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Estudos Especiais em I Coríntios preparados pelo Rev Silas Matos Pinto
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6º – TRATANDO O ORGULHO DA IGREJA

1 Coríntios 1.26-29 – Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.

Tem pessoas que assustam pela empáfia e arrogância. Tudo seu é ótimo, de boa qualidade, o mais bonito, o mais caro e tem o melhor acabamento. Quando se compara o que é seu com o que é dos outros o seu sempre supera o de todos. Pessoas assim se tornam desagradáveis e os outros as evitam, pois ninguém gosta de ver tudo o que tem ser diminuído diante de outra pessoa. O arrogante acaba ficando só porque ele é muito desagradável.

Em Lucas 11.43, Jesus disse: “Ai de vós, fariseus! Porque gostais das primeiras cadeiras nas sinagogas…”. Assentar-se nas primeiras cadeiras em uma igreja ou no colégio é uma demonstração de vontade de aprender. Os alunos que se assentam nos últimos lugares, normalmente, estão desinteressados e desligados, e por isso, terminam o ano sem ter aprendido muita coisa. Mas, nesse texto, Jesus faz uma dura crítica aos fariseus por se assentarem nas primeiras cadeiras. É que o seu intuito não era o de captar melhor o ensino ou aproveitar melhor a aula. Seu objetivo era se aparecer e mostrar aos outros a sua religiosidade exacerbada. Era para mostrar aos outros que eram muito mais religiosos do que a maioria. Atitudes assim não são aceitas por Deus, pois Deus exige que o adorador o busque por ser um necessitado de Sua graça, e, não por se achar uma pessoa puríssima que está fazendo o maior esforço do mundo para ajudar Deus a manter a sua igreja.

Isso que vou dizer é para mim, para você e para todos: Você é essencial na igreja e a igreja precisa de você. A igreja necessita do empenho de todos os membros dela, mas a Igreja é do Senhor e é Ele quem mantém a Sua igreja viva, e por isso, quer você ajude ou não, é Deus quem vai manter a Sua igreja em pé. Atitudes arrogantes da parte do homem recebem de Deus um tratamento punitivo, no sentido de humilhar e mostrar àqueles que pensam de si além do que convém, que na realidade não passam de servos inúteis.

No Antigo Testamento vimos que quando a serva de Sara, Hagar, se exaltou diante de sua senhora, ela foi humilhada. Atitudes como a de Hagar retratam claramente o comportamento de muitos irmãos que, sendo servos, se portam como senhores da Igreja do Senhor Jesus. Hagar se sentira especial por ter tido um filho que sua senhora não podia ter. Esse filho, uma dádiva de Deus, foi gerado por vontade da própria senhora a quem Hagar queria se sobrepor. Esses, assim como Hagar, tem de ser humilhados. Essa humilhação não será efetuada pelo Pastor, Presbíteros ou membros da igreja. A humilhação é efetuada pelo próprio Deus que não aceita manifestações arrogantes e presunçosas de uma pessoa que era perdida, foi alvo de Sua graça e, agora, parece que se esqueceu disso e por isso quer se mostrar superior aos irmãos, que como ele, também foram salvos por misericórdia de Deus. Esse comportamento existia na igreja de Corinto e, infelizmente, ainda se observa em muitas igrejas em nossos dias.

O assunto desse nosso estudo é A HUMILDADE QUE O CRENTE TEM DE TER. Veja que eu usei o verbo “Ter”. Eu não disse que o crente “Deve” procurar ser humilde. É sobre esse assunto que Paulo vai discorrer nesses quatro versículos. Ele vai tratar do orgulho da igreja para que sejam humildes.

É sabido por todos que todos aqueles que creram fazem parte do projeto divino para salvação do homem. Deus, em sua sabedoria e graça, escolheu, predestinou, regenerou, chamou, santificou e glorificou (Romanos 8.28-30) a todos aqueles que Ele mesmo atraiu e atrai a si. Foi uma obra de salvação completa, pois não resta nada mais a ser realizado. Ao homem cabe apenas aceitar essa salvação. Em conseqüência dessa aceitação haverá em sua vida mudanças éticas e morais que passarão a nortear o seu comportamento. Aos que Deus quis salvar Ele mesmo deu e dá todas as garantias para que de modo algum se percam.

