Ando devagar porque já tive pressa (Gênesis Cap. 29)
O amor tudo espera

ANDO DEVAGAR PORQUE JÁ TIVE PRESSA
Gênesis 29.1-30
“Ando devagar porque já tive pressa” descreve perfeitamente a fase da vida em que encontramos Jacó em Gênesis 29. Antes impetuoso, imediatista, manipulador e disposto a atalhos (especialmente no engano de Isaque, Gn 27), agora ele entra numa longa escola divina: a escola da espera, em que os alunos precisam se acalmar e andar mais devagar.
Cada cena deste capítulo revela um processo de amadurecimento, no qual Deus o ensina que promessas não se cumprem na velocidade da ansiedade, mas no compasso da graça.
RESUMO: No processo de amadurecimento, Jacó ficou esperando…
1. A pedra ser removida (vs 1-10).
2. O amor chegar (vs 11-20).
3. A raiva passar (vs 21-30).
Ando devagar porque já tive pressa
1. ESPERANDO A PEDRA SER REMOVIDA (vv. 1–10)
A tradição daquele poço era simples: ninguém removeria a pedra até que todos os rebanhos estivessem reunidos (Adam Clarke). Porém, quando Raquel chega, Jacó — ansioso e impulsivo — age sozinho e remove a pedra. A cena ganhou, ao longo das eras, um profundo simbolismo espiritual: pedras removidas revelam caminhos para a vida — como no túmulo de Lázaro (Jo 11.39) e no túmulo vazio de Jesus (Mc 16.3; Lc 24.2).
Onde pedras são removidas, brotam água, esperança, amor e renovação.
Conexão com Cristo:
Jesus é o Removedor de Pedras por excelência. Ele tira a pedra da morte, da culpa e do pecado, abrindo para nós a fonte da água viva. Assim como Jacó removeu a pedra do poço, Cristo removeu a pedra do Seu túmulo — e, com isso, abriu o acesso à vida eterna.
Jesus não só sofreu e morreu por nós, mas também ressuscitou. É muito significativo destacar que a pedra do túmulo de Jesus não foi removida por seres humanos, mas pelo ANJO DO SENHOR. Aleluia! Por sua morte e ressurreição, Ele se fez o autor da nossa salvação eterna (Hb 2.10).
Aplicação Prática:
Quais pedras você precisa remover hoje? Rancores, hábitos, incredulidades?
Aproxime-se de Cristo e permita que Ele faça força onde você não consegue. Sua água viva só flui quando a pedra é retirada.
Ando devagar porque já tive pressa
2. ESPERANDO O AMOR CHEGAR (vv. 11–20)
Jacó trabalha sete anos — mas “pareceram poucos dias, pelo muito que a amava”. Aqui vemos a força de uma espera ativa, não passiva. Ele serve, trabalha, amadurece, cresce… e ama.
Duas lições se destacam:
a) Amor se cultiva
Assim como uma semente de mostarda precisa ser cuidada para se tornar árvore frondosa (Mc 4.31–32), amar exige preparo interior. Não se encontra o amor apenas esperando. Trabalhe, cresça, invista em você mesmo — e Deus prepara o encontro no tempo certo.
b) O amor dá força para suportar a espera
Só o verdadeiro amor — humano ou espiritual — nos faz suportar temporadas árduas. Assim como Jesus, “pela alegria que Lhe estava proposta, suportou a cruz” (Hb 12.2), o amor transforma sacrifício em propósito.
Conexão com Cristo:
Cristo é a expressão máxima do amor que age, não apenas sente.
Ele não esperou que o mundo mudasse; Ele veio, serviu, trabalhou e entregou a vida. O amor dEle é o que fortalece nossa paciência e sustenta nossas esperas.
Aplicação Prática:
Você está esperando algo? Não desperdice o tempo da espera. Use-o para crescer, servir, investir, aprender — porque Deus transforma esperas em maturidade quando há amor no processo.
Ando devagar porque já tive pressa
3. ESPERANDO A RAIVA PASSAR (vv. 21–30)
Depois de trabalhar sete anos, apaixonado e fiel, Jacó é enganado por Labão em sua noite de núpcias. A frustração é devastadora: injustiça, humilhação, raiva e impotência.
Labão usa as próprias filhas como moeda de troca (Gn 31.15).
E Jacó paga caro: trabalha mais sete anos e jamais vê sua mãe novamente.
A raiva, quando alimentada, destrói. Mas quando administrada, passa — e deixa lições profundas (Ef 4.26–27; Ec 7.9).
Conexão com Cristo:
Cristo também sofreu injustiças terríveis — falsas acusações, zombarias, traição — e, mesmo assim, não pecou em Sua indignação justa. Ele nos mostra que é possível sentir raiva sem deixar que ela governe as decisões.
Aplicação Prática:
A raiva é humana; o pecado é deixá-la no trono.
Identifique, confesse, respire, ore e entregue ao Senhor.
Se você não liberar a raiva, ela prende você ao passado.
Com Cristo, é possível controlá-la, superar e seguir em paz.
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CONCLUSÃO
Jacó entrou na escola da paciência — e saiu transformado. Cada espera, cada frustração, cada pedra, cada injustiça foi um instrumento pedagógico de Deus.
E você? Como anda sua paciência? Como lida com suas esperas, frustrações e raivas?
Seja qual for sua resposta, há esperança: Cristo caminha com você, remove pedras, sustenta na espera e purifica o coração.
Se você permitir, Ele o ensinará a andar devagar…
Porque quem já teve pressa sabe o valor de caminhar com Deus no ritmo certo.
A boa notícia é que é possível controlar a raiva (Gl 5.22).
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Título: Ando devagar por que já tive pressa
Autor: Pr Ronaldo Alves Franco
Site do Pastor
Data: 06/11/2020
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Excelente esboço e muito prático!
Neste mundo moderno, onde resultados imediatos são quase sempre exigidos, ter paciência é uma virtude rara. A paciência é uma virtude ou excelência moral que faz suportar os males com resignação. E ela é exigida na Bíblia para os servos de Deus. Diversas passagens bíblicas nos falam da paciência.
“Se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos”(Rm 8.25). Não vemos, mas aguardamos. Então, temos de ter paciência! O aguardar com esperança desenvolve a perseverança e a paciência!
“…suportando com paciência os mesmos sofrimentos que nós também padecemos”(2 Co 1.6b). Somos orientados a termos paciência quando passarmos por sofrimentos. É bem provável que Jacó viveu já casado com Lia e Raquel durante os 14 anos, mas teve de suportar esses 14 anos de trabalho até que a dívida pelas esposas fosse paga.
No final valem os ditados: “Quando há amor,todo sacrifício é aceitável” e “A paciência pode ser amarga, mas os seus frutos são doces”. Se você quer crescer espiritualmente, na graça, no conhecimento e na experiência com Deus, terá de ter a paciência de ir acumulando pouco a pouco, tijolo a tijolo, através de esforços ao longo de toda a sua vida.
Não adianta correr apressadamente, andar devagar com confiança em Deus é muito melhor, pois como nos diz o velho ditado: “O apressado come cru”.