LEVÍTICO 5 – PECADOS OCULTOS, SACRILÉGIO, PECADO POR IGNORÂNCIA
- “Levítico 5 – Pecados ocultos, Sacrilégio, Pecado por ignorância” é o QUINTO estudo desta série que visa (re)aproximar o povo de Deus deste livro bíblico que tem sido (lamentavelmente) ignorado por muitos cristãos e líderes religiosos. Contudo, ele é tão inspirado quanto Gênesis e Êxodo, tão atual como Mateus e Apocalipse, pois a Palavra de Deus nunca caduca, perde a validade ou desvaloriza.
- “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” – 2 Timóteo 3:16,17
- “Em toda a Bíblia, não há outro livro como Levítico, com tantas palavras proferidas pelo próprio Deus”. (Andrew Bonar)
- A Bíblia toda foi escrita por homens inspirados por Deus, com exceção dos Dez Mandamentos, que Deus mesmo escreveu. Em contrapartida, em Levítico, Deus “é o orador direto em quase todas as páginas, e Suas palavras foram registradas exatamente como as pronunciou. Este fato não nos deixa outra escolha, a não ser estudar Levítico com todo interesse e atenção” (Bonar).
Assim como de costume, listo a seguir algumas das LIÇÕES espirituais que podemos tirar do Capítulo 5 de Levítico:
- Sobre pecados ocultos
- Sacrilégio
- Pecado por ignorância
1ª LIÇÃO: SOBRE PECADOS OCULTOS
“E quando alguma pessoa pecar, ouvindo uma voz de blasfêmia, de que for testemunha, seja porque viu, ou porque soube, se o não denunciar, então levará a sua iniquidade. Ou, quando alguma pessoa tocar em alguma coisa imunda, seja corpo morto de fera imunda, seja corpo morto de animal imundo, seja corpo morto de réptil imundo, AINDA QUE NÃO SOUBESSE, contudo será ele imundo e culpado. Ou, quando tocar a imundícia de um homem, seja qualquer que for a sua imundícia, com que se faça imundo, e lhe for oculto, e o SOUBER DEPOIS, será culpado. Ou, quando alguma pessoa jurar, pronunciando temerariamente com os seus lábios, para fazer mal, ou para fazer bem, em tudo o que o homem pronuncia temerariamente com juramento, e lhe for oculto, e o SOUBER DEPOIS, culpado será numa destas coisas. Será, pois, que, culpado sendo numa destas coisas, confessará aquilo em que pecou. E a sua expiação trará ao Senhor, pelo seu pecado que cometeu.” – Levítico 5:1-13
“Eu não sabia…”. Essa tem sido uma desculpa muito utilizada quando uma pessoa faz besteira ou comete um delito, não é mesmo?
No Brasil, por exemplo, diz a Lei ninguém pode alegar ignorância da Lei. O mesmo acontece com a Lei de Deus, pois ela não está simplesmente escrita num livro, mas, pela ação do Espírito Santo, está escrita em nossos corações.
Ainda que fosse verdade, que a pessoa só veio a saber depois que havia uma Lei de Deus que a condenaria, ainda assim era considerada culpada, mas, ao contrário da Lei brasileira, que multa ou prende o culpado, Deus prescreveu a confissão e o sacrifício para a expiação deste tipo de pecado.
E quanto a nós, quantas coisas erradas fazemos sem saber? Ou, mesmo conscientes, não temos a devida dimensão do mal que estamos causando, como, por exemplo, xingar e humilhar os nossos filhos? E quantas coisas boas deixamos de fazer? “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado.” (Tiago 4:17)
Mas graças a Deus QUE Jesus morreu pelos nossos pecados, por todos os nossos pecados, inclusive os pecados ocultos ao nosso entendimento e às nossas consciências.
