possuímos. Muitos são reprovados na sua concepção pessoal quanto aos bens que possui.
Jesus não escolheu os ricos da terra, mas os fracos. Um grande erro é se medir pelo que se tem. A pessoa que se mede assim terá problemas. O amor não se mede pela beleza, por exemplo. Uma mulher que meça o amor de seu marido por sua beleza terá problemas quando as rugas e os cabelos brancos chegarem. Seu marido a ama pelo que ela é e não apenas por sua aparência. A auto-estima alta será uma qualidade de quem se valoriza pelo que é e não pelo que se tem.
O texto diz que o irmão humilde deve gloriar-se na sua dignidade. Se Deus não lhe deu posses seja feliz e se valorize por ser amado por Deus, mesmo não tendo riquezas. Se alegre naquilo que és. Paulo diz aos servos que devem servir a Deus como servos, mas se tiver oportunidade de se libertar que se libertem. Se o pobre pode mudar sua condição, mude, mas não deve, de modo nenhum, sentir-se inferior por ser servo.
Tiago diz aos ricos que se gloriem na sua insignificância. Os crentes ricos devem analisar sua vida independente dos seus bens. Conheço um rico que morreu de fome, com um câncer na garganta. Suas posses não puderam ajudá-lo. Tiago leva os ricos a entender que seu valor diante de Deus independe dos bens que possui. Sua vida é tão frágil como a vida do pobre. O rico não possui nada de diferente ou superior àqueles que possuem menos bens materiais. Essa diferença é insignificante para Deus.
O texto revela que os ricos são como a erva que se seca com o calor do sol. A altivez motivada pelos bens que possui é um erro. Tiago tratará, mais adiante, sobre o erro de tratar de modo especial o rico e menosprezar o pobre, mas aqui ele está tratando do modo como você vê a si mesmo por causa dos bens que possui. Você percebe o teu valor com o que tem, seja muito ou pouco? O pobre deve sentir-se digno pelo que é diante de Deus e o rico deve sentir digno pelo que é diante de Deus, pois a riqueza ou pobreza é insignificante no Reino de Deus.
O texto revela outro modo de sermos provados na concepção pessoal. É o modo como nos medimos pelos dons que possuímos. (v.16-18) “Não vos espanteis, meus amados irmãos. Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança. Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas”. O que você acha dos seus dons. Como é o modo que você acha que deve ser tratado por causa dos dons que você possui. Esse será um modo de Deus te provar mediante os dons que Ele te deu.
O irmão que canta bonito na igreja pode exigir tratamento especial por causa da sua voz e se outro tiver oportunidade que não lhe foi dada, sai da igreja. Um irmão que fala bem exigirá se tratado com destaque, e se não lhe for dada as oportunidades se sente ferido e sai da igreja também.
Tiago revela que Deus nos prova com base nos dons que possuímos. Como esperamos ser tratados com base nos nossos dons? Tiago afirma que todo dom perfeito vem lá do alto. O que você possui de dom vem de Deus. Foi-lhe dado por Deus. Você o recebeu pela vontade de Deus. Você não o possui por herança ou por mérito pessoal.
Os dons que recebemos de Deus são dados com propósito. Ele nos quer como suas primícias. Paulo diz, na sua 1ª carta aos Coríntios, que “Se queremos dons espirituais, devemos promover a edificação da igreja”. Deus não dá dons para o bem pessoal de quem o recebe, mas para que os dons sejam usados a favor do outro. Por isso, quem recebe dons não deve se sentir melhor e mais importante que outros, mas mais responsável que os outros.
Por pensar com orgulho por causa dos dons alguns pregadores escolhem os seus ouvintes. Perguntam a quem os convida quantas pessoas deverão ouvi-lo, e se o grupo for pequeno, se negam a falar, pois acham que será um desperdício gastar seu tempo falando para um grupo pequeno. Estes se acham bons demais para gastar sua saliva pregando para um grupo pequeno de pessoas. Esses parecem não ler a Bíblia, pois Felipe, que estava num ministério frutífero em Samaria foi retirado por Deus de lá para pregar para apenas um homem que passava pelo deserto. E Felipe não questionou. Foi e pregou ao eunuco, oficial da rainha Candace. O número dos ouvintes não pode servir de base para aceitação ou recusa do convite que está sendo feito. Há festa por “um” pecador que se arrepende.
Não se ache melhor por ter vários dons. Teus dons vieram do alto e segundo a vontade de Deus. O teu valor não está na quantidade de dons, mas no fato de ter sido amado por Deus.
Já vimos que você será provado naquilo que você pensa sobre você, como você se valoriza em relação ao que possui de bens materiais e como você exige ser tratado pelos dons que possui. Agora veremos outro modo de sermos provados por Deus.
Em segundo lugar veremos que SOMOS PROVADOS NAS NOSSAS ATITUDES DIANTE DAS PRIVAÇÕES (v. 2-4) “Meus irmãos, tende por motivo de alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes”. Essas privações podem ser de bens, prazeres ou até mesmo da liberdade.
Como respondemos às privações? Quando o dinheiro falta, quando a saúde falta, quando a liberdade falta, como você responde? Tiago diz que deve ser motivo de alegria o passar por várias provações. A alegria ou contentamento é provindo do fato de saber que as provações não são castigos divinos. O texto revela que devemos enfrentá-la com perseverança.
Romanos 5.1, diz que temos paz com Deus ao aceitarmos pela fé que fomos justificados por Deus. Jesus faz seu convite para os cansados e oprimidos e diz que no final encontrarão descanso para a sua alma. Esse descanso na alma por sabe da inclinação divina em nos fazer o bem e não o mal me faz sentir alegria nas provações, pois saberei que Deus tem algo de bom para mim, mesmo em meio das provações.
Muitos, em meio às provações, se rebelam contra Deus e se afastam de Deus e da igreja. Por causa da sua atitude estes são reprovados por Deus nas privações. Por terem uma concepção errada de si mesmos não aceitam serem dirigidos por Deus do modo como Ele quer dirigir suas vidas. Por isso são reprovados.
O texto revela que a provação produz perseverança. Quem desiste na primeira tentativa é um derrotado. Quem insiste, acaba vencendo e passa a ter experiência, podendo ser útil na animação daqueles que estão em meio às provações. É o que ensina Romanos 5.1-11, dizendo que a experiência produz experiência e esta produz esperança. Quem desiste no início não terá nada a oferecer.
O texto diz que a perseverança trará benefícios. Ela te fará perfeito. Todo pintor famoso começou fazendo rabiscos inúteis. Sua perseverança fez dele perfeito em seus traços únicos e que valorizaram seus quadros. Este é um benefício da perseverança. Ela fará com que você vá retirando os erros da tua vida à medida que caminha. As falhas serão percebidas e corrigidas com o decorrer dos anos.
Além da perfeição, a perseverança te fará íntegro. Íntegro é inteiro. Muitos são apenas parte daquilo que deveriam ser. O perseverante dará valor àquilo que de fato tem valor. A mulher perseverante saberá sorrir e chorar sem medo do julgamento alheio. O crente perseverante descobrirá que pode se expor, pois Deus estará com ele, protegendo-o quando agir como seu ministro. Não precisa temer o que os outros pensarão dele. Ele será uma pessoa inteira, pois perceberá que não há razão para deixar de ser tudo aquilo que poderia ser. Assim desenvolve todo o seu potencial.
A perseverança trará ainda como dádiva o “ser em nada deficiente”. Já citei a experiência como benefício da perseverança. O experiente percebe coisas que o iniciante não percebe. Ele sabe agir corretamente e no cumprimento do seu dever ele não é, em nada, deficiente.
O texto revela que devemos responder às privações com perseverança, mas também devo enfrentá-las com Esperança. (v.12) “Bem aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam”. O texto ressalta a esperança que devemos ter durante as provações. É possível suportar as provações quando temos esperança na resposta futura de Deus.
Somos imediatistas. A resposta de Deus não nos é dada no nosso tempo. Muitos aplicam o modo comercial de agir no relacionamento com Deus. É o famoso “Toma lá, dá cá”. Pensam que tudo o que fazem para Deus trará respostas imediatas, e não é assim. Sabemos que o bem virá, mas pode não vir agora. Os imediatistas sofrem e abandonam a fé por esperar algo que Deus não prometeu.
Na provação temos de manter a esperança. Deus não deixa que nossos sofrimentos sejam em vão, mas quando receberemos os seus bens? Devemos passar pelas provações com perseverança e cheios de esperança sabendo que a coroa da vida nos será dada. Ela nos está assegurada. Ninguém poderá tomá-la de nós. É com esperança que devemos suportar as provações.
Vimos que devemos responder às privações com esperança. Agora veremos que devemos responder às privaçõescom obediência. Os versos 13 a 15 dizem: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte”.
Qual é a diferença entre Provação e Tentação? Elas são a mesma coisa ou há diferença? Provação é positiva. Ela vem de Deus. Vem de quem nos quer o bem. Satanás não nos prova. Ele quer o nosso mal. Quer nos destruir. Deus, ao contrário, nos prova, para que recebamos os benefícios da aprovação.
A tentação é negativa. O diabo nos tenta para nos destruir. Ele quer nosso mal. Ele usa nossas fraquezas e desejos carnais para nos levar para o fundo do poço, para nos afastar de Deus. Deus não tenta ninguém, pois não quer o mal dos seus filhos.
Aí está a questão desse texto. Como devemos responder às privações? Devemos responder com obediência. O texto trata sobre o pecado praticado nas provações, provocados pelas privações. As pessoas não gostam de serem privadas daquilo que desejam. Aí, então, quando privadas respondem com rebeldia. Pecam contra quem os priva do seu desejo.
Nossa obediência aos preceitos divinos é cheia de privações. O namorado será privado de sexo antes do casamento e o negociante será privado do lucro desonesto. Como responder a estas privações? Com obediência. O crente terá de entender que não poderá ter tudo o que deseja. Deus nos dará tudo e no tempo desejado por Ele. Há tempo para tudo. Há leis que devem ser obedecidas. A obediência será provada.
Como você responde à privação. Responda com obediência. O texto diz que ninguém será tentado por Deus, mas será tentado por sua própria cobiça. Ninguém está livre de ser tentado, mas será responsabilizado pelo modo como lida com seus desejos. Nossa cobiça nos atrai e nos seduz. Nosso desejo nos levará naturalmente ao erro. A cobiça atrai o pecado.
O pecado concretiza o desejo. Ele põe o desejo em prática. Você faz o que não devia fazer e o pecado trará sérias consequências.
O pecado trará a morte. A morte é a ausência de Deus na tua vida por causa do pecado. O praticante do pecado não tem prazer na presença de Deus. Não o procura em oração e não se dispõe a ouvir a voz de Deus. Todas as pregações serão dirigidas a ele. Enquanto mantiver o pecado em sua vida tudo o que vier da parte de Deus será como um toque na sua ferida. Isto é a morte trazida pelo pecado, que vem carregado de medo e culpa.
Os crentes da época estavam sendo tentados pela libertinagem do Império Romano. Tudo podia. Nada era proibido. Como crentes eles eram privados dos prazeres mundanos. Como deveriam responder às privações? Sendo obedientes aos preceitos divinos. Somente assim seriam abençoados e aprovados por Deus.
Você será provado nas tuas privações. Nas privações você deve responder com perseverança, com esperança e com obediência. Se você não tem é porque Deus não quis te dar. Se ele quiser te dar ele dará, mas enquanto não tiver o que deseja, seja perseverante, esperançoso e obediente. Assim você será aprovado.
Veja agora que SOMOS PROVADOS NA RESPOSTA QUE DAMOS ÀS SITUAÇÕES (5-8) “Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera e ser-lhes-á concedida. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando, pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa; homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos”.
Como você responde às situações? Com sabedoria ou sendo néscio? O princípio da sabedoria é temer a Deus. Sabendo que Deus está nos observando procuraremos agir de acordo com sua vontade. O néscio diz que não há Deus. O sábio sabe que Deus existe e o teme. Esse agir, com base no respeito e temor a Deus revelará sabedoria diante das situações.
Nem sempre sabemos o modo correto de agir. O que fazer então? Devemos buscar a sabedoria. Devemos perguntar: como Deus quer que eu aja. No segundo capítulo de Provérbios encontramos o modo de encontrar sabedoria. Ele nos diz que devemos procurá-lo como se procura um tesouro. Se soubéssemos que num lugar há um tesouro escondido nós cavaríamos e se não o encontrássemos ficaríamos pensando nele até encontrar. Assim devemos procurar a sabedoria, como a um tesouro.
O texto diz que não tem sabedoria quem não pede a Deus, pois quando pedimos, ele nos dá. Ele nos colocará em situações que devemos agir de acordo com a sabedoria que nos deu. É o caso de Salomão, que pediu a Deus sabedoria e Deus o colocou diante de duas mulheres que lutavam pela guarda de uma criança. Deus nos colocará diante de situações difíceis e com base na vontade de Deus agiremos com a sabedoria que ele nos deu.
Devemos pedir a Deus a sabedoria, mas pedir com fé. Confie na resposta de Deus, pois quem duvida é como onda do mar impelida pelo vento. É assim o homem sem fé, pois pede sem confiança, assim não espera e não recebe também.
Acabamos de ver que devemos responder às situações com sabedoria, mas temos também de ser longânimes. (19,20) “Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus”.
Devemos ser longânimes. O que é longânime? É ter um longo ânimo. Quem se lembra das televisões antigas movidas por válvulas? Elas eram ligadas e depois de longo tempo é que a imagem aparecia. Deveríamos ter um comportamento parecido com este. Agir com paciência evita erros.
Assistindo um filme chinês com meus filhos, observei o comportamento de uma mulher que foi atrás do seu marido e o viu conversando com uma mulher. Sua primeira reação foi achar que seu marido a estava traindo, pois saiu de casa para ir a uma reunião. Foi contida por seu filho. Depois viu seu marido falar sobre a gravidez da mulher, e pensou que ele a tinha engravidado. Foi novamente contida pelo filho. Depois, então, viu seu marido dizer que o bebê era a única coisa que o marido dela, morto, havia deixado. Ela entendeu que não havia traição alguma.