A questão levantada por Paulo recai nos sentimentos que afloram nos corações dos homens e mulheres que foram alvos de tamanha demonstração do amor de Deus. Paulo está preocupado em garantir que nenhum dos servos de Deus venham a pecar contra Ele, agindo de maneira desrespeitosa em relação à graça recebida.

Para garantir um bom relacionamento da Igreja com Deus e que a igreja se portasse com humildade, Paulo alertou aos Coríntios para a necessidade deGASTAREM TEMPO MEDITANDO SOBRE AS SITUAÇÕES QUE ENVOLVERAM A SUA SALVAÇÃO. Paulo disse aos Coríntios: “Irmãos, reparei, pois, na vossa vocação”.

Vocacionar é chamar. A pessoa que é vocacionada por Deus para realizar alguma obra recebe de Deus a capacitação necessária para conseguir desempenhar o trabalho proposto com perfeição. Deus vocaciona pessoas para serem salvas e as enche do Espírito Santo para que possam ser fiéis a Ele.

Quanto a essa vocação é que Paulo incita os coríntios a pensar. Ele usa a palavra “reparar”. Essa palavra é muito usada pelas pessoas do interior que ficam assentadas na frente de suas casas todas as tardes e “reparam” no movimento da cidade e nas pessoas que passam por ali. Reparar, nesse caso, não é refazer algo que fora quebrado. Reparar é observar, ou seja, é gastar tempo meditando em algo, no caso, a vocação que cada um recebeu de Deus.

O que devemos reparar em nós quando pensarmos a respeito de nossa vocação? Creio que o necessário é:

Repare em quem é você. Creio piamente que os grandes erros cometidos pelos homens quanto ao relacionamento com Deus foram cometidos porque a pessoa não parou para meditar a respeito de si mesma. Em questões teológicas, por exemplo, se o homem não tiver uma visão correta de si, ele vai sempre olhar para Deus como sendo Deus um ser que não difere muito em santidade em relação ao homem. Se o homem pensa que é santo ou que pode conseguir chegar à santidade por si, ele vai tratar a Deus como um ser que está num estágio de pureza que o próprio homem poderá conseguir alcançar um dia. É o caso do Espiritismo, que vê Jesus Cristo como um Espírito iluminado; um exemplo perfeito que deve ser seguido, mas um ser que está em um estado de iluminação que qualquer homem, um dia, também poderá alcançar. Até defendem que muitos já alcançaram tal estágio de pureza e iluminação. Esse é um erro provocado por pessoas que desprezaram ou que não deram a devida importância ao exercício mental exigido por Paulo. “Repare muito bem em quem é você para que você não pense de si mais do que convém”.

A Bíblia diz que o homem sem Deus está morto, sem entendimento, com suas capacidades mentais, físicas, intelectuais e sensoriais afetadas a tal ponto que é incapaz de conseguir entender os atos mais simples de Deus. O homem sem Deus é escravo de uma natureza caída, pecaminosa que insiste em fazer tudo o que é errado e que ofende a Deus. Se Deus não mudar essa natureza o homem continuará perdido para sempre. “Reparando” corretamente sobre si o homem verá que estava perdido, por isso, vai valorizar a ação graciosa de Deus e desejará ardentemente louvá-lo e exaltá-lo em todo tempo, em todo o lugar, pois se sentirá imensamente grato a Deus pela salvação que lhe foi oferecida em Jesus Cristo.

Mas se a visão que o homem tem de si não é a de um homem que estava absoluta e desesperadamente perdido, então ele sempre vai se sentir num patamar superior onde olha para Deus como tendo Deus a necessidade de implorar para que o homem se coloque diante dEle. Nessa maneira de pensar é Deus quem necessita do homem e não o homem que necessita desesperadamente de Deus. Um “Reparar” errado de si mesmo o levará, fatalmente, a uma visão errada de sua necessidade de Deus e condenará todo o serviço que você presta a Deus num serviço inútil.

