Estudos Especiais em I Coríntios preparados pelo Rev Silas Matos Pinto
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19º – CONSEQUÊNCIAS DA BOA QUALIDADE DO TRABALHO
1 Coríntios 3.14,15 – “Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá o galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo”.
Em algumas regiões do Brasil existem os homens que realizam seu trabalho a centenas de metros dentro da terra. São homens que trabalham com minério e, para retirá-lo da natureza é necessário que se cave a terra para encontrá-lo lá no fundo. Para realizarem o seu trabalho esses trabalhadores são obrigados a descerem nos buracos em elevadores improvisados, amarrados em cabos de aço, até chegarem a um ponto, de onde caminham bastante, no interior da terra até chegar ao local da extração mineral. As condições de trabalho desses mineiros são péssimas. Como permanecem horas no interior das galerias subterrâneas eles respiram o mesmo ar por horas. O ar que respiram é misturado à fumaça dos motores usados na extração mineral, à fuligem dos metais e principalmente ao ar já respirado. O resultado de respirar um ar tão impróprio é que esses trabalhadores, na maioria, terminam suas vidas com problemas respiratórios graves. Alguns deles tomam cuidados, outros não se importam em usar máscaras, mas mesmo os que as usam ainda assim desenvolvem problemas pulmonares graves. As condições de trabalho desses homens trazem resultados ruins para o seu futuro.
Não é assim com todos. Muitos homens e mulheres trabalham confortavelmente em seus escritórios. Possuem filtros de ar e um ambiente anti-stress, com música suave, quadros nas paredes e iluminação especial. Sua sala é preparada para que no final do dia eles deixem o escritório como se nunca tivessem trabalhado. O resultado de tanto conforto é uma qualidade de vida excelente, e, consequentemente, uma velhice saudável.
Demos dois exemplos de possíveis conseqüências do trabalho realizado por pessoas durante sua vida. Num deles, o final da vida é cheio de doenças provocadas pelas más condições de trabalho. No outro o fim da vida é confortável e cheio de saúde, também em conseqüência da boa qualidade no ambiente de trabalho. As pessoas colhem, no final de sua vida, os frutos do seu trabalho. Quem planta vento, colhe tempestade, não é assim? Nisto percebemos o cuidado que devemos ter com o nosso futuro. Devemos planejá-lo quando ainda somos jovens, pois se desperdiçarmos o nosso tempo e nossa saúde enquanto somos fortes e saudáveis, com certeza teremos uma velhice problemática.
Este estudo nos ensina que os nossos atos presentes trarão conseqüências positivas ou negativas no futuro, dependendo de como trabalhamos no nosso presente. Para aprender sobre esse assunto levantaremos o seguinte tema para nossa discussão: AS CONSEQÜÊNCIAS ESPIRITUAIS DA QUALIDADE DO TRABALHO QUE PRESTAMOS AO REINO DE DEUS.
Paulo ainda não estava pensando em se aposentar quando escreveu essa carta. Ele estava ativo na obra missionária, trabalhando a todo vapor. Mas esses versículos mostram que ele já estava prevenido quanto ao seu futuro. Ele estava se preparando para colher bons frutos do seu trabalho, quando fosse velho. Esse cuidado não era importante apenas para Paulo, pois ao escrever essas palavras ele despertou os seus discípulos para o cuidado que também deveriam ter quanto ao futuro, pois o trabalho realizado para o Reino de Deus traria para eles conseqüências espirituais seríssimas.
O texto nos mostra que como conseqüência de um bom trabalho realizado ao Reino de Deus o servo do Senhor COLHERÁ BENEFÍCIOS ETERNOS, Veja o texto: “Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá o galardão”.