Estando pregando numa congregação que dirigia, no meio do culto, fui interrompido por um homem que pediu ajuda. Fiquei irado e disse-lhe que não devia interromper um culto para pedir dinheiro. Ele, então, me disse que tinha ido ali para pedir que orasse por ele. Virou as costas e saiu. Passei uma grande vergonha por ter sido apressado no meu julgamento.
O texto nos induz a sermos longânimes. Devemos ser prontos a ouvir, tardios para falar e tardios para nos irar. Devemos parar para ouvir, dar atenção a quem fala. Nosso julgamento será melhor quando entendermos as razões do outro. Erraremos menos quando deixarmos o sangue esfriar.
O texto diz que a ira do homem não produz a justiça de Deus. Quando você se vinga, você se torna tão pecador quanto aquele que te fez o mal. É assim com os justiceiros, pois matam os culpados na justificativa de que a justiça é lenta. Eles se tornam tão assassinos quanto aqueles que mataram por tê-los feito o mal. Devemos confiar na justiça de Deus. Esperar que Ele aplique Sua justiça, principalmente porque sabemos que Ele é duro no seu julgamento.
Verso 21, diz: “Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma”. Devemos responder às situações de acordo com a Palavra que recebemos de Deus. O mais novo entre os membros da igreja já sabe o que é certo ou errado aos olhos de Deus. O texto diz que devemos responder às situações de acordo com a Palavra implantada em nós.
Somos impelidos a “nos despojar de toda impureza”. Somos induzidos a fazer uma faxina geral em nossa vida e tirar dela tudo o que seja impuro. É preciso limpar o coração. Tire tudo que é ruim do teu coração. Limpe-o.
Então diz: “Acolhei, com mansidão a Palavra em vós implantada”. É a paciência e mansidão, como fruto do Espírito, fazendo com que você acolha a Palavra de Deus dada a você.
Quando aprendemos a sermos guiados pela Palavra de Deus nossa alma vai sendo liberta das inclinações carnais que trazemos em nossa vida. Caminhamos melhor com o próximo e com Deus. Por isso tiramos o que é mal e acolhemos a vontade de Deus como boa, perfeita e agradável para nós. Por isso obedecemos àquilo que ele deseja para nós.
Versículos 22 a 24 mostrarão outro modo de responder às situações: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência”.
Devemos responder ás situações praticando o que aprendemos. Pratique o que aprendeu. Passada uma semana as pessoas não se lembram mais o que o pastor pregou no domingo, nem o livro base sabem. Essa é uma falha dos crentes e revela que não deram a devida atenção ao que Deus lhes falou através do pregador. Faltou a prática do que ouviram. Ninguém procurou ensinar o que ouviu, por isso se esqueceram.
A falta da prática leva ao esquecimento. Tiago diz que ser ouvinte apenas é enganar-se a si mesmo. A prática leva à perfeição. Apenas ouvir não trará benefício algum. Ouvintes tratam a igreja como um clube apenas. Se a igreja ouvisse as mensagens pregadas como sendo Deus falando e praticassem o que foi ensinado com certeza suas vidas e a resposta às situações seriam diferentes. Tiago compara o comportamento dos ouvintes com o olhar no espelho. Olha e logo esquece o que viu. Terá de ouvir de novo.
O texto diz mais. O verso 25 diz: “Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar”.
Você quer ser bem aventurado? Seja praticante da Palavra de Deus. Mas encontramos aqui uma “Lei da Liberdade”. É estranho, pois toda lei proíbe algo. Ela restringe a liberdade. Mas Tiago fala da lei da liberdade. É que Jesus Cristo nos chamou para sermos livres. Devemos responder às situações não como tendo um observador que nos poderá punir, mas como libertos em Cristo para fazermos o que é certo. Somos convidados por Jesus para vivermos a alegria de sermos libertos por ele para livremente obedecermos a Deus. É por isso que o crente tem prazer em fazer a vontade de Deus, pois não a faz como constrangido, mas livremente.
Paulo, conhecedor da lei da liberdade, diz em Romanos 6.3,15 – “Vamos pecar por que a salvação é de Graça? De modo nenhum”. A liberdade que temos em Cristo é a força que precisamos para não nos tornarmos servos do Diabo.
Por fim, no versículo 26 e 27, diz: “Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã. A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo”.
O que é ser religioso? Como você explicaria a tua religiosidade? Muitos pensam que religioso é aquele que vai muito à igreja. Tiago rejeita esse modo de pensar. Ele afirma que a religiosidade se concretiza na prática. Ao ouvir você cria uma teoria. Ao praticar você revela o que aprendeu.
Devo mostrar minha religiosidade na prática de amor ao próximo. Devo ser misericordioso com o próximo. Devo me compadecer na necessidade do mais carente do que eu. Sendo misericordioso como Jesus Cristo foi comigo revelarei a todos a minha fé e a minha religião.
Vimos também que o religioso deve refrear a língua, caso contrário, estará enganando o seu coração. Tiago falará mais sobre o poder destruidor da língua. Ela tem de ser domada, caso contrário, sua religião é uma mentira.
A minha religião será demonstrada no domínio da minha língua, na misericórdia no trato com os necessitados, e também no cuidado com a pureza da minha vida. Não posso me contaminar com os prazeres do mundo. Paulo, em Romanos 12.1,2, diz que, se queremos experimentar a boa, perfeita e agradável vontade de Deus não podemos tomar a forma do mundo. É o mesmo que Tiago diz. É necessário estar incontaminado com o mundo. Quem ama o mundo odeia a Deus. A amizade do mundo é inimizade contra Deus.
Provação, aprovação e reprovação. Precisamos pensar mais nisto. Neste estudo vimos que estaremos sempre sendo provados por Deus. Seremos provados: Naquilo que pensamos sobre nós mesmos, na resposta que damos às privações e na resposta que damos as situações que nós vivemos.
Devemos lutar com todas as nossas forças para sermos aprovados por Deus. Quem desiste se torna um derrotado. Quem luta com perseverança encontrará a vitória.
Seja você, meu irmão, um entre os vencedores que foram aprovados por Deus.
CAPÍTULO 2
No estudo passado vimos que Tiago revelou o modo como Deus prova seu povo para que, no final, após várias provações, seja aprovado e usufrua das benesses e do prazer da aprovação. Ele revelou que nada acontece por acaso na vida do crente. Deus o acompanha e o prepara para viver nesse mundo, como peregrino, é claro, porém da melhor forma possível, olhando sempre para o seu destino final – o Céu.
No final do capítulo anterior Tiago iniciou a discussão sobre “Religião”. Religião é proveniente do latim e quer dizer: “Re ligar” ou “Ligar de novo”. Recebe o nome de religião o processo através do qual o homem é novamente ligado a Deus, depois de ter se afastado dele por causa do pecado.
O homem por si só não procura a Deus. Tanto o salmista (Sl 14.2), como Paulo (Rm 3.9-18) deixaram registrado na Palavra de Deus que: “Não existe nenhum justo, nenhum sequer. Não há quem o tema, não há quem busque a Deus”. Diante desta incapacidade humana e da falta de interesse do pecador por Deus, o próprio Deus veio ao encontro do homem, o salvou, vivificou e despertou nele o desejo pela salvação e por Sua presença. Tendo consciência desse fato, o pecador perdoado e salvo através da morte de Jesus Cristo, inicia, então, o processo de purificação pessoal, lutando contra suas inclinações pecaminosas e batalhando para fazer a vontade de Deus, tentando agradá-lo com a obediência, para mostrar a Deus que é grato pela salvação recebida.
Tiago já nos revelou que a religião se revela pura quando nos apiedamos dos necessitados (órfãos e viúvas) nas suas tribulações e nos guardamos incontaminados do mundo.
Sabemos que “Crente” é aquele que crê que Cristo morreu no seu lugar. Ele crê que Sua morte lhe purificou de todos os pecados e lhe garantiu a entrada no Céu. Paulo fala fartamente sobre a importância de crer e depender de Jesus Cristo, sabendo que não há nada que o homem possa fazer para entrar no céu, a não ser crer e depender da obra redentora de Jesus Cristo.
No entanto, há um período, que pode ser curto ou longo, entre a conversão e a morte do crente. O que fazer nesse período? Como o crente deve viver? Quais devem ser as atitudes do crente e como ele revela que é um crente verdadeiro? Esse é o tema deste nosso estudo:
A CONSUMAÇÃO DA NOSSA FÉ NA PRÁTICA RELIGIOSA.
Ao lermos esta carta parece-nos que Tiago está entrando num debate com Paulo, pois Paulo dá ênfase na fé e Tiago enfatiza que a prática é que revela a fé que se tem. Não se trata de um debate, mas de observar a mesma verdade de outro ângulo. Estudemos, pois, a consumação da nossa fé através da prática religiosa.
Nossa fé se consumará QUANDO TRATARMOS TODOS COM IGUALDADE (v.1-11) “Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas”.
Como, quantos e quem somos? A raça humana se dividiu em grupos: os pretos, os brancos, os pardos, os orientais, os ocidentais… Há os ricos, os pobres, os catedráticos, os analfabetos, os educados, os mal educados… Que importância essa diferença deve ter em nossa vida e no modo como tratamos no nosso próximo? Não deveria ter nenhuma, mas, infelizmente, ela existe. Deveríamos levar em conta que no frigir dos ovos somos todos iguais. Qualquer um de nós pode doar ou receber órgão ou sangue de outro porque somos todos da mesma espécie.
Porque, então, há tanta diferença racial ou econômica? Porque pessoas tratam uns com tanta honra e outros com tanta desonra? Vê-se claramente o como alguns pisam naqueles a quem julgam inferiores a eles e como bajulam outros a quem julgam superiores e como escolhem o círculo de amizade e convivência baseados neste princípio e como excluem desse círculo as pessoas que não se enquadram nele.
Somos crentes em Jesus Cristo. Ele é nosso Salvador. Por sua obra temos livre acesso ao Pai e temos nossa entrada no céu garantida. No entanto, Cristo não foi apenas o nosso Salvador. Ele também viveu e nos deu o exemplo do modo como devemos viver. Tornarmo-nos seus discípulos é repetir em nossa vida o modo como Cristo viveu. É obedecer a Deus exatamente como Jesus obedeceu.
Jesus Cristo nos deixou o exemplo de como devemos tratar o próximo, seja ele quem for. Não encontramos uma só situação em que Jesus tenha menosprezado alguém. Ele conversou e se relacionou com todo tipo de gente. Os pobres e os ricos estiveram em sua presença, sem distinção. Todos ouviram suas mensagens sem preleções separadas por grupos. Ele curou o servo do rico, como também o filho da viúva. Ele valorizou a mulher adúltera, como a samaritana, assim como o rico e respeitado centurião romano. Jesus nos ensinou que as pessoas valem o que valem, independente da sua situação financeira, raça ou cor.
Se somos seus discípulos e cremos nEle como nosso Salvador, então consumaremos nossa fé ao tratar todas as pessoas com o mesmo respeito, amor e consideração, independente de qualquer qualidade externa que possam ter. Tratar pessoas com deferência ou indiferença constitui um pecado gravíssimo, pois estaremos menosprezando pessoas a quem o próprio Deus valorizou e deu o Seu próprio Filho por elas.
Tiago deu um exemplo: “Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem com anéis de ouro nos dedos, em trajos de luxo, e entrar também algum pobre andrajoso, e tratardes com deferência o que tem os trajos de luxo e lhe disserdes: tu, assenta-te aqui em lugar de honra; e disserdes ao pobre: tu, fica ali em pé ou assenta-te aqui abaixo do estrado dos meus pés, não fizestes distinção entre vós mesmos e não vos tornastes juízes tomados de perversos pensamentos?”
Infelizmente esse comportamento não é incomum. Ouvi um pastor dizendo, com orgulho, de sua última “aquisição”. Sua igreja recebeu como membro um alto funcionário público. Disse, com ar de deboche, que, como o outro pastor “deu bobeira”, ele conquistou o membro. Quantos outros membros a sua igreja recebeu? Porque ele não falou com prazer sobre os outros que recebeu e que não eram ricos como este?
Isto se chama: “Acepção de pessoas”. Quem age desse modo no trato com o próximo, sejam pastores ou crentes, revelam não serem discípulos do Mestre, pois ele nunca agiu com acepção de pessoas (Rm 2.11). Tiago revela que quando fazemos acepção de pessoas revelamos que ainda somos crianças espirituais e faltam-nos muito aprendizado e amadurecimento da nossa fé. Nossa fé ainda não se consumou. Teremos de andar muito ainda até que nos revelemos discípulos do Mestre Jesus Cristo.
Tiago não poupa críticas aqueles que “menosprezam o pobre”. Apesar de serem oprimidos por ricos desonestos e injustos, ainda assim preferem tratá-los como se eles tivessem mais honra que os pobres. Este é um grave erro.
Ele nos induz a “Observar a lei régia”. Lei régia é a lei que dirige todas as demais leis. A lei que nos fará obedecer às demais é: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Quando se trata o próximo como gostaria de ser tratado, a pessoa não faz nada de mal ou traz qualquer tipo de descontentamento ou tristeza ao próximo, pois “Fará ao próximo aquilo que gostaria que fosse feito a si mesmo”.
O texto deixa claro que agir com acepção de pessoas é pecado: “Se, todavia, fazeis acepção de pessoas,cometeis pecado, sendo argüidos pela lei como transgressores”. Transgredir a lei de Deus é atrair juízo divino. Tratar o próximo em acepção de pessoas é tão pecado como trair a esposa ou marido, mentir, roubar e até mesmo matar. Pecado é transgredir a lei de Deus e tratar o próximo fazendo distinção entre um e outro é praticar pecado.
Não adianta ser um praticante da religião ou ser assíduo e fiel dizimista se a tua relação com as pessoas seja incorreta e não consiga tratar os outros com respeito e amor. Tua religião é vã. Tiago disse: “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos, porquanto, aquele que disse: ‘não adulterarás’, também ordenou: ‘Não matarás’. Ora, se não adulteras, porém matas, vens a ser transgressor da lei”.Viu como desrespeitar o próximo na sua honra pessoal é comparado ao assassinado. Pense nisto ao se relacionar com o próximo, pois tua fé será consumada no tratamento igualitário do próximo.