“No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” – João 1:29
2ª LIÇÃO: SACRILÉGIO
E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Quando alguma pessoa cometer uma transgressão, e pecar por ignorância nas coisas sagradas do Senhor, então trará ao Senhor pela expiação, um carneiro sem defeito do rebanho, conforme à tua estimação em ciclos de prata, segundo o ciclo do santuário, para expiação da culpa. Assim restituirá o que pecar nas coisas sagradas, e ainda lhe acrescentará a quinta parte, e a dará ao sacerdote; assim o sacerdote, com o carneiro da expiação, fará expiação por ele, e ser-lhe-á perdoado o pecado. – Levítico 5:14-16
Traduzido do inglês: Sacrilégio é a violação ou tratamento injurioso de um objeto, local ou pessoa sagrada. Isso pode assumir a forma de irreverência para com pessoas, lugares e coisas sagradas. Quando a ofensa sacrílega é verbal, é chamada de blasfêmia e, quando física, geralmente é chamada de profanação. (Wikipédia)
O sacrilégio ofende a Deus, mas também ofende os irmãos, a comunidade de fé, mesmo que seja por ignorância. Ainda hoje, algumas religiões punem com morte tanto o sacrilégio quanto a profanação. Aqui neste texto vemos a provisão divina para expiar e perdoar este pecado tão perturbador.
E quanto a nós, estamos sabendo perdoar aqueles irmãos que blasfemam contra Deus? Estamos sabendo colocar nas mãos de Deus aqueles ladrões que invadem as nossas igrejas e roubam nossos objetos usados nos cultos?
Certa vez uma irmã me telefonou contando que a sua filha caçula estava com um nódulo no seio (a filha mais velha era problemática e elas não se conversavam a muito tempo). Em sua revolta, esta irmã desferiu graves ofensas contra Deus. Pensei em rebater, mas uma voz suave dentro de mim dizia: “— Apenas ouça o desabafo dela”. Foi o que eu fiz. Alguns meses depois ela me agradeceu por ter sido tão paciente e contou-me que já havia se reconciliado com Deus. Sua filha caçula recuperou-se bem, não era maligno.
3ª LIÇÃO: PECADO POR IGNORÂNCIA
“E, se alguma pessoa pecar, e fizer, contra algum dos mandamentos do Senhor, aquilo que não se deve fazer, ainda que o não soubesse, contudo será ela culpada, e levará a sua iniquidade; e trará ao sacerdote um carneiro sem defeito do rebanho, conforme à tua estimação, para expiação da culpa, e o sacerdote por ela fará expiação do erro que cometeu sem saber; e ser-lhe-á perdoado. Expiação de culpa é; certamente se fez culpado diante do Senhor.” – Levítico 5:17-19
As pessoas sempre irão de pecar contra algum dos mandamentos do Senhor, até mesmo por ignorância, pois somos seres humanos, falhos. No Antigo Testamento havia um recurso para a expiação dos pecados por ignorância.
Nós, hoje temos, não um novilho, mas, sim, o sacrifício perfeito, único e eterno do Filho de Deus, que a si mesmo se entregou para expiar os pecados de todos, porém, apesar desta diferença imensurável, quando as pessoas comuns são pegas em pecado, nós, geralmente, as tratamos com “ignorância”.
“No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. – João 1:29
CONCLUSÃO
Algumas das LIÇÕES espirituais que podemos tirar deste capítulo são:
- Sobre pecados ocultos
- Sacrilégio
- Pecado por ignorância
(*) Para mais informações e reflexões sobre este capítulo, recomendo a leitura do comentário do Pregador Sidney Balut, logo abaixo.
Título: Levítico 5 – Pecados ocultos, Sacrilégio, Pecado por ignorância
Bibliografia: Bridgeway Bible Commentary; de Fleming, D.
Adaptação: Pr Ronaldo Franco
Data: 25/07/2022
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“Quanto amo a tua lei! É a minha meditação todo o dia” ( Sl 119.97 ).
1__Sobre pecados ocultos ( Lv 5.1-13 ).
Aqui está uma parte da lei da qual diversos crentes gostariam que não existisse. O verso 1 fala que é pecado quando o crente negligencia ou recusa a testemunhar ou se omite deliberadamente denunciar pecado ou crime cometido por outrem. Muitos, erradamente, querem paz e sossego e então se calam, fingindo nada terem sabido , visto ou ouvido de algo errado segundo a lei de Deus. Aí o mal não é refreado. Deus não age assim. Jesus sabia que o ser humano estava perdido e veio aqui nos redimir satisfazendo a justiça divina. Semelhantemente, devemos ajudar a justiça denunciando pecados, não fazendo ‘vista grossa’ bem como testemunhar a verdade a fim de que o mal não prevaleça e que injustiças sejam reparadas.