Repare em quem te chamou. Quem foi que deu a salvação ao homem? Foi Deus! Quem é Deus? Deus é um ser perfeito, completo de tudo o que é bom e reto, cheio de amor e absolutamente justo. Não há em Deus mal algum.

Esse Deus perfeito intentou criar o homem e não desistiu, mesmo sabendo que o homem que criaria iria traí-lo. Fez um mundo perfeito e colocou o homem para habitar nele. Foi traído pelo homem e mesmo assim providenciou a maneira mais bonita, porém terrível, de dar a salvação ao homem – Ofereceu seu próprio Filho para garantir o cumprimento de Sua justiça.

Agora você é um crente; um salvo pela graça de Deus. Já reparou em si e percebeu o quanto é necessitado da misericórdia de Deus. Agora “Repara” em Deus e vê sua grandeza, seu poder e sua pureza. Como pode o homem agir arrogantemente diante de uma manifestação de amor tão grande? Como pode desvalorizar a graça desse Deus maravilhoso? “Reparar em Deus” faz o homem ver a grandeza de Deus e a pequenez do homem. Percebendo essa diferença o homem valorizará os atos salvadores de Deus e procurará agir servilmente em todo o tempo.

Repare na razão do seu chamado. Muitas são as pessoas que um dia procuraram a igreja e disseram “eu agora sou um crente”. Essa confissão de fé pode ter servido apenas para marcar o recebimento dela na organização terrena – A igreja. Ela corre o risco de não ter si ligado à Igreja de fato. Há duas igrejas:

A Igreja terrena. Ela se reúne em templos, presta culto e é composta de homens e mulheres que optaram por fazer parte dela. Nessa igreja entram todos aqueles que optaram por ser membros dela, tendo várias razões como justificativas. Em seu meio existem muitas pessoas que nunca fizeram parte da Igreja do Senhor. São o joio no meio do trigo; os cabritos no meio das ovelhas, ou seja, são pessoas que se mostram com a aparência correta, mas o seu interior é impuro e não busca se purificar no Senhor.

A Igreja do Senhor. Ela é formada por pessoas que foram escolhidas por Deus. Foram lavadas e remidas no sangue do Cordeiro. Os membros dessa igreja tem consciência do seu estado de perdição anterior a salvação e da grande oportunidade dada por Deus, agora num novo estado de santificação. Essa é a igreja arrolada nos céus onde os seus nomes se encontram escritos no Livro da Vida e ninguém pode apagar.

Essa igreja é aquela que “Repara” que o seu chamado teve um objetivo. Não foram chamados para se assentar em bancos de igreja e assistir cultos. Foram chamados para propagar a obra redentora de Jesus ao mundo. É muito importante que o crente saiba quem ele é; saiba quem é o Deus que o chamou e principalmente, que saiba qual é a sua missão como chamado por Deus.

Retirei três textos que mostram o objetivo do chamado de Deus. Com certeza temos outros, mas esses três mostrarão parte do que devemos ser como servos de Deus:

Tiago 1.18“Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas”. Irmãos, todo agricultor tem o maior prazer de colher as primeiras espigas, as primeiras maçãs… Os primeiros frutos são maiores, mais bonitos e causam prazer àquele que investiu seu tempo até que pudesse colher os primeiros frutos.

Quando criança, plantei uma semente de abacate e cuidei com carinho da árvore que se formava. O quintal de casa ficou mais belo com o abacateiro e mais ainda quando ele deu os primeiros frutos. Os primeiros abacates tinham um tamanho admirável e uma qualidade perfeita. Com todo orgulho eu fiz questão de mostrar a todos os conhecidos os frutos do “meu abacateiro”. Eles eram as primícias. Do mesmo modo Deus nos chamou para que fôssemos belos, perfeitos em tudo e que tivéssemos qualidade reconhecida. Ele nos chamou com o objetivo de sermos suas primícias para que ele tenha prazer em nós.

1 Pedro 1.2“Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito Santo, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus…”. Esse versículo mostra com mais clareza a obra de redenção realizada por Deus. Fomos eleitos por Deus Pai e santificados pelo Espírito Santo, para obedecermos a Deus, cumprirmos sua vontade e para vivermos da forma que agrada a Deus e não a nós mesmos. Sua vontade deve ser realizada sempre e nunca a nossa. Além da obediência, fomos eleitos para recebermos a purificação, através da aspersão do sangue de Cristo. Formos purificados e devemos agir como puros de Deus.