Veja também que nossa fé se consumará QUANDO NOSSA PRÁTICA FOR IGUAL AO NOSSO DISCURSO(v.12,13) “Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade. Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo”.
Estando numa vã ouvi uma conversa de uma mulher que se definia como pastora e ela conversava com outra. Seu discurso triunfalista era admirável. Dizia à outra que nada de mal poderia acontecer a ela porque Deus não deixaria. Se ela confiasse em Deus nenhum mal viria sobre sua vida e que tudo que ela imaginasse de bom se tornaria uma realidade na vida dela. Só que o discurso se demonstrou falso e mentiroso. Chegando à parada da mulher a “pastora” lhe disse: “irmã, não desça aqui não. Desça comigo na parada seguinte e vamos juntas, pois aqui é perigoso”. E o discurso? Não dissera que nada de mal lhe aconteceria? Será que a proteção e a companhia da outra mulher seria melhor do que a proteção e companhia divina. Seu discurso se mostrou falho, pois não se concretizou na prática.
Uma preocupação de Paulo era “não ser reprovado naquilo que aprovava”. Todos nós fazemos a defesa daquilo que acreditamos ser bom e agradável. Defendemos o direito e a justiça que é boa aos nossos olhos. Afirmamos crer e confiar em Deus e exigimos que os outros sejam fiéis a Deus. Não aceitamos a falha do próximo. Até aí tudo bem. Porém, as cobranças que fazemos para a vida do próximo também se aplicam à nossa vida. Nosso discurso, obrigatoriamente, terá de se refletir na nossa prática religiosa, caso contrário, ele nos será um grande engano.
Jesus desprezou alguns judeus da sua época que agiam assim. Ele disse a seus discípulos que “Deveriam fazer o que ele falavam, mas não o que eles faziam”. Fariseus eram rigorosos no discurso, mas falhos na prática. Essa atitude revela uma fé falsa, talvez inexistente.
Esse é o comportamento reprovado dos políticos. A política mundial caiu em descrédito porque os políticos têm um discurso diferente da prática. A cristandade tem caído em descrédito pelo mesmo motivo. A fé propagada não tem sido a fé vivida. O discurso tem sido diferente da prática e isso é pecado. É por isso que Tiago disse: “Falai de tal maneira e de tal maneira procedei”.
Jesus Cristo nos chamou à liberdade. Ele disse: “Conhecereis a verdade e ela vos libertará”. Somos libertos das leis que regulam o comportamento e engessa a fidelidade. Somos livres para amar a Deus e viver em obediência sem que regras nos aprisionem. Tiago diz que “Seremos julgados pela lei da liberdade”.
Quando conhecemos a Cristo e passamos a ter fé nele, decidimos obedecê-lo em tudo. Doamo-nos ao nosso Senhor. Criamos leis próprias. Leis livres, criadas pelo nosso desejo de amar a Deus. Por essa lei da liberdade é que seremos julgados, pois nossa consciência nos condenará, pois sabíamos o que é correto e o que é incorreto e, mesmo assim, agimos contrário do nosso discurso, quando defendíamos a verdade como correta.
Queremos ser respeitados. Não queremos ser julgados injustamente. Não aceitamos ser tratados como inferiores. Exigimos misericórdia quando erramos e queremos uma nova oportunidade. Esse mesmo modo de defesa pessoal deve ser aplicado ao próximo, quando ele erra conosco. Jesus mesmo nos ensinou a pedir perdão a Deus do mesmo modo como perdoamos ao nosso próximo. Tiago disse: “Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo”. Quem é duro com o próximo será tratado com dureza também. Julgue o próximo e o trate exatamente como você gostaria de ser julgado e tratado.
Teu discurso terá de ser igual à tua prática, caso contrário, você revelará que tua fé está sendo falha ou inoperante. A fé que tens em Cristo deve regulamentar tua prática de vida. Se dizes que crês nEle, então deves viver como discípulo fiel. Discurso e prática iguais. Isto é o correto.
Nossa fé se consumará QUANDO PRATICARMOS AQUILO QUE DIZEMOS QUE CREMOS (v.14 -26) “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?”
No capitulo anterior Tiago deixou claro que “somos tentados de acordo com nossa cobiça”. Nosso corpo deseja o prazer e procura satisfazê-lo. Nossa fé nos diz que aquela prática é incorreta e no nosso discurso afirmamos ser incorreto. Aí, então, estamos diante da situação de pecado. O corpo deseja e pede o prazer. A mente diz que é errado, então, entra-se no dilema pessoal: obedecer a Deus ou aos instintos carnais? A prática da fé revelará se tua fé é verdadeira ou apenas uma mentira que você vem praticando durante a tua vida. O fiel agirá de acordo com a sua fé.
Sabemos que não somos salvos pelas boas obras que praticamos e sim pelo desejo de Deus em nos salvar, concretizado na morte e ressurreição de Jesus Cristo. No entanto, um observador desatento dirá que Tiago defende a salvação pelas obras, o que não é o caso. Se isto acontecesse teríamos aqui uma contradição bíblica e o Espírito Santo que inspirou os autores bíblicos teria falhado caso isto fosse verdade.
Tiago defende sim que: “A fé opera juntamente com as suas obras; com efeito, é pelas obras que a fé se consuma”. Tiago não entra no mérito da predestinação, adoção do pecador e da escolha divina. Ele observa a vida prática do crente. Ele ressalta que o crente verdadeiro revelará, em sua vida, a fé que recebeu de Deus. Ele combate os falsos crentes, que dizem que são crentes, parecem crentes, mas a sua prática de vida não revela a sua fé. Tiago os chama de mentirosos e falsos. Diz que se enganam a si mesmos. Para Tiago a fé que o crente tem será revelada ao mundo através da sua prática de vida. Não se trata apenas de fazer boas obras, mas de ter uma prática de vida com obras dignas de um crente verdadeiro.
Ele nos dá um exemplo: “Se um irmão ou uma irmã estiver carecidos de roupa e necessitados de alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem contudo lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?”
Seu exemplo visa revelar a inutilidade da fé de alguém que diz que crê, mas a sua fé não regula a sua prática de vida. Isto é tão inútil quanto despedir o faminto esperando que se sacie sem que tenha recebido o alimento necessário ou que se aqueça sem que tenha recebido o cobertor.
A fé verdadeira se associa à prática de uma vida correta e se revela ao mundo transformadora, bela, necessária e salvadora. Por isso Tiago disse: “A fé, se não tiver obras, por si só está morta”. Ele usa como exemplo a certeza que os demônios têm de que Jesus é o Salvador, porém essa certeza não lhes fará nenhuma diferença, pois o conhecer o Salvador não mudou seu mau comportamento e sua maldade natural e demoníaca. Do mesmo modo, aqueles que dizem que crêem, mas sua prática de vida é pecaminosa e se revela desobediente aos preceitos divinos, sua fé é morta, inútil e enganadora.
Tiago argumento que a fé de Abraão e Raabe se consumou na prática. Abraão conhecia a Deus. Deus lhe prometera que de seu filho Isaque faria uma grande nação. Quando Deus pediu que sacrificasse seu filho Abraão colocou sua fé em prática e não negou o filho. Iria matá-lo crendo que Deus o ressuscitaria das cinzas. Raabe, gentia, ouvira falar do Deus de Israel e crera nele. Quando recebeu os espias os protegeu e colocou sua vida sob risco de morte, pois confiou no Deus de Israel.
A fé destes dois foi usada por Tiago para atestar que eles confirmaram que criam de verdade não apenas porque diziam que criam, mas porque, na hora da provação eles não tiveram dúvida de que sua fé era verdadeira e agiram com base nela. Sua fé se concretizou no ato prático. Eles não somente disseram que criam. Eles mostraram, com ação, que sua fé dirigia as suas vidas. É por isso que Tiago disse: “Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou”. A teoria de Tiago é clara: Fé e obras andam juntas.
Romanos 5.1, diz: “Justificado, pois, pela fé, temos paz com Deus”. Paulo ensina que, quando temos a fé que Deus nos justificou através de Jesus Cristo, nós, então, podemos e teremos a paz com Deus. Já Tiago diz: “Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente”. Tiago não rejeita a justificação pela fé, mas não aceita que uma pessoa se afirme como salva e redimida por Deus e não pratique sua fé, como confirmação da transformação que Deus fez em seu coração. Para Tiago a fé anda junto com a prática cristã verdadeira. Na sua comparação ele diz: “Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta”.
Irmão, a mensagem desse capítulo da carta de Tiago visa nos fazer colocar em prática a nossa fé. Pedro disse que não podemos ser infrutíferos. Jesus contou uma parábola em que a árvore que tendo recebido adubo e tendo sido cuidada e mesmo assim não dava frutos, foi cortada. Deus quer que frutifiquemos e que nossa fé se confirme na prática.
Esse foi o nosso tema: A CONSUMAÇÃO DA NOSSA FÉ NA PRÁTICA RELIGIOSA.
Para confirmar a argumentação de Tiago sobre o tema, revelamos a afirmação bíblica de que:
Nossa fé se consumará QUANDO TRATARMOS TODOS COM IGUALDADE (v.1-11)
Nossa fé se consumará QUANDO NOSSA PRÁTICA FOR IGUAL AO NOSSO DISCURSO (v.12,13) e,
Nossa fé se consumará QUANDO PRATICARMOS AQUILO QUE DIZEMOS QUE CREMOS (v.14 -26)
Seja um crente operoso. Não seja apenas ouvinte, mas um crente praticante da Palavra de Deus, de modo que a tua fé regule o teu discurso e dirija a tua vida para uma prática frutífera e verdadeira.
Deus disse à Abraão: “Sê tu uma bênção”. Ele foi uma bênção, de fato, mas porque a sua fé não ficou apenas nas palavras, mas se tornaram ativas e dominaram os atos dele. Faça o mesmo e seja uma bênção.
CAPÍTULO 3
Às vezes motoristas passam aperto em viagens. Ao abastecer o carro um pequenino cisco cai no tanque. Roda, roda e quando está no pior lugar, mais distante e longe de qualquer socorro, ele cai no lugar onde não poderia ter caído. O carro pifa e motoristas passam aperto. Uma titica de cisco atrapalha a vida e a viagem que demorou tanto para acontecer.
O Rev. Jader Sathler passou em aperto em sua igreja. A bela construção foi invadida pela água de chuva. Fizeram tudo certo na construção, mas um CD foi jogado por garotos e um acabou em cima da boca do cano. A chuva veio. A água encheu a calha e caiu tudo pra dentro da igreja. O forro não agüentou e o prejuízo foi inevitável.
Dei aqui dois exemplos de coisas insignificantes que causaram prejuízos de tempo e de dinheiro. O tamanho do carro em relação ao cisco na gasolina e o tamanho da igreja em relação ao CD na calha são incomparáveis. No entanto o cisco parou o carro e o CD destruiu parte do forro da igreja. O assunto desse capítulo é um pequeno órgão do corpo que quase nunca aparece. A língua é tão pequena, porém faz um estrago tão grande.
Hoje vamos falar sobre OS MALES CAUSADOS PELA LÍNGUA
Precisamos nos comunicar. Podemos fazer isto através de sinais e gestos, mas o mais comum e usado é o uso da fala. O problema na comunicação é que quem fala sabe o que quer dizer, mas diz a outro que nem sempre entende o que é dito do modo como quem fala quer que entenda. E aí o problema se instala. As vezes quem fala está mau ou não pensa no que diz e fala coisas que ferem e as feridas da língua ferem muito mais que as feridas físicas. As cicatrizes da alma podem durar por uma vida inteira.
Em 1º lugar: A LÍNGUA ATRAPALHA A FORMAÇÃO DE LÍDERES – “Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que haveremos de receber maior juízo. Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar é perfeito varão, capaz de refrear também todo o corpo”.
Líderes são necessários em todos os lugares. É necessário que alguém seja o responsável por dar ordens e organizar o ambiente. Até mesmo crianças quando brincam acabam escolhendo um líder que dirige as brincadeiras e decide o que vão fazer.
O líder é o responsável. Em se tratando do âmbito eclesiástico a liderança, além de dirigir as programações, também dirige a vida espiritual dos seus ouvintes e liderados. Todas as vezes que uma pessoa usa a palavra, lê a Bíblia e ora, ela está direcionando a atenção dos ouvintes de modo que a vida espiritual deles é guiada pelo líder.
Não é fácil ser líder, mas tem as suas vantagens. Alguns, por causa das vantagens, a desejam e se fazem líderes. A Bíblia nos diz que toda autoridade é instituída por Deus. Não cabe aos homens tornarem-se líderes por conta própria. É por isso que o texto diz: “Não vos torneis”. O texto diz respeito a se colocar na posição de mestre.
O primeiro aspecto a ser observado é este: você não deve se fazer mestre. Deve se esmerar no aprendizado e usar todos os meios para transmitir teus conhecimentos aos outros. Os outros é que devem reconhecer em você um mestre. Deus confirmará tua posição na Sua Igreja. Será Deus quem dirá, através da igreja se você deve ou não ser considerado um mestre.
Outro aspecto é a posição do “mestre”. Mestre é quem sabe. O problema é que estamos sempre aprendendo e devemos procurar aprender sempre. Aqueles que se intitulam “mestres” deixam de valorizar e procurar o aprendizado. Fecham suas mentes para o saber que vem de “pessoas menos preparadas”. Quem “se” faz mestre se coloca num patamar superior e menospreza os demais irmãos. Na Igreja somos todos iguais. Filhos amados do mesmo Deus e todos pecadores perdoados pela misericórdia e graça de nosso Deus.
O mestre não deve tropeçar na sua fala. O mestre é quem tem o conhecimento perfeito do assunto. O grande problema é que todos tropeçam no falar. Disse que um dos males da língua é que ela atrapalha na formação de líderes porque as pessoas são imperfeitas e acreditam que somente os perfeitos é que podem usar da palavra. Ficam tímidas, temerosas e tremem muito ao terem de falar em público. Esse medo de usar incorretamente a língua os prejudica e impede que se tornem os líderes que a igreja tanto necessita.
A língua atrapalha a formação de novos líderes com a língua ferina dos membros preguiçosos que nunca se dispõe ao trabalho, mas estão sempre prontos a criticar maleficamente aqueles que dão os primeiros passos na liderança. Como todos tropeçamos e estes projetos de líderes também, então são alvos das línguas destruidoras, e por isso, não tendo a estrutura necessária para suportar tantas e tão duras críticas, desistem e a igreja é que sobre por falta de pessoas dispostas a assumir a liderança.
