Ela é mais justa do que eu (Gênesis Cap. 38)
Tamar entra na aliança

ELA É MAIS JUSTA DO QUE EU
Gênesis 38
O título deste sermão — “Ela é mais justa do que eu” — expõe um tema desconfortável, porém necessário: há momentos em que pessoas fora do círculo da fé demonstram mais temor, coerência e justiça do que aqueles que se dizem parte do povo de Deus. Essa constatação não visa humilhar, mas chamar ao arrependimento e à maturidade espiritual.
Gênesis 38 nos mostra que fazer parte da linhagem da promessa não significa, automaticamente, viver de modo digno dela.
CONTEXTO HISTÓRICO (Nota: leia com atenção o Cap. 38 de Gênesis).
* Rúben perdeu a primogenitura por desonrar o leito de seu pai.
* Simeão e Levi perderam espaço por sua vingança cruel em Siquém.
* Assim, Judá, o quarto filho, assume protagonismo na história da promessa. Dele viria a linhagem real e, mais tarde, o Messias (Gn 49.8–12; Mt 1.1–3). Contudo, antes de se tornar instrumento de Deus, Judá precisaria confrontar sua própria incoerência moral.
RESUMO: Ela é mais justa do que eu…
1. Judá se afasta da aliança.
2. Tamar entra na aliança
3. Ela é mais justa do que eu (o reconhecimento)
Ela é mais justa do que eu
1) JUDÁ SE AFASTA DA ALIANÇA
Judá se afasta de seus irmãos e, mais grave ainda, se afasta dos valores da Aliança. Ele se casa com uma estrangeira sem qualquer referência espiritual e cria filhos moralmente corrompidos. Seu filho Er morre por sua perversidade; seu filho Onã despreza a responsabilidade espiritual e familiar do levirato; e Judá, dominado pelo medo, quebra sua palavra dada a Tamar, de casá-la com seu filho Selá.
Em vez de lidar com o pecado de seus filhos, Judá opta pela omissão. Ele protege seu filho Selá, mas sacrifica Tamar. Preserva o que lhe convém e ignora o que exige justiça.
Conexão com Cristo:
Jesus fez exatamente o oposto. Enquanto Judá preserva o filho e sacrifica a promessa, Deus entrega o Filho para preservar a promessa:
“Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou…” (Rm 8.32)
Cristo não se afastou da Aliança quando ela exigiu sacrifício; Ele a cumpriu até o fim.
Aplicação Prática:
Examine sua vida com honestidade: em que áreas você tem se afastado da vontade de Deus por conveniência, medo ou autoproteção? A fé madura não foge da responsabilidade, mesmo quando ela custa caro.
Ela é mais justa do que eu
2) TAMAR ENTRA NA ALIANÇA
Tamar, embora estrangeira, crê na promessa de Deus e se recusa a deixá-la morrer. Mesmo injustiçada, ela não abandona a Aliança. Seu ato não nasce da imoralidade, mas de fé, coragem e perseverança.
Ela corre riscos extremos, expõe-se à vergonha pública e até à morte para preservar aquilo que Judá negligenciou. Tamar age porque crê que a promessa de Deus vale mais do que sua própria reputação.
Conexão com Cristo:
Assim como Tamar, Jesus não considerou sua própria vida como algo a ser retido.
“Antes, a si mesmo se esvaziou…” (Fp 2.7)
Cristo assume nossa vergonha para garantir nossa redenção. Tamar antecipa, de forma imperfeita, a lógica da cruz: vida entregue para que a promessa continue viva.
Aplicação Prática:
Pergunte a si mesmo: o que você tem colocado em risco por causa da fé? Uma fé que nunca custa nada, provavelmente, vale muito pouco.
3) ELA É MAIS JUSTA DO QUE EU (O RECONHECIMENTO)
Claudio Crispim:
“Judá considerou uma desonra não honrar a sua palavra com uma prostituta, mas não honrou a sua palavra com a sua nora, que teve que permanecer viúva na casa do pai dela. Judá teve a vida do seu filho caçula por preciosa, em detrimento da promessa feita a Abraão e da obrigação de prover linhagem a Er, seu filho primogênito”.