Sabemos que nossa vida ainda reflete muito daquilo que fomos um dia. Nossa natureza caída ainda insiste em se mostrar destruidora, mas o objetivo do chamado de Deus é que sejamos puros, pois sobre nós foi aspergido o sangue de nosso Salvador Jesus Cristo.

Efésios 1.4“Assim como nos escolheu nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele”. Por fim, esse texto mostra que devemos ser santos. A palavra santo quer dizer separado. O crente é diferente do mundo. Ele deve se vestir, falar e agir de maneira separada para Deus. Infelizmente essa diferença não é tão notória assim. Tudo o que é puro e santo deve fazer parte de nossa vida. Tudo o que é prejudicial a nossa vida espiritual deve ser descartado.

Também é necessário que sejamos irrepreensíveis. Devemos tomar cuidado com nossa vida para que não venhamos a dar ocasião para que alguém puxe nossas orelhas. É repreensível quem faz coisas erradas. Deus não nos chamou para vivermos no erro, pelo contrário, ele nos chamou para vivermos de formairrepreensível.

Para garantir que a igreja se portasse com humildade, Paulo também alertou aos Coríntios para a necessidade de VERIFICAR QUE NINGUÉM FOI ESCOLHIDO POR DEUS POR CAUSA DE QUALIDADES PESSOAIS.  Paulo disse: “Visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento”.

Se você acabou de ser escolhido numa seleção de empregados e alguém lhe pergunta: Porque te escolheram? Com certeza você dirá que foi escolhido porque preencheu as exigências da empresa; porque tinha um bom currículo; porque suas qualidades sobressaíram às qualidades dos outros competidores. Ou seja, você dirá que foi escolhido por ter sido melhor do que os outros.

Os salvos são tratados, em vários textos bíblicos, como os escolhidos, os predestinados, e como diz o texto que estamos estudando: Os chamados. Essa condição especial de escolhido por Deus pode despertar em alguém a idéia de ser melhor que os outros. Pode fazer do escolhido uma pessoa que pensa que o fato de ser um “chamado” o faz melhor do que outras pessoas. Paulo está tratando de um problema muito grave – O ORGULHO PESSOAL. Ele está mostrando à igreja de Corinto que não há razão alguma para que os crentes se sintam melhores e superiores aos demais. São, na verdade, mais responsáveis. São guardiães da verdade do Evangelho e os responsáveis por transmitir essa mensagem ao mundo. Além disso, terão de viver uma vida sob cobranças divinas e terrenas, pois Deus exige santidade do crente e as pessoas que não são crentes também exigem muito dos crentes. O mundo deseja ver na vida dos crentes uma vida que na realidade eles mesmos não conseguem viver, mas desejam muito.

Paulo deixa claro que ninguém foi escolhido por qualidades particulares. Os homens têm suas formas de qualificar os melhores e Paulo mostra, bem claramente, que esse critério não foi usado por Deus

Ninguém foi chamado por ser mais Sábio que os outros. Ele disse: “Visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne”. Quando vamos escolher o colégio onde matricular nossos filhos, procuramos aqueles que poderão deixar nossos filhos mais sábios, visto que essa é uma forma de qualificação dos melhores no mercado de trabalho. Também quando estamos conversando com várias pessoas, sempre alguém se destaca no grupo por ter mais facilidade para falar e se expressar. Se fôssemos escolher um representante do nosso grupo com certeza escolheríamos aquele que se mostra mais sábio.

Esse não foi o critério usado por Deus. Com certeza na época haviam os filósofos gregos, que eram respeitados por sua inteligência e sabedoria, mas Deus não os escolheu para serem os plantadores de Sua Igreja. Ele escolheu pescadores incultos. Homens desprovidos da sabedoria humana, mas enriquecidos da sabedoria do alto. Homens que não tinham nada para oferecer e por isso teriam de oferecer aquilo que Deus lhes daria. Essa é a receita da vitória dos apóstolos.