A língua atrapalha quando o líder é arrogante e acha que nunca falhará (“se faz mestre”); atrapalha quando o líder falha e os membros da igreja (“assumindo a posição de mestres”) deixando de agir com misericórdia o criticam de modo destrutivo e, por isso, desanimam aqueles que se dispõe ao trabalho; Ela atrapalha por que, por medo de errar e ser criticado, muitos, antes mesmo de tentar, desistem dos cargos de liderança.
O texto diz que quem deixar de tropeçar no falar se tornará “perfeito varão”. Há poucos mestres exatamente por este detalhe: quem é que não tropeça no falar? Qual dos líderes aprendeu a usar absolutamente correto a sua língua? Como os líderes, vez ou outra, falham no falar, então, mesmo que sejam famosos ainda não se tornaram “varões perfeitos”, pois ainda são falhos no uso da sua língua.
Outro aspecto importante é que “Os mestres sofrerão maior juízo”. Cobra-se mais de quem tem mais e sabe mais. A quem mais é dado, mais lhe é tirado. Não se espera que uma criança cozinhe, mas se na cozinha estiver uma cozinheira experiente não se aceitará que ela erre no tempero. Assim é cobrado dos mestres. A posição de mestre trará juízo sobre as escolhas teológicas assumidas por ele. O modo como trata os outros também é cobrado com mais rigor do que dos crentes comuns.
É por estes aspectos que a língua é um empecilho na formação de liderança. As pessoas não querem errar em público ou temem o juízo ao fazerem escolhas teológicas incorretas e ainda levar sobre si o peso de guiar outros para o erro. Também é um empecilho porque pessoas mal preparadas assumem a posição de mestres, sem serem, e se fecham ao conhecimento, de modo que deixam de aprender lições importantes para sua vida. Deixam de observar que o Mestre Jesus, mesmo sendo Deus, aprendeu a obediência na prática e nunca deixou de observar coisas simples como o comportamento de animais e a beleza das plantas. O verdadeiro mestre sempre será aprendiz.
Em 2º lugar: A LÍNGUA É INDOMÁVEL – “Ora, se pomos freio na boca dos cavalos, para nos obedecerem, também lhes dirigimos o corpo inteiro. Observai, igualmente, os navios que, sendo tão grandes e batidos de rijos ventos, por um pequeníssimo leme são dirigidos por onde queira o impulso do timoneiro. Assim, também a língua, pequeno órgão, se gaba de grandes coisas. Toda espécie de feras, de aves, de répteis e de seres marinhos se doma e tem sido domada pelo gênero humano; a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar”.
A doma de cavalos é uma tarefa dura. Ficar em cima de um cavalo bravo até que ele sucumba à vontade do domador é uma tarefa difícil. O cavalo corre, pula e se debate na tentativa de derrubar o domador que está montado nele. Mas no final, se o domador for bom, ele se cansa e se deixa dominar. Os cavalos são domados.
Os bois têm uma força muito grande, mas mesmo assim são dominados. Os tratadores os prendem quando ainda são jovens e os treinam. Eles crescem sem se revoltarem. Quando estão no auge da sua força eles se deixam dominar por uma criança. Os bois são domados.
Ouvi uma ilustração interessante. Um homem observou o comportamento de elefantes na índia. Eles são enormes e têm uma força descomunal, no entanto o observador percebeu que eles são presos pelos pés a pequenos tocos na rua. Intrigado ele perguntou o por que. A resposta que recebe foi: os elefantes, quando pequenos, são amarrados a árvores enormes. Debatem-se até cansar. Aí eles aprendem que a corda no pé é um obstáculo maior que sua força. Quando crescem e guardam aquela informação na mente, se deixam amarrar em pequenos tocos, sem se rebelar, pois acreditam que não são capazes de se soltarem. Os elefantes enormes e fortes são domados.
Nossa língua nos causa males terríveis por que, ao contrário de cavalos, bois e elefantes ela não se deixa ser domada. Ela é um “animal indomável”. Ela não aceita freios. Ela não gosta de ser dominada por você (que é seu dono) e você mesmo se recusará a aceitar ordens de outros sobre como deve usá-la.
Quando o texto fala da língua não se refere apenas ao órgão língua. Ela trata da comunicação feita com a língua. Exalta o poder da fala e em como nós não dominamos o que falamos e como não aceitamos que outros digam a nós o que devemos ou não dizer. Essa falta de controle no falar, que nos é um grande problema, revela a natureza indomável da língua.
Tiago nos dá dois exemplos. O primeiro é o freio que se coloca na boca dos cavalos e com ele os dominam. O cavalo com o freio na boca se deixa dominar pelo cavaleiro e vai aonde ele o direcionar. Também o navio é guiado pelo leme. O timoneiro vira o leme para onde achar que é melhor e o navio, mesmo sendo enorme, vai exatamente para onde foi guiado. Um leme pequeno é o suficiente para guiá-lo. Já a língua é indomável.
Em 3º lugar: A LÍNGUA É DESTRUIDORA – “Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva! Ora, a língua é fogo; é mundo de iniquidades; a língua está situada entre os membros do de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ele mesma em chamas pelo inferno. É mal incontido, carregado de veneno mortífero”.
Entre julho e setembro é comum vermos reportagens sobre grandes queimadas. Elas destroem as matas e os animais que moram nela. Ela destrói a vida e polui o ar que respiramos. Um aspecto importante sobre as enormes queimadas é que elas são iniciadas com apenas um fósforo. Um único fósforo dá início a tão grande destruição.
Tiago compara a língua a “uma fagulha que põe em brasas tão grande selva!” Quantos problemas históricos foram criados pelo uso da língua. Quantas vidas foram destruídas pelo seu uso. Uma mulher descontrolada afirmou que um casal de idosos, que tinham um colégio, abusava sexualmente de seu filho. A população se revoltou, queimou o colégio do casal e destruiu suas vidas. No final foi comprovado que tudo não passou de um engano. Ô língua! Vidas foram arruinadas por seu uso impensado.
Todos deveriam se conscientizar do grande poder destruidor que têm a nossa língua. Tiago não poupa adjetivos maléficos para a língua para nos deixar conscientes do mal que ela pode trazer à nossa vida e à vida de pessoas a quem podemos atingir com seu uso.
Tiago diz que ela, além de ser “Fogo”, como já dissemos, é “Mundo de iniquidades”. Quando a Bíblia se refere ao iníquo ela diz que ele é alguém absolutamente perdido, sem perdão e mal por natureza. Suas atitudes não visam o bem e sempre visam a destruição do próximo e o seu mal. É como a natureza do iníquo que a Deus compara a língua.
Além da iniquidade natural da língua, Tiago diz que ela “Contamina o corpo inteiro”. É pela boca que as pessoas são envenenadas e com a boca que elas envenenam a vida do próximo. A língua não faz mal somente a ela mesma. Ela destruirá a vida de quem a usa de modo impensado. Ela será danosa para quem a utilizar para o mal. Ela causará grande mal ao próximo, mas também contaminará todo o corpo de quem a utilizou de modo errado.
Ela ainda “Põe em chamas a carreira da existência…”. Quantas pessoas passaram a ser identificadas pelo mau uso da língua. Fofoqueiro, língua grande, falador, mentiroso… são adjetivos que marcam a vida de quem a utiliza mal. A “carreira da existência” é toda manchada pelo falador. Saiba que tua língua pode manchar a tua história e te trazer marcas que perdurarão por toda a tua vida.
Ela também “Se condena ao inferno”. Lembre-se que não estamos falando desse pedaço de músculos que fica na boca, mas do uso que você faz da fala. Com a tua boca você se condena. Tua boca, sendo mal usada, pode te condenar ao juízo terreno e também à condenação eterna.
Outro adjetivo terrível dado à língua é: “Mal incontido, carregado de veneno mortífero”. Já tratamos do modo indomável da língua. Aqui Tiago diz que ela é “mal incontido”. Novamente ele ressalta o descontrole dela, mas vai além. Diz que ela está “carregada de veneno mortífero”. Você nunca beberia o líquido de um franco com uma caveira cortada por dois ossos em cruz. Você saberia na hora que se trata de algo mortal. Essa caverinha deveria ser tatuada na língua de todos os homens. Talvez assim ela seria usada com mais critério e seu veneno mortífero não seria derramado com tanta freqüência. Você viu a malignidade da língua, então, use-a com cuidado.
Em 4º lugar: A LÍNGUA TEM DUAS CARAS – “Com ela bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma só boca procede a bênção e a maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim. Acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso? Acaso, meus irmãos, pode a figueira produzir azeitonas ou a videira figos? Tampouco fonte de água salgada pode dar água doce”.
A pessoa de duas caras é conhecida por sua falsidade. Numa hora ela te trata muito bem, na outra te ignora ou te causa um grande mal sem se importar contigo. As pessoas assim são evitadas. Elas não são dignas de confiança e sempre estão sob suspeita.
Assim deveríamos tratar nossa língua. Ela deveria ser evitada. Deveríamos ser criteriosos no seu uso e falar somente o necessário. Deveríamos nos calar mais e falar menos. Tiago já nos ensinou que deveríamos ser prontos a ouvir e tardios para falar. Sendo assim deveríamos usar a língua o mínimo possível.
Também deveríamos desconfiar dela e sempre a termos sob suspeita. Tem gente que “segue o coração”. Esse é um grande problema porque a Bíblia nos diz que o coração é corrupto e enganoso. A boca fala o que está no coração e se ele é enganoso nós deveríamos desconfiar das motivações de nosso coração e não confiar nos impulsos que movem os nossos lábios.
Desconfie de tua boca, ou da língua, pois ela tem duas caras. Tiago disse: “Com ela bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus”. João nos diz que somos mentirosos quando dizemos que amamos a Deus e deixamos de amar o próximo. Aqui a coisa é pior. Não se trata de apenas deixar de amar, mas de amaldiçoar o próximo que foi feito à imagem e semelhança do próprio Deus. O erro denunciado no texto é o crente que canta louvores a Deus e fala às pessoas do seu grande amor e exaltando os atributos divinos e com a mesma boca, ao sair da igreja, fere o próximo, maltrata e difama o irmão que teve a vida do Filho de Deus dada por ele. Isso é ter duas caras.
O exemplo usado por Tiago é que de uma fonte de água não frui água doce e amarga e que uma árvore não pode dar frutos de outra: Figueiras dão figos e não azeitonas. Mesmo que, por natureza, a língua tenha duas caras esse comportamento não deve ser ignorado. É um mal que deve ser enfrentado com sabedoria e determinação até ser derrotado.
Tiago diz: “Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim”. Da boca do crente deveria sair só coisas boas. Hipocrisia é o nome dado ao uso de máscaras que escondem os erros. As pessoas hipócritas revelam a uns uma máscara de bondade e a outros toda a sua malignidade. O crente não pode ser assim. Isto não nos é conveniente.
Jesus nos ensinou que nossa palavra deve ser “Sim” quando for sim, e “Não” quando for não. Ficar em cima do muro e jogar em dois times não dá. Ou você serve a Deus ou serve a Satanás. Não se deixe dominar pelas duas caras da “língua”. Tome uma posição correta e desconfie das motivações que você terá para falar sobre as pessoas. Cuida de ti mesmo.
Em 5º lugar: A LÍNGUA É REVELADORA. Eu sempre me admirei do milagre da fotografia. Captar a imagem e depois, num quarto escuro, a imagem vir à tona no papel, é um milagre belíssimo. Mas nem sempre a imagem que é revelada agrada. As vezes uma boca aberta, um dedo no lugar errado ou uma olhada para o lado pode inutilizar uma bela foto.
O uso da nossa língua é revelador. Ela revela a nossa sabedoria ou o quanto somos desprovidos dela. Primeiro Tiago nos ensina que a nossa sabedoria será comprovada com o uso da língua: “Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras. A sabedoria lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz”.
Já dissemos no estudo anterior que a preocupação de Tiago não é teológica, mas prática. Ela exige que o crente se revele na prática religiosa. Aqui, novamente, ele exige que nossa sabedoria seja revelada no nosso dia a dia e nas nossas reações e atitudes.
Quais seriam essas atitudes sábias?
a) Mansidão – Ser manso não é algo natural ao ser humano. A mansidão é aprendida. É fruto do Espírito Santo no crente. Sabemos que o“Temor do Senhor é o princípio da sabedoria”. Se tememos a Deus é porque ele já agiu em nós e nos vivificou e nos salvou. Sendo assim, o Seu Espírito já atua em nós. O natural, então, é que demonstremos esse temor a Deus através do fruto do Espírito, chamado mansidão, na prática diária. Este comportamento revela a tua sabedoria.
b) Condigno Proceder – Paulo fez o mesmo que Tiago ao nos alertar que nosso agir deve ser condizente com nossa condição espiritual. Nosso procedimento na prática deve refletir a nossa fé. E o uso de nossa língua, ou seja, o nosso falar revelará se somos sábios ou não. Nossa prática de vida revelará o que há no nosso coração.
Tiago revela que a sabedoria do alto é: pura, pacífica, indulgente, tratável, misericordiosa, cheia de bons frutos, imparcial e sem fingimento.
Por outro lado o uso da língua revelará a ausência da sabedoria: “Se, pelo contrário, tende em vosso coração inveja amargurada e sentimentos facciosos, não vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade. Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca, pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins”.
Novamente ele lista duas marcas da falta de sabedoria:
a) Inveja amargurada – Inveja é desejar o que o outro tem. Aqui Tiago usa inveja amargurada que parece ser ainda pior. Acredito se tratar de pessoas derrotadas em seus projetos pessoais que passam a viver a vida do próximo e a cobiçar as vitórias delas de modo doentio. Vivem amargurados com a vida e nunca se satisfazem com o que possuem.
b) Sentimentos facciosos – Este é o separatista. Seu prazer está em dividir sempre. Em fazer com que pessoas amigas se afastem e se tornem inimigas. Esse sentimento é maligno e tem de ser rejeitado. Deus nos uniu através de Jesus Cristo. Somos inseridos por Deus numa Igreja formada por pessoas de diferentes raças, classes sociais e níveis de escolaridades. O sentimento faccioso causará o caos na igreja e revelará a total falta de sabedoria de quem o guarda no coração. Tiago diz a quem possui tal sentimento: “Não se glorie disso, nem mintais contra a verdade”.