Esse negócio de fazer ‘vista grossa’ a pecados de outrem na comunidade da igreja é pecado: “Levará a sua iniquidade”. O que significa? Significa que se um crente viu, ou ouviu que outro crente roubou de outrem , por exemplo, mas não denunciou talvez por receio de possíveis consequências, tal crente que se omitiu levará também a culpa diante de Deus como se tivesse sido comparsa do que cometeu o pecado. Omissão que impede que a verdade prevaleça é pecado. Ter medo de denunciar equivale a não ter fé na lei de Deus, a não confiar na provisão do Deus Todo- Poderoso.
Os versos 2 e 3 falam de contaminação por contato com coisa impura. Quem sabe o israelita andando em meio à multidão esbarrou em alguém com lepra e só o veio saber depois? Ou esbarrou em algum corpo morto? Mesmo assim, segundo a lei é culpado: “E o souber depois , será culpado” ( verso 3 ).
O verso 4 fala que ‘jurar temerariamente’ é pecado. O que é esse jurar temerariamente? Ocorre, por exemplo, quando a pessoa jura e depois percebe que falou demais, que não deveria ter jurado ou não poderia cumprir esse juramento. A própria pessoa depois reconhece: “quão tolo eu fui em fazer esse juramento!” Exemplo: em um momento de ira, a pessoa diz : “eu juro que vou te matar…destruir…vou acabar com a sua raça”. E depois se arrepende pois percebeu que não vai conseguir cumprir a palavra empenhada ou que , para cumprir, terá que pecar ainda mais. É certo que a pessoa poderá voltar atrás mas deverá ter a consciência de que pecou. Terá de fazer sacrifício pelo pecado oculto. Não foi à toa que Jesus ensinou: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passar disso é de procedência maligna” ( Mt 5. 37 ). Na prática atual, a palavra de um crente deve ser tão convincente que ele não deveria ter de reforçá-la com juramentos.
Em suma, não denunciar crime visto ou sabido é pecado. A justiça exige que se castigue o transgressor não somente para reparar a falta e corrigir o faltoso mas também para evitar que o inocente venha a pagar porque o crente recusou-se a descobrir o transgressor.
2__Sacrilégio ( Lv 5. 14-16).
O Dicionário Teológico de Claudionor Correia de Andrade, CPAD, 2019, pág. 325 assim conceitua o termo: ” [Do latim ‘sacrilegium’ ] Uso indevido e profano de pessoa, lugar ou objeto consagrado a Deus. Ato de inegável impiedade. Ultraje feito à pessoa tida como santa”.
Aqui, por esses pecados, o ofertante tinha de trazer 20% a mais do valor. Ou seja, restituição de 120%. Pecados contra a propriedade do SENHOR, a restituição era feita ao sacerdote e contra pessoas era feita à pessoa que sofrera a perda ( 6. 1-7). Não nos é fácil entender exatamente como isso ocorria na prática ou como tudo era avaliado. Um exemplo simples: roubou 5 ovelhas, a restituição era devolver 6 ovelhas. Quanto a pecar nas coisas sagradas, talvez seja por não consagrar os primogênitos dos animais, ou as primícias da terra, não trazer ofertas e dízimos ( na lei, o dízimo era obrigatório para o israelita agricultor e para o israelita pecuarista, isto é, que tinha gado).
3__Pecado por ignorância ( Lv 5.17-19).
Digno de nota é que a ignorância da lei não isenta de culpa aquele que a transgrediu. Se existem tantas possibilidades de pecar, é literalmente impossível alguém alegar não ter pecado ou, nos dias atuais, afirmar que não precisa de Jesus.
O saudoso professor Antonio Neves de Mesquita pôs o título nesta seção de “pecado de omissão por ignorância”. Fosse por ignorância, ou por má vontade ou qualquer outro impedimento, uma vez advertido da falta, o israelita tinha de oferecer reparo.
Vemos que Deus não desculpa a ignorância. Se o israelita pecasse e Deus fizesse ‘vista grossa’ ao pecado por ignorância, logo o israelita iria desejar cometer pecados em outros pontos. O certo é que Deus exige reparo para todo e qualquer pecado.
Muitos crentes hoje, empavonados, se consideram superiores em obediência ao povo hebreu dos tempos bíblicos. Penso que se nós tivéssemos de nos submeter `as exigências dos cultos mosaicos conforme a lei, ainda que fosse por uma ou duas semanas, ficaríamos envergonhados da maneira como muitos de nós servem a Cristo hoje.