Paulo dirá, logo à seguir: “Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar as sábias”. A sabedoria humana poderia impedir um bom desempenho do missionário. Isso o próprio Paulo mostra quando diz que abriu mão de todo saber humano para pregar somente Cristo crucificado. Argumentações sábias não eram suficientes para salvar ninguém, mas a pregação da verdade de Jesus salvava os homens simples e os mais importantes. Os mais incultos e os mais sábios. Paulo chegou a conclusão que a sabedoria simples de Deus supera as argumentações mais requintadas dos maiores sábios. Para os sábios da época era ridículo ver as argumentações simples dos homens simples chamados por Deus. Mas essa era a intenção de Deus: “Escolher as coisas loucas do mundo para envergonhar as sábias”.

Paulo disse também que ninguém foi chamado por ser Poderoso.  Ele disse: “Visto que não foram chamados muitos poderosos”. Era comum ver na igreja nascente as pessoas que desejavam posições destacadas por serem poderosos. O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males e muitos homens e mulheres pensam que o seu dinheiro lhes dá uma autoridade maior que a dos outros membros na igreja.
Paulo deixa bem claro que o poder humano é desprezado por Deus. Deus poderia ter escolhido o Império Romano  para divulgar o seu evangelho, mas não foi assim que ele fez. Ele escolheu iniciar sua igreja com um grupo de homens covardes e amedrontados. Os homens escolhidos por Deus não faziam muita diferença na sociedade, pois eram comuns. Mas quando Deus agiu através desses homens desprovidos de poder humano, na primeira fala três mil pessoas se converteram. Em pouco tempo o evangelho havia chegado até os confins da terra.

Paulo mostra no próximo versículo que: “Deus escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes”. A falta de poder humano não limitou a obra do Senhor, e continua não limitando, mas a vitória do Senhor com pessoas tão desprovidas de poder é motivo de críticas pelo mundo e vergonha para eles, pois Deus fez o Evangelho de Jesus chegar aos confins do mundo sem nenhuma manifestação de poder humano. Quando homens e mulheres colocam sua força, ainda que imperfeita, a serviço do senhor, a obra de Cristo se expande e muitos são salvos. Creio que a culpa de a igreja estar fazendo pouca diferença no mundo é apenas dela. O poder de Deus continua sendo disponibilizado, mas a igreja tem feito muito pouco uso desse poder de Deus, se limitando a reclamar da falta de recursos financeiros para trabalhar. O poder financeiro perde sua importância quando homens e mulheres querem, de fato, trabalhar para o Senhor confiados no poder de Deus e não no poder financeiro.

Paulo mostra também que O nome de família importante não influiu no chamado de Deus. Veja: “Visto que não foram chamados muitos de nobre nascimento”.Estou completando o argumento de que a sabedoria e o poder humanos são desprezados por Deus. Agora vamos ver que o nome da família é tão desprezível quanto os outros itens anteriores.

O nordeste tem uma família que é conhecida como os pioneiros do evangelho. Em algumas igrejas, quando alguém dessa família está presente, sempre é dada a palavra a ele. O nome da família tem dado aos seus membros um destaque especial na igreja. Esse valor dado ao nome de família não é bom.

Paulo mostra que Deus não chamou ninguém por ter um berço mais honrado que outro. Ele dirá no próximo versículo: “E Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são para reduzir a nada as que são”. Paulo destrói qualquer intenção humana de se arrogar do fato de ter nascido em berço nobre.

O próprio Jesus nasceu numa manjedoura. Não nasceu dentro do palácio ou do templo como descendente do poder ou de tradições religiosas. O nobre nascimento pode dar ao crente a falsa idéia de importância particular, mas para Deus isto não vale nada.

Acabamos de ver que ninguém foi escolhido por Deus por ter qualidades especiais. Esta argumentação de Paulo é para que haja humildade entre os irmão e que o pobre seja tratado como o rico; e que o inepto tenha o mesmo tratamento que o sábio; e, que os que nasceram em berços nobres sejam tratados do mesmo modo como são tratados as famílias mais humildes na igreja, pois Deus não escolheu ninguém pela sabedoria, poder ou por ser de nobre nascimento.