O primeiro passo é não se gloriar de ter tais sentimentos facciosos no coração. Há pessoas que se assumem “sanguíneos” e prontos para a briga. Até mesmo se gloriam de ser assim. Deus os mandaria para o banco da escola divina para que aprendam a dominarem-se a si mesmos. De mesmo modo enviaria os facciosos que gostam de fazer intrigas e separações, causando mal à igreja, e ainda assim “se gloriando” quando as divisões provocadas acontecem. Isto é triste, mas infelizmente dentro das igrejas esta é uma triste realidade. É a semente satânica que permanece nos corações de muitos e causa a destruição da paz da igreja.
Mas, além de não se gloriar em ser faccioso, também é necessário “Nem mintais contra a verdade”. O texto bíblico revela que procuramos esconder tais sentimentos em nosso coração e até com certo prazer em possuí-los. Tiago nos induz a assumirmos o mal contido em nós. Não podemos aceitar o mal em nós e não podemos ocultá-lo. É como deixar que o câncer descoberto fique sem tratamento. Ele te matará. Não minta contra a verdade, assuma o mal dentre de ti e busque ajuda para tratá-lo.
O texto revela ainda que “Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca, pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins”. Estes são sentimentos maus que herdamos de nossa natureza caída. Eles são sentimentos demoníacos alimentados pela natureza rebelde e má. Devem ser combatidos e de modo algum aceitos como naturais e aceitáveis.
Tua fala dirá quem você é: se sábio ou se néscio. Assuma a tua posição nesta batalha e lute contra os maus sentimentos e desejos que há dentro de você. Tua língua indomada tem de ser dominada. É possível bendizer a Deus e fazer o bem com ela, mas ela tem de ser vigiada em todo tempo. Seja sábio e domine a tua língua.
O objetivo de Tiago ao abordar este assunto é nos alertar sobre os males no uso de nossa língua. Tomemos, pois, muito cuidado com o seu uso. Sabendo que ela pode nos fazer mal devemos ser criteriosos e muito cuidadosos na escolha das palavras e assuntos que vamos tratar. Com toda certeza os frutos bons aparecerão na igreja e na vida de quem usa bem a sua língua. Vamos vencê-la, dominando-a e obrigando-a a fazer somente o bem.
Neste estudo tratamos sobre OS MALES CAUSADOS PELA LÍNGUA. Vimos que:
– A LÍNGUA ATRAPALHA A FORMAÇÃO DE LÍDERES;
– A LÍNGUA É INDOMÁVEL;
– A LÍNGUA É DESTRUIDORA;
– A LÍNGUA TEM DUAS CARAS; e,
– A LÍNGUA É REVELADORA.
Seja o senhor do teu corpo. É você quem manda nele e não o contrário. Aprenda na Palavra de Deus qual deve ser o seu modo de agir e aja de acordo com a vontade de Deus. Não se deixe dominar pelo mal, mas vença o mal com o bem. No uso da tua língua revele que você, temendo a Deus, tornou-se sábio, então, tendo dominado a tua língua, Deus o usará em Sua Igreja como um “Mestre” sábio e útil.
Que Deus o abençoe!
Um método não muito antigo de demolição é a implosão. Antes só se usava a explosão, mas ela era muito perigosa, pois se corria o risco de ferir pessoas ao lançar destroços à longa distância. Ao contrário da explosão, a implosão despeja os destroços sobre ela mesma. Assim fere somente a ela mesma.
Tiago não trata sobre explosão ou implosão. Trata de um tipo incômodo de problema que age como a implosão. São as contendas dentro da igreja. Seus efeitos são como a implosão, pois caem sobre os próprios membros que sofrem com os males da queda.
Trataremos sobre A ORIGEM DAS CONTENDAS.
Tiago inicia o capítulo quarto com uma pergunta retórica: “De onde procedem guerras e contendas que há entre vós?”
A 1ª resposta: PROCEDEM DA COBIÇA DOS PRAZERES DA CARNE – “Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras”.
A cobiça é o desejo desmedido pelo poder, dinheiro, bens materiais e glórias. É a obstinação intensa para se conseguir algo. É uma ambição natural do ser humano que põe em risco grandes amizades e até mesmo bons relacionamentos entre irmãos.
Tiago diz que a cobiça é fruto “dos prazeres que militam na nossa carne”. Os crentes devem deixar de ser românticos quando tratam de si mesmos. Muitos falam de si como se já tivessem alcançado um grau de santidade elevado e, por isso, se acham quase perfeitos. Isto não é correto. A Bíblia é farta de textos, como este, que revela o mal contido em nossa natureza. Nosso ser nasce contaminado e deve permanecer sob suspeita. Tiago revela que os prazeres de nossa carne, ou seja, “nossa cobiça” (1.14) nos faz desejar os prazeres do mundo e praticá-los com alegria.
O cobiçoso deseja muito ter algo. Tiago diz que os crentes não têm “porque não pedem”. Muitos tentam conquistar seus bens com sua própria força e não pedem a Deus. Tiago já disse que quem quer sabedoria deve pedir a Deus e que Ele a dá liberalmente. A primeira lição dada por Tiago é que nosso desejo deve ser colocado no altar do Senhor. Devemos depositar aos pés do Senhor nossos planos e projetos pessoais.
Outro aspecto importante é que Deus não dá ao que pede com o propósito de satisfazer seus prazeres carnais. Observe o texto: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres”.
1 Coríntios 14.12, confirma o pensamento de Tiago. Diz: “Visto que desejais dons espirituais, procurai progredir para a edificação da igreja”. A idéia é a mesma. Deus só atende aos pedidos que Lhe são feitos se a resposta destes pedidos fizer bem à igreja, ao seu povo. Deus não dará nada a alguém para que se sinta superior ou alimente o seu orgulho pessoal. Quem quer o que Deus tem para dar tem de pensar primeiro no próximo caso contrário nada receberá da parte de Deus.
O mundo tem muitos prazeres a oferecer. O inimigo de nossa alma os oferece com fartura para que as pessoas se embriaguem com eles e se esqueçam de Deus. Tiago nos avisa que cobiçar as coisas deste mundo é se fazer inimigo de Deus. Como os prazeres do mundo militam contra Deus o associar-se a eles é o mesmo que tomar posição ao lado do exército das trevas, contra Deus. Tiago disse: “Infiéis (ou adúlteros), não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”.
O sentimento do Espírito Santo é aqui comparado ao sentimento conjugal: Ciúme. Ciúme é algo muito ruim quando doentio e exagerado, mas quando se trata da proteção e cuidado é algo necessário. Esse cuidado e proteção são observados no texto: “Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós?”
Imagine um homem ser traído por sua esposa diante de seus olhos? A reação seria de extrema dor e tristeza. Com certezas sua reação seria violenta. É o mesmo que acontece aos crentes que pecam na presença santa de Deus. Seu Espírito presencia a traição (a prática do pecado) sofre e com certeza reagirá de modo contrário ao crente que, tendo sido alvo da imensa graça de Deus voltou a experimentar a podridão dos prazeres das trevas.
A cobiça está ligada à soberba. A soberba é a altivez daqueles que se exaltam a uma posição superior aos demais. Para manter-se nesta posição ele precisa ter elementos que lhe dão segurança. A estes Deus abate. Veja o que Tiago disse: “Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”.
Cobiça foi o primeiro elemento usado por Tiago como causador das contendas dentro da igreja. O cobiçoso não se satisfaz com o que possui e deseja o que é do próximo, além disso, ele não busca o bem da igreja, mas sim experimentar os prazeres da carne. A prática desses prazeres causará muito mal à igreja. Será como a inserção de doses de veneno na saúde espiritual da igreja. Não demorará muito e essa cobiça se revelará destruidora.
Sendo tão má, a cobiça tem de ser tratada. Como tratar a cobiça e seus efeitos? Tiago responde:
- a) “Sujeitai-vos, portanto, a Deus” – Abandonar a sujeição aos desejos carnais e se sujeitar a Deus é o primeiro passo. Todo crente deve conhecer qual é a vontade de Deus para sua vida e obedecer. Deve rejeitar seus desejos, pois o coração humano é enganoso.
- b) Deve “Resistir ao Diabo, e ele fugirá de vós” – Diabo não se amarra. Resiste-se e foge dele. Várias serão as situações em que estaremos expostos ao pecado. Nesses momentos descobriremos o quanto naturalmente desejamos praticá-lo. Satanás sabe direitinho quais são as “pedras” que deve colocar diante de nós para tropeçarmos, pois somos tentados naquilo que gostamos. Então, o tratamento contra a cobiça é resistir.
Gordinhos fazem regime na tentativa de emagrecer. É duro deixar de comer as coisas gostosas que estão diante da gente, mas quem quer emagrecer tem de resistir à vontade natural de comer. Assim é que resistimos a Satanás. Não nos entregamos aos nossos desejos, assim ele, derrotado, foge de nós.
- c) Não basta afastar o diabo de tua vida. É preciso se aproximar de Deus: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros”. O garoto magrinho se sente seguro quando está ao lado do amigo fortão. Assim também será conosco quando estivermos na presença de Deus. Íntimos dEle e ao Seu lado, nos sentiremos seguros contra o inimigo e mais motivados a não nos deixarmos dominar pela cobiça dos desejos carnais.
- d) Deus não habita em casa suja. Então devemos: “Purificar as mãos, pecadores e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração”. Os desejos insistirão em continuar lá. Teremos então, que fazer uma faxina em nossas mãos e coração. Devemos tirar de nosso coração qualquer resquício do desejo das coisas do mundo e no lugar dele colocar o prazer de obedecer a Deus.
- e) O tratamento da cobiça exige mais: “Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto e a vossa alegria em tristeza”. Será necessário um tratamento de choque. Você precisa lutar contra os teus instintos naturais. Terá de passar a ver a ti mesmo como teu pior inimigo. E aí, deve recusar o prazer do pecado. Deve sentir nojo por ter desejado algo que Deus abomina.
Esta será uma tarefa difícil. Haverá choro, lamento e muita dor. Ninguém anda no caminho da santidade sem luta. Há uma verdadeira guerra espiritual. Há duas forças que lutam dentro do teu ser. Se afligires a tua alma para que ela obedeça ao Senhor, então vencerás a cobiça. Se optares pelo mundo a tua derrota é certa.
- f) O último elemento no tratamento da cobiça é: “Humilhai-vos na presença do Senhor e ele vos exaltará”. Se você se humilhar na presença do Senhor você conseguirá vencer a cobiça. O cobiçoso se exalta para obter o que deseja. O humilde busca satisfazer ao seu Senhor. A vitória está em se submeter à vontade santa de Deus. Desse modo vencerás a cobiça e tua igreja estará livre das contendas causadas por ela.
“De onde procedem guerras e contendas que há entre vós?” PROCEDEM DOS JULGAMENTOS SEM MISERICÓRDIA – “Irmãos, não faleis mal uns dos outros”.
A primeira questão levantada por Tiago é o “Falar mal do irmão”. Quantas contendas surgem por isso. Quantos irmãos não impedem a língua de despejar seu veneno mortal contra a vida do irmão. Qual o bem pode advir do falar mal do teu irmão? Nenhum! Somente derrotas nos relacionamentos e mais contendas na igreja.
Todos deveriam pensar assim: se tenho algo de mal sobre alguém não adianta falar sobre ele para outros. Ninguém pode corrigir a vida alheia. Cada um tem de reconhecer suas falhas e tentar corrigi-las. Então, caso tenha algo contra alguém, terás de ir a ele e falar-lhe sobre suas faltas ou comportamentos inaceitáveis. Somente assim ele poderá se corrigir.
Outra questão é que, além de falar mal do irmão, muitos ainda julgam e condenam o irmão sem dar-lhe a chance de se defender e se corrigir. Agem como se eles mesmos não merecessem ser condenados por seus pecados. A questão é que quem julga o próximo se acha superior à justiça divina. Torna-se justiceiro: “Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei”.
Quem faz julgamento da vida alheia se coloca no lugar de Deus: “Ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz”. E só existe Um que tem poder para julgar: “Um só é Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e fazer perecer”. Somente Deus pode julgar. Pode julgar também aqueles que são Seus ministros, pois Deus institui autoridades para julgar em Seu nome.
Que autoridade e poder de condenação têm você para julgar? Quem te colocou no posto de juiz de teus irmãos?“Tu, porém, quem és, que julgas o próximo?” Na igreja temos os pastores e os presbíteros que são os responsáveis para, em nome de Deus e sob sua autoridade, fazer os devidos julgamentos. Mas, mesmo estes homens, fora do fórum apropriado de julgamento, estão inaptos e proibidos de expor suas opiniões e julgamentos.
Quem como pessoa poderia julgar e condenar quem quer que seja? Ninguém. Nem juiz, nem pastor, nem presbítero e muito menos os irmãos. Sendo assim deveríamos aprender esta lição e nos calarmos na hora em que formos tentados a expor nossos julgamentos. Se os julgamentos indevidos acabassem dentro da Igreja as contendas também acabariam, pois este é um item das causas das contendas no seio da igreja.
“De onde procedem guerras e contendas que há entre vós?” PROCECEM DA JACTÂNCIA INDIVIDUALISTA – “Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna”.
Jactância é a ação ou hábito de se gabar. É o altivo que julga que não precisa de ninguém e age como se fosse alto suficiente. Sua auto-suficiência diz respeito às pessoas e a Deus.
Alguns sinônimos de jactância são: arrogância, aparatoso, espalhafatoso, ostentação, vaidade, vanglória e outros que dizem respeito à vaidade pessoal.
Analise o comportamento de cada um desses adjetivos e verá o grande mal que trarão à igreja. A jactância fará com que a pessoa se destaque dos outros e se afaste de Deus. Esse só se aproximará dos demais para se vangloriar das suas conquistas ou para usar os irmãos como degraus para novas conquistas pessoais.
Tiago chama a atenção para a jactância nos projetos pessoais que excluem a dependência de Deus: “Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros”.