No dia 19 de Abril de 1960 a capital do nosso país foi inaugurada. Depois de muito trabalho e planejamento os homens que empenharam suas vidas nessa obra puderam ver o fruto do seu penoso trabalho. Como conseqüência de um bom trabalho realizado três homens se destacaram. Hoje não é impossível comentar sobre a beleza e a organização de Brasília sem nos lembrar do presidente Juscelino Kubitscheck, de Oscar Niemayer e de Lúcio Costa. Eles estiveram à frente das obras de Brasília. Foram eles que imaginaram as avenidas largas, as praças, as quadras com seus prédios residenciais e comerciais, os palácios e os ministérios. Para nós, que vimos tudo pronto, pode não parecer algo extraordinário, mas para quem viu o serrado nu, cheio de árvores retorcidas e pequenos córregos, conseguir imaginar e construir uma capital imponente e tão complexa como ela é não foi nada comum ou insignificante. A mente brilhante desses homens, aliada ao vigor administrativo de JK, produziu a nossa bela capital.
Com certeza esses homens receberam um salário gordo para transformarem o serrado numa capital, mas o que mais conta não é o salário recebido, pois com certeza ele já foi gasto. O que conta é o reconhecimento e a lembrança que todos têm de que esses homens foram os responsáveis por essa obra grandiosa. Para eles o reconhecimento funciona como o maior galardão que poderiam ter. O reconhecimento é o salário eterno pelo bom trabalho realizado.
Milhões de brasileiros vivem com um salário mínimo. Ele já foi maior e menor do que é hoje. O constante aumento da inflação e do custo de vida vai corroendo o salário mínimo a cada dia. É quase impossível viver com apenas essa renda, mas esse salário tem sido o único sustento de milhares de pessoas. Está ruim com ele? Imagine viver sem ele! Viver sem o salário mínimo era uma realidade de alguns anos atrás, até que o presidente Getúlio Vargas instituiu, com força de lei, que todos os empregadores pagassem aos seus empregados esse salário. Foi uma grande vitória dos trabalhadores, pois muitos deles trabalhavam quase como escravos e que a partir de então passaram a ter um salário melhor. Getúlio Vargas será sempre lembrado quando se falar de salário mínimo. O seu galardão é ser lembrado com gratidão por todas as pessoas que foram beneficiadas com a sua decisão.
As igrejas fazem trabalhos evangelísticos variados. Como fruto desses trabalhos elas recebem a visita de muitas pessoas interessadas em ouvir a Palavra de Deus. Ao ouvir o evangelho verdadeiro o Espírito Santo toca em seus corações (2 Tessalonicenses 2.14) e essas pessoas se entregam ao Senhor. O alimento espiritual, ou seja, o ensino que esse novo convertido recebe, tem valor decisivo na permanência ou não dessa pessoa na igreja. Se ela receber mensagens que só falem de vitórias, grandes bênçãos e prosperidade, ela terá problemas sérios, pois imaginará que ao se tornar cristão estará livre de qualquer adversidade nessa vida. Ao enfrentar as primeiras lutas ela abandonará o caminho correto e os culpados por esse abandono serão os irmãos e o pastor que não prepararam o novo convertido para enfrentar a vida espiritual com todas as lutas que são reais na vida de quem serve ao Senhor.
Se a pessoa é bem instruída na Palavra de Deus e é preparada para as lutas e está consciente de que o crente também sofre perseguições internas e externas, ela estará preparada. Quando vierem as lutas ela estará vestida com a armadura de Deus e, dessa forma, ela conseguirá vencer e se manter firme no Senhor.
O galardão do pastor, pregadores e irmãos comprometidos com a evangelização está intimamente ligado à permanência do convertido que foi fruto do seu trabalho evangelístico. Não basta apenas evangelizar. É preciso mais. É necessário cuidar do novo irmão como uma mãe cuida dos seus filhos. No início, quando ainda é bebê, dispensa a ele um cuidado todo especial. Com o crescimento há certa liberdade, mas mãe que é mãe nunca deixa de ver os seus filhos como bebês. Do mesmo modo é necessário cuidar dos novos crentes para que não somente conheçam ao Senhor, mas que continuem a sua vida como servos do Senhor enquanto viverem. Se um trabalhador da obra do Senhor quer receber os seus galardões ele tem de cuidar de cada um dos irmãos como tendo essa obrigação imposta pelos céus. O trabalhador comum que não faz sua tarefa corretamente não merece o salário devido e muito menos as gratificações. No céu também é assim!
