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A APOSTA

Um sujeito apostou com seus amigos que, apesar do gelo e da neve, seria capaz de sobreviver por toda uma noite em uma montanha próxima. Levou um livro e uma vela, e passou a noite sentado, exposto ao um frio que jamais havia experimentado.

Pela manhã, mais morto do que vivo, cobrou o pagamento da aposta, mas eles o interpelaram:

– Não teve nada, nada mesmo, para se aquecer?
– Nada
– respondeu.
– Nem mesmo uma vela? – continuaram.
– Sim, levei uma vela.
– Então, perdeu a aposta
– gritou um deles, ao som das risadas dos demais.

Alguns meses depois o sujeito convidou os mesmos amigos para jantar em sua casa.

Na sala de estar, eles aguardavam que a refeição fosse servida, mas as horas foram se passando, e nada. Quando começaram a resmungar pela demora, ele os convidou a ir à cozinha, onde lhes mostrou uma enorme panela cheia de água e, bem embaixo dela, uma vela acesa. A água nem estava morna. Então, comentou com frieza e indiferença:

– Ainda não está pronto. Não sei por qual motivo, afinal, a vela está aí acesa desde ontem.

“Ele acendeu a vela da vingança, mas apagou para sempre a chama de uma grande amizade”.


Amado, não imites o mal, mas o bem.
III João 1.11

 

Do livro: Eu, Nasrudin – Recontada por Ronaldo A. Franco

1 comentário em “A aposta”

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