Como alguém poderá dizer com certeza o que fará amanhã e se terá ou não lucro no seu empreendimento? Esta afirmação é orgulhosa e exclui a dependência de Deus e age como se Deus não controlasse os acontecimentos e sim o jactancioso.
Tiago chama a atenção para a falta de controle sobre o amanhã. Diz: “Vós não sabeis o que sucederá amanhã”. Astrologia, cartomancia, quiromancia, búzios e todo tipo de adivinhações são proibidos e os adivinhos não entrarão no céu. Tentar controlar o futuro é desconfiar do cuidado e do controle de Deus sobre a história humana. Nenhum homem, por mais rico e importante que seja, pode decidir sobre o amanhã. Por que, então, tanta jactância?
A seguir Tiago expõe a nossa limitação, fragilidade e incapacidade de fazer cumprir qualquer de nossas próprias decisões. “Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instantes e logo se dissipa”. O Salmo 90 traz à luz a eternidade de Deus em oposição à transitoriedade da vida humana. No salmo somos comparados a frágeis ervas que nascem e logo morrem. Tiago nos compara à névoa, que basta o sol aparecer, logo se dissipa e some.
Para vencer a jactância todos deveríamos exercitar a dependência de Deus. Tiago nos induz a dizer com convicção: “Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo”. Não acredito que Tiago nos induz a dizer apenas da boca para fora esta frase, como se fosse uma reza, mas a dizermos com a convicção de que o nosso amanhã pertence a Deus e as coisas vão acontecer exatamente do modo como Deus decidir. Esse comportamento é essencial para derrotar nossa jactância natural.
O filme: “O Todo Poderoso” fala da estória de um homem que achava que Deus errara em sua vida. Aos seus olhos tudo o que Deus fizera na sua vida estava errado e que, caso estivesse no lugar de Deus faria tudo diferente e correto. Na trama do filme, Deus dá a ele o poder de controlar os acontecimentos. A personagem faz um monte de besteiras até chegar à conclusão de que o melhor é deixar Deus decidir sua vida. Só Deus é quem sabe o que faz.
Tentar controlar o amanhã é pecado. É desejar o lugar de Deus. “Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna”. Adão e Eva experimentaram esse sentimento. Desejaram experimentar o que lhes fora vetado por Deus. Sua jactância fez muito mal à humanidade, assim como fazem os jactanciosos no seio da igreja.
Em lugar de tentar decidir sobre o futuro desconhecido todos deveríamos procurar cumprir as obrigações que já nos são conhecidas: “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não faz nisso está pecando”. Para que gastar tempo e forças para conhecer o desconhecido se as coisas reveladas e que cumpre-nos executar já são conhecidas e muitas das tarefas não são executadas?
Sabemos o que deveríamos fazer, então, cabe a cada um de nós, pelo bem da igreja e de nossa vida, praticar o bem que sabemos ser nossa obrigação. Desse modo a igreja não sofrerá com as contendas tão constantes na igreja causadas pela jactância individualista que faz com que ajamos como se não dependêssemos de Deus e dos nossos irmãos. Sozinhos não somos nada!
Para concluir quero lembrar a questão levanta por Tiago: “De onde procedem guerras e contendas que há entre vós?”. Baseado nesta pergunta tratamos sobre A ORIGEM DAS CONTENDAS. Descobrimos, no estudo do texto, que as contendas…
- a) PROCEDEM DA COBIÇA DOS PRAZERES DA CARNE;
- b) PROCEDEM DOS JULGAMENTOS ALHEIOS SEM MISERICÓRDIA;e,
- c) PROCEDEM DA JACTÂNCIA INDIVIDUALISTA.
As contendas que surgem dentro das igrejas podem e devem ser evitadas. Sua origem está dentro de nós. O mal não é externo, é interno. Se nos tratarmos as contendas findarão. Então, a partir de hoje, cumpra o preceito bíblico:“Se depender de vós, tende paz com todos os homens”.
Que haja paz na Igreja do nosso Senhor Jesus Cristo e na tua vida, meu irmão. Deus te abençoe!
A MANEIRA COMO ADQUIRIMOS BENS
CAPÍTULO 5.1-11
Os homens enfrentam uma grave crise quando se trata de dinheiro. A medida do interesse nunca se enche e não há satisfeitos com o tanto que possuem. Com isto quem tem muito continua investindo para ter mais para poder gastar ainda mais. Quem não tem nada deseja o que os outros têm e, mesmo que consiga algo, também não ficará satisfeito.
Tiago, quase no fim de sua carta, entrou neste assunto. Ele tocou no calcanhar de Aquiles da humanidade. Sua última oração, no capitulo anterior foi: “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não faz nisto está pecando”. Ai, então, ele tocou no bolso dos seus leitores. Para se fazer o bem às pessoas é necessário gastar dinheiro.
Um erro enorme é achar que falar de dinheiro é tocar apenas nos ricos. Tiago mostra que não, pois o rico egoísta e desonesto erra no seu modo de adquirir seus bens e o pobre desejoso de possuir o que o rico tem também erra quando, querendo fazer justiça, aplica meios desonestos para adquirir os bens que deseja ter.
Provérbios 13.11, diz: “Os bens que facilmente se ganham, esses diminuem, mas o que ajunta à força do trabalho, terá aumento”. É bom saber que os bens úteis e duráveis são aqueles frutos do teu trabalho que você conhece sua origem honesta e os adquiriu passo a passo. Quando tiver o bastante não se sentirá por cima de ninguém, pois você conhecerá o duro caminho até obtê-los.
Neste estudo trataremos sobre:
O MODO COMO ADQUIRIMOS OS NOSSOS BENS.
Em primeiro lugar veremos que OS BENS QUE OS RICOS ADQUIREM DESONESTAMENTE LHES FARÃO MAL.
Vivemos num reality show em que nossa vida é observada diariamente. As pessoas nos observam e estão atentas ao nosso crescimento financeiro. No mundo espiritual não é diferente. Satanás e seus demônios nos observam e desejam, constantemente, a nossa queda. Deus nos observa e espera ver em nós atitudes corretas, honestas e dignas daqueles que foram alvos do Seu amor infinito. Ele deseja que nossas atitudes em relação ao próximo reflitam o amor que nós recebemos dEle.
Deus cobrará dos desonestos e trará desventuras para suas vidas por causa do modo como adquiriram seus bens. Veja o que Tiago disse:“Atendei, agora, ricos, chorai lamentando, por causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão”.
Tiago faz uma afirmação quanto as desventuras na vida do rico desonesto. Tiago não se refere a todos os ricos, mas aqueles que desonestamente e injustamente adquiriram seus bens. Ele afirma que Deus não lhes deixará impune. Desventuras virão e lhes farão muito mal.
Provérbios 11.24b e 15.27a, diz: “Ao que retém mais do que é justo, ser-lhe-á em pura perda” e “O que é ávido por lucro desonesto transtorna a sua casa”. O sábio deixa claro que quem adquire desonestamente os seus bens atrairá para si e para sua família desventuras sem fim. Todos os que ajuntam mais do que necessitam acabam tirando algo de outro que necessita. O que sobra em tua mesa é o que falta na mesa de outros.
Os bens mal adquiridos trarão malefícios: “As vossas riquezas estão corruptas, e as vossas roupagens, comidas de traça; o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugens, e a sua ferrugem há de ser por testemunho contra vós mesmos e há de devorar, como fogo, as vossas carnes”.
Eclesiastes diz que a riqueza do desonesto não o deixa dormir. Ao contrário, o Salmo 4 revela uma grande bênção de quem leva sua vida honestamente: “Em paz me deito e logo pego no sono, porque só tu, Senhor, me fazes repousar seguro”.
Quem adquire bens desonestamente não poderá dormir tranquilo porque imaginará que outros farão o mesmo com os seus bens. Até mesmo quando dormem tranquilos isto lhes será para seu mal: “Sua impressão de bem estar os leva à perdição” (Pv 1.32) e “As suas iniquidades o prenderão…” (Pv 5.21-23).
Bens conseguidos com “esperteza” sobre os desavisados ou indefesos atrairão a justiça do alto. Talvez você, leitor, se sinta seguro porque não é rico e imagina que esta mensagem não se aplica a você. Você está enganado. Todos, em algum momento, pagarão pelo serviço de alguém. O salário baixo pago à empregada doméstica ou à pessoa que cuida do teu filho, ou ao eletricista que fez um serviço em tua casa, caso eles não recebam o justo pelo seu serviço você estará na posição do rico que tira do pobre o seu sustento. É bom citar Provérbios 11.1, que diz: “Balança enganosa é abominação para o Senhor”.
Outro julga ter feito um ótimo negócio porque comprou a casa de uma pessoa que estava desesperada para salvar a vida de seus filhos vítima de bandidos e por isso vendeu a casa pela metade do preço. Não julgue que você fez um bom negócio, pois sabendo o preço justo, e tendo pago pela casa muito menos do que o valor de mercado, aproveitando a situação, saiba que você roubou daquela pessoa e Deus, tendo visto isto, cobrará de ti cada centavo que você deixou de pagar.
Quando fores pagar pelo serviço de alguém você deve aplicar o princípio cristão de fazer ao próximo o que gostaria que fizessem a ti, ou seja, pague ao próximo pelo seu serviço o quanto você mesmo gostaria de receber caso você fosse o trabalhador que trabalha para ti. Sendo justo você não transformará os teus bens adquiridos em maldição para tua vida.
Veja o que Tiago disse a este respeito: “Tesouros acumulastes nos últimos dias. Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos”. É duro ouvir isto, mas é verdade. O trabalhador faz seu serviço para ti e espera receber. Deixar de pagar ou pagar menos que o justo é roubar dos menos favorecidos e isto lhe exporá ao juízo divino.
O Salmo 12.51, diz: “Por causa da opressão dos pobres e do gemido dos necessitados, eu me levantarei agora, diz o Senhor; e porei a salvo a quem por isso suspira”. Provérbios 22.22,23, confirma o comportamento divino: “Não roubes ao pobre, porque é pobre, nem oprimas em juízo ao aflito, porque o Senhor defenderá a causa deles e tirará a vida aos que os despojam”. E diz mais: (Pv 14.31 e 17.5) “O que oprime o pobre insulta aquele que o criou, mas a este honra o que se compadece do necessitado”.
Viver no luxo sem se importar com aqueles que vivem no lixo é pecado. É ser injusto e apoiar a injustiça social. É associar-se ao sistema capitalista desonesto que faz o rico cada vez mais rico e o pobre cada vez mais pobre. Não pense você que Deus não verá e não te julgará por causa desta situação injusta e desonesta.
Preocupado com esta situação, Tiago disse: “Tendes vivido regaladamente sobre a terra; tendes vivido nos prazeres; tendes engordado o vosso coração, em dia de matança; tendes condenado e matado o justo, sem que ele vos faça resistência”.
Você já parou para pensar no quanto de alimento jogamos fora em nossas festas? Quanto bolo e pedaços de carne assada vão para o lixo ou ficam secando na brasa até não servir mais para nada? Esse alimento jogado no lixo seria um banquete para muitos. Há milhares de pessoas que não têm o básico para comer. Porque não servir menos e levar a carne que sobrou para pessoas carentes para que tenham o que comer?
Vi isso dentro da minha casa e me serviu de lição. Minha mãe havia feito muita comida para receber um grupo de pessoas em casa. O grupo foi menor do que o esperado. Ela serviu e sobrou muito. Ela me pediu para ir à casa de vizinhos pobres e perguntar se eles aceitariam a nossa comida. A resposta foi afirmativa. Levamos tudo para sua casa. Comeram, fartaram-se e louvaram a Deus pelo alimento recebido. Essa atitude é o que devíamos fazer sempre, pois esbanjar e jogar no lixo o que falta na mesa do necessitado é pecado e Deus, que vê isto, cobrará caro.
Pare para pensar e veja se está correta a tua gastança. Você gasta uma fortuna com carros. Gasta rios de dinheiro com roupas e calçados luxuosos. Desperdiça o dinheiro, gastando dissolutamente, sendo que este dinheiro está fazendo falta na mesa de tantos necessitados. Porque não levar uma vida mais simples e melhorar a vida de quem não tem nada?
Saiba que (Pv 28.27) “O que dá ao pobre não terá falta, mas o que dele esconde os olhos será cumulado de maldições”. Quando você se importa com o próximo e socorre o necessitado Deus vê e abre as portas dos céus e faz de você uma pessoa ainda mais abençoada e abastada. No entanto, o contrário é verdadeiro, pois quando você se nega a pensar na necessidade alheia e se justifica por possuir o que tem e acha justo que o necessitado padeça da falta das coisas básicas, você receberá do Senhor maldições por ter um coração tão duro e insensível.
Em segundo lugar veremos que Tiago direciona sua atenção para o outro lado. Ele acabou de mostrar que a riqueza que os ricos adquiriram injusta e desonestamente é alvo do juízo de Deus. Agora ele mira sua atenção para os pobres que se julgam injustiçados e correm o risco de fazer injustiça e sofrer penalidades por agir assim.
A JUSTIÇA DESONESTA DO POBRE TAMBÉM TRARÁ JUÍZO
Vivemos tempos de refrigério. A inflação está dominada. Não é como acontecia anos atrás que a inflação chegava a 80% ao mês. Mas, mesmo controlada, ainda existe. Por esta causa é necessário que anualmente se faça uma correção no salário dos trabalhadores e todos estes esperam por ela.
Quando a esperada correção salarial não chega o trabalhador se entristece e corre atrás dos seus direitos. Isto é legal e correto. Defendendo seus direitos ele apenas exigirá que receba o salário devido. O problema é a forma como é feita essa pressão nos patrões. Por causa da injustiça sofrida os empregados acabam cometendo outra injustiça com aqueles que dependem do seu trabalho.
O modo de conseguir seus direitos é a greve. Pare para pensar e perceba quais são as pessoas que sofrem as penalidades da greve. Veja, por exemplo, quando bombeiros, médicos, garis, policiais e professores entram em greve. A fogo destruirá a casa de muitos; pessoas ficarão horas à espera de atendimento e muitos morrerão; sujeira se acumulará nas ruas e muitos ficarão doentes, além do mal cheiro que tomará conta das ruas; bandidos invadirão casas de pessoas honestas e trarão prejuízos, medo e traumas; milhares de crianças deixarão de aprender e serão prejudicados no ano letivo. Viu? O patrão não perderá nada, mas os mais necessitados é que sofrerão o dano por causa da exigência do pobre que se julga no direito de prejudicar outros porque ele foi prejudicado na ausência do aumento no seu salário.
