Cada uma queria o que a outra tinha (Gênesis Cap. 29)
A inveja mata

CADA UMA QUERIA O QUE A OUTRA TINHA
Gênesis 29.31–35; 30.1–24
O título desse esboço reflete perfeitamente o clima emocional entre Lia e Raquel. Embora a bigamia tenha sido imposta por Labão, o conflito entre as irmãs expõe erros graves, que se tornam um alerta para nossas atitudes, relacionamentos e motivações. Deus permite que este texto bíblico seja registrado para nos revelar pecados difíceis de admitir e de perceber sozinhos — sentimentos que se escondem dentro de nós, mas que destroem famílias, igrejas e relacionamentos.
Cada uma queria o que a outra tinha
RESUMO: Pecados difíceis de se admitir e perceber sozinhos…
1. A INVEJA – Quando o coração quer o que é do outro.
2. MOTIVAÇÕES ERRADAS — Quando até as bênçãos viram instrumentos de disputa.
3. PROJEÇÃO — Quando enxergamos nos outros aquilo que está dentro de nós.
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1. A INVEJA — Quando o coração quer o que é do outro
Naquela época, a maioria das mulheres queriam duas coisas desesperadamente: Ser amada pelo marido e lhe “dar” muitos filhos, especialmente meninos.
- Lia tinha muitos filhos, mas não tinha o amor do marido.
- Raquel tinha o amor do marido, mas não tinha filhos.
Cada uma queria exatamente o que a outra possuía.
A inveja corroeu as duas. Ela sempre corrói.
A inveja é um veneno emocional que destrói a paz e contamina os relacionamentos:
“O sentimento sadio é vida para o corpo, mas a inveja é podridão para os ossos” (Pv 14.30).
A raiz desse sentimento é a falsa impressão de que a vida ou Deus foi “mais generoso” com alguém do que comigo. É uma distorção espiritual.
Conexão com Cristo:
Na cruz, Jesus provou que não precisamos invejar nada. Nele, recebemos toda plenitude (Cl 2.10). Não nos falta amor, cuidado, valor ou identidade. Quem encontra sua segurança em Cristo não mede a própria vida pelos outros; mede pela graça que o alcançou.
Aplicação Prática:
Examine honestamente o seu coração:
— Há alguém cujas bênçãos você secretamente deseja?
— Há alguém que você evita porque o sucesso dessa pessoa revela o que você gostaria de ter?
Confesse a Deus e peça para aprender a celebrar o que Ele faz na vida dos outros. Isso cura.
Cada uma queria o que a outra tinha
2. MOTIVAÇÕES ERRADAS — Quando até as bênçãos viram instrumentos de disputa
Cada filho recebeu um nome que revelava ansiedade, dor, carência, competição e orgulho. As motivações de Lia e Raquel eram distorcidas (repare no significado dos nomes de seus filhos, a seguir):
LIA
- Rúben (filho de Lia) – “O Senhor atendeu à minha aflição. Por isso, agora me amará meu marido” (Gênesis 29:32).
- Simeão (filho de Lia) – “Soube o Senhor que eu era preterida (desprezada) e me deu mais este” (Gênesis 29:33).
- Levi (filho de Lia) – “Agora, desta vez, se unirá mais a mim meu marido, porque lhe dei à luz três filhos” (Gênesis 29:34).
- Judá (filho de Lia) – “Esta vez louvarei o Senhor” (Gênesis 29:35).
- Gade (filho de Zilpa, serva de Lia) – “Afortunada!” (Gênesis 30:11).
- Aser (filho de Zilpa, serva de Lia) – “É a minha felicidade! Porque as filhas me terão por venturosa” (Gênesis 30:13).
- Issacar (filho de Lia) – “Deus me recompensou, porque dei a minha serva a meu marido” (Gênesis 30:18).
- Zebulom (filho de Lia) – “Deus me concedeu excelente dote; desta vez permanecerá comigo meu marido, porque lhe dei seis filhos” (Gênesis 30:20).