É isso que Paulo confirma ao dizer: “Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar as sábias e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são para reduzir a nada as que são. A escolha de Deus serve para envergonhar e humilhar o crente para que não incorra no risco de um dia se mostrar orgulhoso. O objetivo de Deus foi quebrar a crista daqueles que se levantam muito alto. O crente tem de ser humilde e não orgulhoso.

Para garantir que a igreja se portasse corretamente diante de Deus, Paulo também alertou aos coríntios para a necessidade de TODOS SE PORTAREM COM HUMILDADE NA PRESENÇA DO SENHOR. Ele disse: “A fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus”.

Faz parte da natureza humana a necessidade de se aparecer. Quando recebemos visitas em casa é difícil segurar os meninos. Parece que eles desejam ser notados pelas visitas e muitas vezes nos envergonham com suas atitudes. Mas acontece que eles mostram, com esse comportamento, que como todos nós também têm a necessidade de serem notados. Mas tem aqueles que gostam de se aparecer demais. Que gostam de contar vantagens e de mostrar que tudo o que tem e sua maneira de ser é melhor que os outros. Esse comportamento já é repugnante quando estão diante de homens iguais a si mesmos, e piora quando agem dessa maneira diante de Deus.

Jesus chamou a atenção dos seus discípulos para duas orações feitas por dois homens. O fariseu orou contando tudo o que fazia como era uma pessoa fiel a Deus. Contou a Deus como era dizimista até nas pequenas coisas. Esse homem queria a glória. Ele estava se vangloriando na presença de Deus. Ele achava que suas atitudes o faziam mais respeitado diante de Deus e por isso Deus deveria tratá-lo de forma especial.

Tinha também outro homem. Ele era publicano e humilde. Ele baixou os olhos e disse baixinho: “Sê propício a mim que sou pecador”. Jesus disse que esse homem foi para sua casa justificado. Ele não contou vantagens. Ele não buscou em suas atitudes algo para negociar com Deus, pelo contrário, ele buscou o perdão divino, confiado apenas na graça e misericórdia de Deus.

Esse é o comportamento exigido por Deus de todos os crentes. Todos os crentes devem “Reparar” em sua vocação. Deve ter claro em sua mente que Deus não chamou ninguém por ser sábio, poderoso, ou de nobre nascimento, pelo contrário, os crentes fazem parte dos incultos, loucos, fracos, humildes e simples. Pessoas escolhidas por Deus para envergonhar aqueles que se acham sábios, poderosos e importantes.

Tendo essa realidade bem clara na mente o crente nunca se postará diante de Deus de forma orgulhosa e com vanglorias, pelo contrário, será humilde e sempre dependerá da graça de nosso Deus.

No salmo 8.4, depois de o salmista contemplar a grandeza das obras de Deus ele se pergunta: “Quem é o homem que dele te lembres e o filho do homem que o visites?”. Diante da realidade da grandeza de Deus e de sua criação o homem consciente se coloca no lugar certo. Ele se humilha diante de Deus e se alegra pelo fato de ser um dos escolhidos de Deus. Ele não mostra orgulho, pelo contrário, tem uma atitude humilde diante daquele que lhe deu a vida eterna.

Irmão esse texto da 1ª Carta de Paulo aos Coríntios visa curar o ORGULHO do homem. Paulo colocou os crentes em seus devidos lugares. Mostrou que devemos cuidar de nós mesmos e termos cuidado para não cairmos na tentação de nos sentirmos melhores do que os outros por sermos Sábios, Poderosos ou de Nobre nascimento, pois essas qualidades podem ter influências para homens, mas para Deus não faz a mínima diferença. Paulo mostrou que a melhor atitude diante de Deus não é a vanglória, mas a humildade.

Jeremias 9.23,24, confirma esse pensamento paulino. “Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força, nem o rico nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor”.

Preocupe-se com as suas maneiras dentro e fora da igreja. Seja humilde e trate todos de igual modo, pois Deus não nos chamou por termos qualidades especiais, mas por Sua misericórdia. Somos todos carentes da mesma graça.

Que Deus trate nossa alma, para que assim sejamos humildes em Sua presença!

2 comentários em “06 Tratando o orgulho da igreja”

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