Com certeza existem outros modos de fazer pressão para conquistar melhores salários. Serviços bem feitos e uma alta produtividade, por exemplo, fazem com que patrões valorizem seus empregados. Bons empregados farão falta se migrarem para empresas concorrentes. Você, conhecendo o teu valor, deverá ir, cara a cara, e expor tua necessidade ao chefe. Isto é o que ensina Provérbios 25.9,10 – “Pleiteie a tua causa diretamente com o teu próximo”. Caso todas as tentativas falhem, por que não arrumar outro emprego melhor? É melhor agir assim do que praticar a injustiça prejudicando pessoas que não tem nada a ver com teu salário.
A vítima de injustiça, sendo um crente e servo de Deus, deve ser paciente e não fazer justiça tirando desonestamente o que pensa ser o seu direito. Quando o justo age injustamente ele perde o seu direito e se torna réu da situação. É o que se vê quando grevistas se acham no direito de fazer baderna e destruir bens de outros se justificando que estão apenas protestando e defendendo os seus direitos.
Tiago disse: “Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor”. Sendo crentes, sabendo que somos filhos de Deus e sabendo que ele se importa conosco, devemos ser pacientes. Esta paciência será fruto da confiança de que Deus fará justiça e não deixará que seus filhos sofram, por muito tempo, nas mãos de pessoas ímpias.
Tiago usa o exemplo do lavrador para mostrar como deve ser nossa paciência: “Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima”.
Pense nesta situação: o lavrador prepara a terra, planta a semente e o que mais pode fazer? Nada, a não ser esperar e confiar no cuidado divino. As chuvas não são controladas pelos agricultores e sim por Deus. Esse exemplo nos faz pensar que, do mesmo modo, devemos colocar as situações desagradáveis e injustas nas mãos de Deus e orar para que Deus faça justiça.
Cuidado: Orar para que Deus faça justiça não é exigir a punição daquele que foi injusto conosco. A justiça de Deus é diferente da nossa. Para fazer justiça aos que o rejeitavam (nós) Deus matou o seu próprio Filho. Veja que os caminhos divinos se diferem muito dos nossos e Sua justiça é aplicada de modo absolutamente diferente dos nossos.
Somos induzidos a fortalecer o coração na esperança da justiça de Cristo. Quando o Senhor voltar ele fará justiça. Nenhum ímpio ficará impune. Todos os injustos sofrerão a pena por sua injustiça.
Provérbios 16.1-6, diz: “O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor. Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o espírito. Confia ao Senhor as tuas obras e os teus desígnios serão estabelecidos. O Senhor fez todas as coisas para determinado fins e até o perverso, para o dia da calamidade. Abominável é ao Senhor todo arrogante de coração; é evidente que não ficará impune. Pela misericórdia e pela verdade, se expia a culpa, e pelo temor do Senhor os homens evitam o mal”.
Se você está sofrendo algum tipo de injustiça e se sente roubado nos seus direitos cuidado com o que pretende fazer para alcançar os teus direitos. Teu coração pode planejar, mas a resposta dependerá de Deus. Teus caminhos podem parecer puros e corretos, mas o coração humano é enganoso e corrupto, então não confie nele. Confia ao Senhor todos os teus caminhos. Coloque tua causa no altar do Senhor, dê os passos necessários e espere confiante pela resposta divina.
Cuidado para que não venhas a pecar na busca pelos teus direitos. Queixas e ações horizontais fazem do justo um réu. Veja o que Tiago diz:“Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados”. Quando julgamos aos outros nós nos colocamos na posição de juízes e acabamos atraindo juízo sobre nós mesmos. O justiceiro toma o lugar do verdadeiro Juiz: “Eis que o juiz está às portas”. Confie que o Juiz de verdade fará justiça.
Tiago oferece outro modelo de paciência: “Irmãos, tomai por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais falaram em nome do Senhor”. Se observarmos a vida e o ministério dos profetas veremos o quanto as pessoas foram injustas com eles. Muitos foram presos, lançados em cisternas, amarrados em troncos. Isto lhes aconteceu enquanto trabalhavam para Deus. Eles faziam o trabalho corretamente e mesmo assim foram injustiçados. Hoje são valorizados, mas enquanto viveram sofreram muito na defesa da verdade.
Tiago revela que os perseverantes serão bem-aventurados: “Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes”. Saiba, leitor, que ser verdadeiro e honesto não é garantia de segurança e bem estar. Tiago usou o exemplo do agricultor que espera pelas chuvas, mas elas podem não vir e a colheita ser perdida, mas mesmo assim não podem deixar de confiar em Deus. Outro exemplo foi o dos profetas. Muitos morreram na esperança sem ver suas profecias cumpridas e sofreram muitas injustiças mesmo fazendo seu trabalho de modo fiel, responsável e honesto.
No entanto, os perseverantes e pacientes serão recompensados, é o que Tiago garante: “Tendes ouvido da paciência de Jó e viste que fim o Senhor lhe deu? Porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo”. Ele usa, agora, o exemplo de Jó. Jó era justo, íntegro e se desviava do mal, mantendo sua família sob o temor do Senhor e mesmo assim foi vítima do inimigo, sob a anuência de Deus. Foi fiel até o final. Perseverou na sua fidelidade mesmo que tudo depunha contra ele. E no final Deus deu em dobro tudo o que perdera no seu período de provação.
Pode ser que você não veja o fruto do teu trabalho e seja vítima da injustiça dos teus patrões ou dos teus superiores. Mesmo que venhas a sofrer injustiça não se torne injusto fazendo injustiça para alcançar os teus direitos. Não prejudique inocentes, pois assim tornar-te-ás réu e sofrerá punição. Confia tua causa ao Senhor e lute com armas justas e corretas. Saiba que mesmo que pareça que nada de bom acontecerá, no final, assim com aconteceu a Jó, Deus te recompensará por tua perseverança.
Concluindo, é bom lembrar as advertências que Tiago fez aos crentes da sua época e que são dirigidas a nós: O amor ao dinheiro leva à injustiças. As injustiças não são prerrogativas só dos ricos. O problema pode estar no rico que retém o salário justo do pobre ou no pobre que luta desonestamente para conquistar seus direitos.
Devemos aprender a lidar com nosso desejo de possuir bens neste mundo. A conquista deles deve ser acompanhada de justiça e honestidade. Ninguém que obtenha bens desonestos terá prazer em usufruir deles, seja o rico ou o pobre.
Estudamos sobre O MODO COMO ADQUIRIMOS BENS. Vimos que OS BENS QUE OS RICOS ADQUIREM DESONESTAMENTE LHES FARÃO MAL e que A JUSTIÇA DESONESTA DO POBRE TAMBÉM LHE TRARÁ JUÍZO. Seja justo e confie no Senhor, assim, tudo o que tiveres será teu de verdade e será usado para o teu bem.
RECOMENDAÇÕES FINAIS
Tiago 5.12-20
É sempre a mesma coisa. Depois de uma grande lição chega-se a conclusão do trabalho feito. É como quando um filho vai ao acampamento e a mãe faz muitas recomendações. Tiago não fugiu à regra.
Na carta Tiago tratou de temas relevantes. Ao final dela deixa recomendações importantes. Sua ênfase não foi teológica, foi prática. Ao contrário da abordagem de Paulo, que explica a razão teológica das coisas, Tiago observa os aspectos práticos. Ele quer ver os crentes vivendo sob as rédeas da fé. Ele exige que aqueles que dizem ser crentes revelem aos seus observadores o modo como sua fé regula o seu modo de viver.
Tiago era religioso. Mas depois de um longo tempo como religioso ele aprendeu uma lição. Aprendeu que acima da religião está Jesus Cristo. Ele descobriu que seu irmão, Jesus Cristo, filho da sua mãe Maria, e irmão de seus irmãos, não foi um homem comum. Ele foi o Redentor da humanidade. O Filho de Deus encarnado. Rendeu-se a Ele. Tornou-se servo dEle e passou a orientar a outros para que também vivessem como servos de Jesus.
A sua carta chega ao final. Chegou a hora de dar AS RECOMENDAÇÕES FINAIS DE QUEM APRENDEU O QUE É IMPORTANTE.
Tiago dá sua primeira recomendação final: TENHAM UMA SÓ PALAVRA – “Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim, sim e o vosso não, não, para não cairdes em juízo”.
Tiago trata da fé na prática e de como outros vêem em você a tua fé. Ele se preocupa agora com a palavra do crente. As posições teológicas e pessoais do crente não podem ser volúveis. Não se pode defender algo agora e defender o outro lado depois. Não se pode dar sua palavra como garantia agora e desfazer dela noutro momento. Tiago se preocupa em que os crentes tenham firmeza no que acreditam e não mudem de posição no decorrer da sua história sendo dominados pela situação presente.
Deus rejeitou o rei Saul. Saul foi um homem sem firmeza. Ele não mantinha sua posição. Recebeu uma ordem para exterminar um povo e seus animais, mas, por causa da pressão do povo deixou de fazer o que Deus lhe ordenara. Esta é a “Ética Situacional”. É a ética que o “Sim” ou o “Não” dependem de como está o momento. A verdade pouco importa. Este comportamento não pode reger a vida do crente. É um péssimo exemplo.
A pessoa sem palavra perde credibilidade e autoridade. Quem se fiaria na palavra de uma pessoa que defende uma posição agora e pende para o outro lado em outro momento? Como confiar tua vida a alguém que pode te deixar sozinho na pior hora e no momento mais crítico da vida?
Uma pessoa de palavra, que sempre cumpre o que diz terá a confiança dos seus ouvintes. A palavra dada é suficiente. Neste caso é desnecessário jurar. Todos acreditam na palavra dada e o juramento tem pouca ou nenhuma necessidade.
Confiança se conquista. Não há como obrigar alguém a confiar em ti. Tiago cobra que os crentes sejam confiáveis em sua palavra. Que não sejam volúveis, dizendo “Sim” agora e “Não” noutro momento. Ele deseja que os crentes conquistem a confiança de todos ao ponto do juramento ser desnecessário. Pessoas que não são confiáveis é que necessitam dos juramentos para firmarem sua palavra. O crente não deve necessitar desta ferramenta para se fazer acreditado.
Quando criança, ouvi muitos meninos dizerem: “Juro pela alma da minha mãe”. Essa era uma forma de evocar uma autoridade superior para se fazer crido. Tiago defende que os crentes não devem usar o juramento e o fiar-se nos votos feitos com Deus para firmarem sua palavra. Devem ter um posicionamento definido de tal modo que todos creiam, sem duvidar. E se duvidar a palavra dada deve prevalecer, sem necessidade de juramentos como fiador.
Tenha apenas uma palavra. Se é Sim, é sim. Se é Não, é não. O que passar disso vem do Diabo. Ficar em cima do muro é um comportamento vergonhoso e detestável. O indeciso nunca será confiável. Os crentes, que defendem a verdade divina, devem ser confiáveis e devem manter sua palavra dada, até mesmo sob as maiores ameaças.
A segunda recomendação final foi: PARTICIPEM ATIVAMENTE DA VIDA DOS TEUS IRMÃOS – “Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores. Esta alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhes-ão perdoados”.
O Salmo 133 é muito conhecido. Todos sabem seu inicio – “Oh como é bom e agradável viverem unidos os irmãos”. O final do salmo é ainda mais enfático – “Ali ordena o Senhor a Sua bênção e a vida para sempre”. Deus ordena a sua bênção na comunidade cristã onde seus membros vivem em comunhão. Onde um se preocupa com o bem estar do próximo. Onde um crente cuida do outro como parte da sua própria vida.
Devemos “Chorar com os que choram e sorrir com os que sorriem”. Nem sempre é fácil, mas é necessário. Para perceber a tristeza do irmão você deve estar próximo. Para vivenciar os momentos felizes também.
Tua participação na vida do irmão tem muita importância. Não se pode viver a vida cristã solitária. A igreja é como um corpo, onde cada órgão necessita dos outros. Tiago diz: “Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração”. Não há nada mais agradável do que perceber o cuidado do irmão quando estamos passando momentos de agonia. Uma visita no momento de dor é como bálsamo sobre uma ferida aberta. Alivia a dor do corpo e acalma a alma agitada.
Aqui Tiago incentiva os crentes a perceberem o sofrimento dos outros irmãos e não somente isto. Uma vez tendo se identificado a razão do sofrimento, se envolver em oração com ele. Gastar tempo orando com ele e por ele. A presença dos irmãos nesses momentos ruins renova as energias e dá força para lutar e vencer os problemas.
Tua presença é importante, mas mais importante diante do sofrimento alheio é você gastar tempo orando com ele. Coloque-o na presença de Deus. Faça-o sentir-se sob os cuidados divinos. Lembre-o da sua importância diante de Deus. Faça-o saber que por amá-lo Deus não poupou o Seu próprio Filho. Orando assim o irmão que estava sofrendo perceberá o enorme cuidado de Deus e o teu grande amor e cuidado por ele, então, terá forças para lutar e vencer.
Estar junto nos momento ruins é de suma importância, mas estar junto nos momentos alegres também é importante. Veja o que Tiago disse: “Está alguém alegre? Cante louvores”. Participe da alegria dos irmãos. Festeja com eles as suas vitórias e os bons momentos. É por isso que deve haver comunhão, pois quem está distante não percebe o choro e nem os sorrisos.
Assim como você orou quando o irmão estava sofrendo agora tua participação na vida dele é “Cantar louvores”. É tua obrigação levar o irmão a se lembrar que as vitórias pessoais são fruto do amor de Deus. Esse é um ótimo momento para lembrar-se de que Deus sustenta os seus. É hora de dizer: Graças a Deus pela vitória.
Outra situação importante e dolorosa na vida dos irmãos são os momentos de enfermidades. Doenças destroem a estabilidade pessoal, familiar e financeira dos enfermos. Quem está doente não pode trabalhar e com isso as contas se acumulam. Os familiares nem sempre se importam com a dor dos membros da família e isso causa mal estar. A pessoa enferma se afasta dos demais e perdendo o contato acaba ficando solitária.