“Tamar, por sua vez, sendo estrangeira e participante da família, pelo casamento, mesmo após a morte do marido, não teve a sua vida por preciosa e buscou descendência para o seu marido. Podemos afirmar de Tamar, que ela foi uma mulher sábia, pois edificou casa ao seu marido, mesmo ele sendo perverso aos olhos de Deus”.
O ponto alto do capítulo não é o escândalo, mas o arrependimento. Judá reconhece sua hipocrisia. Ele se indigna com o pecado alheio, mas tolera o próprio. Só quando confrontado pela verdade, ele confessa: “Ela é mais justa do que eu.”
Essa confissão muda sua história. A partir daqui, Judá começa a se transformar. O homem que antes falhou passa a ser aquele que, no futuro, se oferece no lugar de Benjamim (Gn 44.33). O arrependimento verdadeiro gera mudança real.
Conexão com Cristo:
Jesus também confrontou a falsa justiça religiosa:
“Os publicanos e as prostitutas entram antes de vós no Reino de Deus” (Mt 21.31)
Cristo não exalta a aparência da fé, mas a sinceridade do coração.
Aplicação Prática:
Não basta denunciar o erro dos outros. O Evangelho começa quando reconhecemos: “eu estou errado”. A confissão honesta ainda é o caminho mais curto para a restauração.
CONCLUSÃO
Ela é mais justa do que eu…
1. Judá se afasta da aliança.
2. Tamar entra na aliança
3. Ela é mais justa do que eu (o reconhecimento)
Gênesis 38 nos ensina que pertencer ao povo da Aliança não garante automaticamente justiça, fidelidade ou maturidade espiritual. Tamar, uma estrangeira, demonstrou mais compromisso com a promessa do que Judá, o herdeiro natural dela.
Deus não procura títulos religiosos, mas corações dispostos a obedecer, mesmo quando isso exige sacrifício.
E quanto a nós?
Nossa fé é apenas declarada… ou vivida?
Estamos dispostos a sustentar aquilo que dizemos crer, mesmo quando o preço é alto?
Às vezes, a maior graça de Deus é nos levar a dizer, como Judá:
“Ela é mais justa do que eu.”
.
Título: Ela é mais justa do que eu
Autor: Pr Ronaldo Alves Franco
Site do Pastor
Data: 03/01/2021
Deixe seu comentário logo abaixo.
Veja também nossos Artigos





Esboço muito interessante!
“Os filhos do mundo são mais hábeis em sua própria geração do que os filhos da luz”(Lc 16.8b ).
Eu,na vida profissional fui engenheiro civil,e sempre preferi fazer negócios com gente de outras religiões do que com crentes pois muitos destes não cumprem a palavra empenhada,se tornam caloteiros ,ou pedem perdão da dívida usando o nome de Jesus.Agem de má fé.Que vergonha!Não honram a própria palavra.
Nesta história toda emaranhada de pecados,vemos um homem que deveria ser santo ser humilhado por uma mulher.É uma história toda repulsiva e suja.Nora engravidada pelo sogro.Às vezes,não sabemos como explicar,Deus interfere na história e mata uns e deixa outros viverem.Deus é soberano.Talvez a morte de Onã,que não queria engravidar Tamar foi porque estava nos planos divinos que a genealogia de Jesus passasse pelo filho de Tamar.
Judá falhou em vários pontos:permitiu que sua família se misturasse com os cananeus,culpou Tamar pelas mortes de seus dois primeiros filhos,quebrou a palavra ao tentar ludibriar Tamar em não lhe enviando seu caçula para engravidá-la,foi atrás de prostituta,não pagou o preço acordado a ela e,no final,julgou precipitadamente a Tamar,sem sentimentos,querendo sua morte.”Um abismo chama outro abismo”(Sl 42.7a).
Cinco mulheres aparecem na genealogia de Jesus em Mt 1:Rute (uma gentia),Maria(a virgem piedosa) e três mulheres culpadas de imoralidade:Tamar,Raabe e Bate-Seba.
Mas Deus é grandioso,magnificente,e transforma até a negridão das trevas,ou um emaranhado de pecados ,para que tudo redunde em glória para seu Nome Santo!
“Não a nós,SENHOR,não a nós,mas ao teu nome[somente] dá glória”(Sl 115.1).