Cada uma queria o que a outra tinha
RAQUEL
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Dã (filho de Bila, serva de Raquel) – “Deus me julgou, e também me ouviu a voz, e me deu um filho” (Gênesis 30:6).
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Naftali (filho de Bila, serva de Raquel) – “Com grandes lutas tenho competido com minha irmã e logrei prevalecer” (Gênesis 30:8).
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José (filho de Raquel) – “Deus me tirou o meu vexame… Dê-me o Senhor ainda outro filho” (Gênesis 30:23,24).
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Benjamim (filho de Raquel) – “Filho da felicidade” (nome dado pelo pai, pois Raquel morreu no parto).
• Algumas buscavam aprovação do marido.
• Outras tentavam superar a irmã.
• Outras queriam provar valor.
• Outras desejavam status.
O problema não estava apenas no que elas queriam, mas no porquê queriam.
Isso continua vivo hoje:
— Pais tentando realizar seus sonhos nos filhos.
— Membros servindo na igreja para aparecer.
— Líderes buscando títulos ao invés de servir.
— Cristãos carregando “para Deus” fardos pesados que Ele nunca pediu.
“Se o fardo não é leve, não é de Jesus.”
Conexão com Cristo:
Jesus revelou a motivação mais pura do universo: “Eu não vim para ser servido, mas para servir” (Mc 10.45).
Só Ele pode purificar nossas intenções. Em Cristo, até o serviço mais simples ganha sentido eterno, e até a maior obra perde valor se for movida por orgulho.
Aplicação Prática:
Ore e pergunte a Deus:
— Por que faço o que faço?
— O que me move? O amor? A competição? O medo? A carência?
Peça que o Espírito Santo revele suas intenções e as alinhe ao coração de Cristo.
Cada uma queria o que a outra tinha
3. PROJEÇÃO — Quando enxergamos nos outros aquilo que está dentro de nós
Em Psicologia, PROJEÇÃO é o termo técnico usado para descrever um mecanismo de defesa psíquica (quase sempre inconsciente) que protege o nosso emocional daquilo que é nosso, mas é insuportável para nós. Uma vez ativada, a pessoa que está projetando passa a “ver” nas outras pessoas os defeitos que são dela mesma.
Veja o caso de Lia, que roubou o marido de Raquel, participando dolosamente do engano perpretado por seu pai, que a colocou no lugar da irmã na cama do noivo dela. Ela fingiu ser Raquel e, muito provavelmente, gostou. Mas, ao longo do tempo, começou a projetar sua culpa em Raquel, dizendo que era a irmã quem havia lhe tirado o marido (Gn 30.15).
Isso destrói:
• famílias,
• amizades,
• ministérios,
• igrejas.
Pessoas que carregam falsidade veem falsidade em todos.
Os que carregam inveja acusam os outros de serem invejosos.
Quem é desonesto desconfia de todo mundo.
Os fofoqueiros acham que todo mundo é como ele.
Pessoas que têm problemas não resolvidos atacam o que encontram nos outros para aliviar a culpa.
Cada uma queria o que a outra tinha.
A projeção está muito presente nas relações familiares, sociais e, infelizmente, na igreja. Pessoas falsas e invejosas, por exemplo, projetam sua falsidade e sua inveja nos outros e acreditam que os outros são falsos e invejosos, menos elas. Como dizem, tais pessoas não têm “desconfiômetro”.
O mesmo acontece com a preguiça, negatividade, fofoca, indisciplina, maledicência, encrenca, malícia, mundanismo, “falta de amor na igreja”, “tal pessoa tem inveja de mim” etc etc etc. Quem faz projeção vê tudo isso nos outros, menos em si. E quando algum irmão peca, é o primeiro a jogar pedras, sem amor nem piedade, pois as falhas dos outros encobrem as suas próprias falhas.
Por isso Paulo alertou: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. (2 Timóteo 3:1-5)
Conexão com Cristo:
Cristo não projeta, Ele revela e cura.