Paulo disse: “Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá o galardão”. Observe com atenção o início do versículo: “Se permanecer a obra”. Há uma ligação íntima entre o recebimento do galardão com a continuidade do trabalho iniciado. Por que será? Creio que essa cobrança é porque temos uma facilidade muito grande de iniciar trabalhos, aceitar cargos e obrigações e desistir deles no meio do caminho. Pessoas iniciam um ponto de pregação, mas quando surgem dificuldades, logo o deixam sob os cuidados de outras pessoas com várias alegações que somente ratificam a verdade de que não foram responsáveis em levar o trabalho até o fim; Pessoas assumem ministérios e secretarias em sociedades internas ou no culto ao Senhor e logo abrem mão da obra que se propuseram fazer. É necessário se aperceber do fato de que o atleta somente recebe a taça da vitória se ele chegar primeiro e que os outros atletas somente recebem a medalha que confirma sua participação se cruzar a linha de chegada. Aqueles que desistem no meio da corrida voltam para suas casas sem nada. Do mesmo modo, o crente que inicia um trabalho e o abandona no meio do caminho não poderá receber o galardão prometido por Deus.
Qualquer obra iniciada para o reino de Deus terá de ser levada até o final. E mais, somente terão méritos os crentes que enfrentarem as lutas sem desistir da obra. Todo trabalho iniciado sofrerá duras perseguições. Quanto mais fiéis forem os líderes, mais pressões, tentações e provações enfrentarão. 2 Timóteo 3.12, diz: “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos”. O irmão que inicia um trabalho ou um ministério na igreja e o deixa pela metade, mostra sua irresponsabilidade com a obra do Senhor e um descaso com a sua missão e com os dons recebidos de Deus. Se nós, que somos imperfeitos já nos incomodamos com esse abandono, imagine como é que Deus vê um filho seu iniciar um trabalho, cheio do vigor dado por ele, e depois, com o início das pressões desistir? Creio que isso Lhe traz muita tristeza.
O recebimento do galardão também está ligado ao conteúdo ou a base em que esse trabalho é realizado. Não basta que a obra permaneça. É necessário que essa obra permaneça sobre o fundamento dado pelos céus. Um prédio permanecerá em pé se ele for construído em bases sólidas, do mesmo modo, a obra espiritual iniciada permanecerá até o fim se ela for muito bem estruturada. Veja: “Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá o galardão”.
É possível que uma obra permaneça por muito tempo ou até mesmo nunca caia, mesmo tendo uma base ruim. É o caso de falsos crentes que permanecem a vida toda na igreja sem nunca se tornarem verdadeiros crentes. Isso também acontece com igrejas e religiões que usam o nome de Jesus sem tê-lo como centro. Elas permanecem ativas e até crescem muito. Essa obra pode até permanecer, porém a sua continuidade não trará benefício espiritual algum, pois, em se tratando da obra do Reino dos Céus, somente tem galardões a obra que tem Cristo como seu fundamento central e único.
Nesse argumento dissemos que, em conseqüência de um bom trabalho realizado para o Reino de Deus o servo do Senhor colherá benefícios eternos. O galardão prometido por Deus é um mistério. Ninguém pode afirmar que sabe exatamente como será esse galardão que o Senhor dará aos seus servos que realizarem um bom trabalho Sabemos que se Deus prometeu algum tipo de recompensa para alguém essa recompensa, com certeza, será o melhor presente que alguém pode imaginar. Esse não será um presente passageiro e finito. Ele será algo para ser desfrutado durante toda a eternidade vivida ao lado de Deus.
O texto nos mostrou que o galardão está condicionado à permanência da obra iniciada e à base dessa obra. Sabemos que não podemos controlar todas as situações que envolvem o trabalho que fazemos. Acontecem muitas coisas externas que podem impedir a continuidade da obra que iniciamos. Sabemos que uma pessoa que foi alvo de nosso trabalho evangelístico pode abandonar a igreja. E se isso acontecer? Será que perdemos o nosso galardão? Irmãos, Deus é justo. Ele sabe todas as coisas e julga retamente. Se algo que não está em nosso controle acontece e impede a continuidade da obra, nós não temos como ser responsabilizados, porém, há muitas coisas que impedem a continuidade da obra que são fruto da irresponsabilidade, preguiça, desânimo… é sobre isto que pesará o julgamento divino. Se algo que dependia de você deixou de ser feito e por essa causa a obra do reino de Deus teve um fim, então você não poderá receber os galardões que Deus prometeu aos seus servos fiéis.