Para que esses momentos não se tornem ainda piores, Tiago disse: “Esta alguém entre vós doente? Chame os presbíteros.” Mova-se pelo irmão. Sentiu falta de um irmão na igreja, vá procurá-lo. Sua doença pode ser do corpo ou da alma. Assim como chamamos o SAMU para socorrer os enfermos, devemos informar e insistir para que os presbíteros se envolvam com o sofrimento do irmão.
Porque chamar “Os presbíteros”? Primeiro porque são eles que foram ordenados pela Igreja para assumir o cuidado do rebanho. Sua autoridade espiritual vai além das paredes do templo. São ministros de Deus e devem ser canais da bênção divina sobre a vida dos irmãos enfermos. Por esta razão são levados a impor as suas mãos sobre o enfermo rogando as bênçãos dos céus. Para isto ocupam o ofício do presbiterato e devem ser avisados neste caso.
Tiago disse: “Estes façam oração sobre ele”. Quando Israel lutava no deserto as mãos de Moisés, como representante de Deus, foram definitivas para a vitória. Enquanto suas mãos estavam levantadas o povo vencia. Cansado ele baixava as mãos e o povo perdia. Por isso teve suas mãos sustentadas por dois auxiliares e o povo venceu. Os presbíteros são chamados para orar, e como ministros de Deus, interceder pelo enfermo. Receberam autoridade da parte de Deus e devem ser instrumentos de Deus para a cura da igreja.
A outra razão é que os Presbíteros regem a igreja. Como regentes têm as finanças da igreja sob sua responsabilidade. Eles podem socorrer o irmão enfermo nas suas necessidades materiais e físicas. Percebendo a necessidade de alimento, remédios e até mesmo a existência de uma situação financeira instável, podem socorrer o irmão enfermo.
Tiago diz que os Presbíteros devem “Ungir com óleo, em nome do Senhor”. O bom samaritano ungiu o ferido com óleo. Usou-o como uma espécie de remédio. Entramos aqui num território perigoso. O óleo da unção tinha um preparo único e uma fórmula dada por Deus e era feito pelos próprios sacerdotes. Fora usado várias vezes no Antigo Testamento apenas para unção de sacerdotes e reis. Na Bíblia o óleo nunca foi usado para unção de enfermos a não ser como remédio passado sobre feridas.
O grande problema quanto ao uso do óleo é que, em primeiro lugar, não temos e não sabemos que tipo de óleo deve ser usado, pois o uso de outro óleo era proibido nas unções citadas acima.
Outro grande problema é a idolatria que envolve a unção com o óleo. O irmão enfermo recebe a visita do pastor que ora e o unge com óleo. Deus abençoa e o irmão é curado. Noutra situação o irmão está enfermo e o pastor ora, mas não está com o óleo. Neste caso, na maioria das vezes, o enfermo desacredita na cura pelo simples fato de não haver óleo para a unção, como se fosse o óleo que tivesse algum ingrediente mágico ou abençoador para fazer a cura. Nesse caso seria o óleo o “ser” abençoador e não Deus. Acaba-se idolatrando o óleo.
Deus não necessita de material algum para agir. Deus proibiu qualquer uso de imagem para não desviar a atenção do adorador. No entanto, em casos especiais materiais foram usados, como o cajado de Moisés para abrir o Mar Vermelho. O cabo do machado jogado por Eliseu para fazer flutuar o machado e o prato de sal para purificar as águas.
O material tem a ver com a necessidade do doente. O enfermo pode querer ver para crer, o que não é correto, mas pode sentir a necessidade do toque do pastor e a presença do óleo em sua pele pode dar-lhe a impressão de segurança e cuidado, mesmo após a saída daqueles que oraram por ele.
O resultado da visita dos irmãos, dos presbíteros e do uso do óleo é que “A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o levantará e se houver cometido pecados ser-lhes-ão perdoados”. Quem salva o enfermo não é o óleo, é Deus através da oração e da fé. No entanto, observe a ênfase de Tiago na prática cristã e na resposta humana na prática da fé. O enfermo, tendo recebido a oração e o óleo é motivado a reagir. Ele reage à situação, se levanta, alimenta, se fortalece e é curado. Deus usa os seus ministros, sejam os irmãos ou os Presbíteros para motivar o irmão e através deles, cura o enfermo.
Mas a enfermidade pode residir na alma. Na presença dos Presbíteros o enfermo é incentivado a confessar seus pecados. Pecados não confessados trazem culpa e enfermidade. Tendo confessado o pecado e orientado pelos Presbíteros o irmão toma posse do perdão dado por Jesus Cristo através da instrução dos presbíteros.
Os Estados Unidos estão investindo pesado em Capelães hospitalares. Baseados em estudos chegaram à conclusão que um paciente orientado espiritualmente e acompanhado por um capelão sara mais rápido. Tiago ensina o mesmo, pois revela a importância do ritual do culto para o adorador. A presença dos irmãos e dos Presbíteros pode levá-lo a reagir e sair do estado de enfermidade.
A terceira orientação final de Tiago foi: SEJA CONFIÁVEL E CONFIE PARA ALCANÇAR A CURA – “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo”.
A comunhão da igreja é de suma importância. O calor humano, a cobrança na hora certa, a animação nos momentos de fraqueza, a admoestação na hora do vacilo, o companheirismo na solidão e a oportunidade de confessar os pecados ou a fragilidade espiritual a alguém não tem preço. Os irmãos precisam uns dos outros assim com cada parte do corpo está ligada e necessita dos outros membros.
Pequenos animais se protegem em grupo. Pequenos peixes se juntam para parecerem um peixão e espantar os predadores. Juntos ficam mais fortes. A Bíblia nos fala do “Cordão de Três Dobras” que fortalecem as uniões. Amós nos afirma que é melhor serem dois do que um. Nenhum de nós foi chamado por Deus para viver sozinho.
Tiago fala sobre a confissão entre irmãos e o efeito positivo desta confissão na prática. Revela que a confissão levará à posse da certeza da absolvição dos pecados, em Cristo.
Outro aspecto é que, na prática, a confissão mútua de pecados protegerá os crentes da inclinação para pecar. Confiar suas inclinações carnais e as tentações sofridas a um irmão em quem se confia é abrir o baú da alma. Segredos e fragilidades espirituais enfraquecem e adoecem a alma. Tirá-los de lá através da confissão é esvaziar a alma de coisas ruins e se fortalecer na esperança em Cristo.
O efeito da confissão é mútuo. Você e o irmão se fortalecem. Você, que está inclinado a pecar, encontra força no irmão que ora e acompanha tua vida de perto. Essa presença amiga será um aspecto a mais para levá-lo a fugir de situações que podem te levar à prática de pecados. Você e ele se fortalecem juntos em oração.
Não podemos fugir da confissão ao irmão com base na desconfiança e do medo de que suas fraquezas se tornem públicas. O texto afirma que a confissão dos pecados é o caminho para a “CURA”. Se queremos a cura no seio da igreja temos de nos tornar confiáveis para que irmãos contem conosco em momentos de fraqueza e temos de nos confiar aos irmãos, quando nós mesmos estivermos fracos.
Há um aspecto que penso ser importante. Os crentes não possuem autoridade espiritual para decidir sobre pecados de irmãos. No caso de alguém te confessar a prática de pecados, em primeiro lugar, você terá de manter absoluto sigilo, pois o irmão confiou em ti. Caberá a você acompanhar o irmãos em oração e fortalecê-lo para que usando da tua companhia tenha forças para lutar e vencer a situação. Mas você deve orientá-lo a se expor às autoridades instituídas na igreja. Eles saberão o modo certo de agir e são eles que foram ordenados, não somente para orar pelos enfermos, mas para tratar de práticas de pecados na igreja.
Não desvalorize o poder da oração. Deus ouve as tuas orações. Não adianta você orar confessando os pecados alheios e pedindo a Deus que o perdoe. A confissão de pecados é pessoal. Suplique, então, a Deus para que leve esse irmão à confissão pública dos seus pecados, como manda a Bíblia. A cura pode estar neste remédio amargo e o tratamento dado ao irmão que confessa livremente o seu pecado é diferente do tratamento dado ao pecador que peca ocultamente e é acusado por outro do seu pecado.
Tiago afirma: “Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo”. A oração é o canal aberto entre nós e Deus. Deus quer ouvir-te. Ore. Quando fizeres uso da oração verás que o irmão que estava sofrendo angústias e você orou por ele, encontrou descanso e paz. Não pense que tua oração não tem valor. Deus a valoriza.
Para mostrar o valor da oração pessoal Tiago usa como exemplo o profeta Elias. Ele diz: “Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra e por três anos e seis meses não choveu. E orou, de novo, e o céu deu chuva e a terra fez germinar seus frutos”. Não se desvalorize. Se Deus ouviu a Elias, porque não ouviria a ti? Você pode e deve orar pelos irmãos.
A quarta recomendação final de Tiago foi: INVISTA NA CONVERSÃO DE PECADORES – “Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter, sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados”.
Há por aí uma multidão de desviados. São pessoas que um dia fizeram parte de alguma igreja, confessaram sua fé e foram batizados e, por motivos variados, abandonaram a igreja. Voltaram a prática de pecados que consideravam nojentos e sujos. Abandonaram sua fé e agora a questionam. A situação espiritual deles é nojenta, comparada ao cachorro que volta a comer o seu próprio vômito ou a porca lavada que volta a revolver-se na lama.
I João 2.19, diz: “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos”. João observa que aqueles que abandonaram a igreja e voltaram a antigas práticas revelaram com seu comportamento que nunca foram convertidos de verdade.
Muitas são as razões que levam pessoas a procurar uma igreja. Na sua maioria tentam suprir alguma carência pessoal, mas descobrem que essa batalha não é deles. Não são nascidos de novo e não se submetem à autoridade divina. Querem viver como donos de si. São como o “Populacho” que saiu com os israelitas do Egito e criaram problema, pois não faziam parte do povo de Deus. No caso do comentário de João, eles saíram porque nunca fizeram parte da igreja.
Hebreus 6.4-6 e 10.26,27, diz: “É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia” e “Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários”.
Estes dois textos de Hebreus nos levam a ver a triste situação dos desviados. Eles tomaram conhecimento da verdade do evangelho e o rejeitaram. Conheceram o sacrifício de Cristo e preferiram o mundo e seus prazeres. O texto deixa claro que, como rejeitaram o único Salvador, não lhes resta outro caminho. Sua perdição é certa, pois o único caminho para se chegar aos céus é Jesus Cristo. Quem o rejeita, rejeita a salvação.
Como Tiago observa o aspecto prático da vida cristã ele analisa que muitos desviados deixaram o “Caminho” por fraquezas pessoais. Não são blasfemos. São apenas irmãos que foram vencidos pelas tentações nas suas concupiscências e devem ter a atenção da igreja. Estes precisam ser motivados ao novo encontro com o Salvador. São filhos de Deus que estão misturados aos filhos das trevas. Precisam ser arrancados de lá.
Estes. ou voltam para Cristo ou não terão outra chance de salvação. Desviados são tão importantes quanto os incrédulos. Sua situação é ainda pior, pois estão em rebeldia consciente. Não podem alegar falta de conhecimento da verdade.
A respeito dos crentes desviados Tiago observa que você leitor, assim como eu e outros, corremos o risco de nos tornar um deles: “Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter, sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados”. Trazer o pecador para os braços do Pai é salvá-lo da morte. É salvar sua vida e sua alma. É arrancar um pecador das garras de Satanás. É retirá-lo do fundo mais profundo do poço de perdição que se encontrava.
Trazê-lo de volta aos braços de Jesus é levá-lo ao perdão. Cristo cobre os pecados do desviado ou do novo convertido. Ao se encontrar com Cristo ele toma posse do perdão de seus pecados que somente Jesus Cristo pode dar. Os pecados são cobertos pelo sangue de Cristo.
Uma questão que fica no ar é: De quem são os pecados que são cobertos? Os do desviado que volta ou do crente que investe no seu retorno? Guarde bem no teu coração esta informação: nenhum ato humano pode levá-lo ao perdão de teus pecados. Eles foram perdoados quando Cristo morreu por ti. Só Jesus nos garante o perdão de pecados. Caso alguém pudesse cobrir pecado levando desviados a Cristo, então Jesus teria morrido em vão. Seria desnecessário a sua morte.
Os pecados do desviado que retorna a Cristo é que são perdoados. O reencontro com Jesus Cristo cobrirá todos os seus pecados e ele reencontrará a alegria da salvação que fora perdida quando ele retornou ao mundo e aos seus prazeres.
Jesus nos deu o “Ide”. Todos sabemos da necessidade de pregar o evangelho. Tiago apenas nos adverte sobre os benefícios que nosso trabalho evangelístico trará na vida do pecador que se converte e na vida do desviado que retorna a Deus. Então, sabendo destes benefícios, trabalhe com carinho e responsabilidade, pois muitos estão presos às garras de Satanás por falta da insistência dos crentes que se acomodaram e deixaram de falar do amor de Deus e da Sua salvação oferecida em Jesus Cristo e tratam o desviado como alguém que merece estar distante.
Para concluir, irmão, gostaria de lembrá-lo do nosso tema:
RECOMENDAÇÕES FINAIS DE QUEM APRENDEU O QUE É IMPORTANTE. Tiago nos deu quatro recomendações:
– TENHAM UMA SÓ PALAVRA;
– PARTICIPEM ATIVAMENTE DA VIDA DOS TEUS IRMÃOS;
– SEJA CONFIÁVEL E CONFIE PARA ALCANÇAR A CURA;
– INVISTA NA CONVERÇÃO DE PECADORES.
Estas recomendações também dizem respeito a nós. Acatemos, portanto, e coloquemos em prática na nossa vida. Nós e nossos irmãos seremos todos beneficiados com isto. Que Deus nos abençoe!
obrigado, Edimar
Muito edificante, aprendi muito, valeu!
Certamente conteúdo de tamanha qualidade merece meu comentário de agradecimento. Parabéns e obrigado. Abraços, Luiz Carlos Casante
Muito bom, tirou minhas duvidas. Valeu!