Ele olha para nós com verdade e graça:
“A verdade vos libertará” (Jo 8.32).
Ele nos chama a olhar para dentro, a confessar, a ser transformados. Jesus não expõe para humilhar, mas para restaurar.
Aplicação Prática:
Pergunte-se:
— Por que esse defeito do outro me incomoda tanto?
— Será que isso não diz respeito a mim?
— Estou criticando nos outros aquilo que ignoro em mim?
Busque cura emocional e espiritual com humildade.
Cada uma queria o que a outra tinha
CONCLUSÃO
Como uma família pode ser saudável quando problemas tão graves como inveja, competição e projeção governam o coração? Como uma igreja pode crescer quando motivações erradas estão por trás do serviço?
É quase impossível alguém admitir sozinho:
• “Tenho inveja.”
• “Minhas motivações são egoístas.”
• “Estou projetando meus problemas nos outros.”
Por isso precisamos da luz de Deus, da graça de Cristo e da ação do Espírito Santo.
E quanto a você? O que Deus está revelando ao seu coração hoje? Se permitir, Ele pode curar o que existe em você — aquilo que talvez ninguém veja, mas que você já sabe que precisa ser transformado.
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Título: Cada uma queria o que a outra tinha
Autor: Pr Ronaldo Alves Franco
Site do Pastor
Data: 12/11/2020
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Muito, excelente e maravilhoso, muito bem explicado!
Estou usando como fonte para ensinar a igreja no seu todo a evitar esse mal, para podermos ter uma igreja forte e equilibrada, e também evitar o que temos visto; a queda de muitos pastores, destruição da comunhão na igreja e destruição de famílias inteiras!
Outros exemplos de se fazer a obra de Deus por motivos errrados são o exibicionismo e o favoritismo que revela ‘panelinha’ na igreja.
Pregar para se exibir é pecado! O pregador almeja ser bem reconhecido, bem falado, receber os aplausos, os ‘holofotes’ por sua grande erudição e intelectualidade,etc. Pouco interesse tem na salvação das almas.”Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte não não tereis galardão junto de vosso pai celeste”(Mt 6.1).
Quando não pregamos todo o conselho de Deus pecamos, porque trazemos uma vontade ‘manca’ de Deus e o pregador será acusado: “Eis que rejeitaram a Palavra do SENHOR”(Jr 8.9b).
Quanto às “panelinhas’ na igreja, quantos pregadores tiveram seus ministérios diminuídos, desestimulados, por falta de oportunidades na sua igreja? Isso também é pecado. “Só prega quem estiver afinado comigo’, diz o líder. E Deus condena o “vos mostrardes parciais no aplicardes a lei”(Ml 2.9b).
E o pregador, afinado com a política da liderança da igreja, mais preocupado com a arrecadação de dízimos e ofertas e não desagradar a platéia, não confronta as ovelhas para não receber críticas delas. Se o membro da igreja é ‘dos nossos’, faz-se ‘vista grossa’ para ele. Se pecar, fala-se que Deus é misericordioso para ele. Mas se o membro da igreja não for ‘dos nossos’, se pecar, todo o rigor da lei sobre ele, sem misericórdia. Mostrar favoritismo é uma atitude desprezível aos olhos de Deus: “Se,todavia,fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo arguídos pela lei como transgressores”(Tg 2.9).
Isso porque o favoritismo trai a Cristo: “Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas”(Tg 2.1) e desvaloriza e humilha a pessoa por quem Cristo morreu. E quando honramos alguém por causa de sua aparência, suas vestes, sua riqueza material, seu prestígio na sociedade, estamos considerando as coisas do mundo mais importantes que o caráter que o SENHOR DEUS requer dos Seus servos.
Quando damos preferência para os da nossa “panelinha”, estamos servindo ao SENHOR por motivos errados e jeitosamente indo contra os valores divinos revelados nas Escrituras Sagradas.