A irresponsabilidade e o descuido na obra do Senhor não podem ser e nunca serão premiados por Deus. Mas aqueles que forem fiéis e levarem a obra iniciada até o fim e que fixarem essa obra como tendo sua base em Cristo, esses serão agraciados com bens celestes eternos. Essa é a segurança que todo servo fiel tem, de que o seu trabalho no Senhor não ficará sem recompensa. É por isso que Paulo disse: “Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá o galardão”.
Se um bom trabalho traz boas conseqüências, o inverso também acontece. Como conseqüência de um trabalho mal realizado ao Reino de Deus o servo infiel colherá MUITOS MALEFÍCIOS EM SUA VIDA.Veja: “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano”.
No estudo passado falamos a respeito da triste referência que temos ao se falar do Sérgio Naya. O seu nome lembra irresponsabilidade e sofrimento de muitos. Esse é um malefício que ele levará por toda a sua vida por ter sido irresponsável no seu trabalho. Ele pensou apenas no lucro que poderia ter ao usar materiais mais baratos em sua obra e não levou em consideração o fato de que pessoas arriscariam suas vidas ao morar nos apartamentos construídos por ele. Em conseqüência disso ele perdeu a credibilidade. Você compraria um apartamento num prédio que soubesse que foi construído por ele? Eu não!
É muito mais fácil conseguir o perdão de Deus do que conseguir o perdão dos homens. Jesus (Lucas 17.1,2) disse que os escândalos seriam inevitáveis, porém ele disse: “Ai daquele por quem vierem os escândalos. Seria melhor pendurar uma pedra no pescoço e se atirar no mar”. Creio que Jesus não está falando apenas do terrível juízo de Deus. Penso que ele também está se referindo às conseqüências naturais e as pressões humanas e ao juízo aplicado pelos homens. Se você comete um erro e esse erro se torna conhecido de todos, você vai sofrer durante toda a sua existência. As pessoas nunca se esquecerão de que “um dia” você agiu de maneira irresponsável. O tempo não apaga o seu erro das mentes das pessoas. As marcas dos erros são feitas à ferro. Essa é uma ótima razão para pensar e repensar antes de agir, pois, depois do erro ser cometido, as suas conseqüências podem durar a vida toda.
Jacó teve doze filhos. Os seus filhos formaram as doze tribos de Israel, das quais foi formada a nação de Israel. Sabemos que filhos erram, mas não podemos nos esquecer que esses erros ficam registrados e trazem conseqüências para suas vidas. Não foi diferente com Jacó e seus filhos. Jacó se casou com Raquel e Lia e suas esposas trouxeram consigo servas, com as quais Jacó também teve filhos. As servas não eram suas esposas, eram apenas uma espécie de “mãe de aluguel”. As mulheres estéreis davam filhos aos seus maridos através de suas servas férteis. Esse costume era corriqueiro, porém promoviam alguns inconvenientes, como aconteceu com Hagar que quis tomar o lugar de sua senhora e Bila que acabou na cama com Rúbem.
Rúbem era o filho mais velho de Jacó. Era o filho de suas forças. O mais esperado e o detentor do direito da primogenitura e da bênção de seu pai. Mas o jovem Rúbem cometeu um erro gravíssimo. Ele cedeu aos apelos da carne e aproveitando da situação, levou a serva de seu pai para a cama e teve relação sexual com ela.
Outro erro cometido pelos filhos de Jacó foi o de Simeão e Levi. Um príncipe de Canaã viu a filha de Jacó no campo, sozinha, e aproveitou-se dela. Mas ele não imaginou que se apaixonaria pela moça. Foi ao seu pai e pediu para que pedisse a moça em casamento. Fizeram um acordo de que todos os homens fossem circuncidados e só assim permitiriam o casamento. Simeão e Levi aproveitaram da dor dos homens e de que eles não poderiam se defender os mataram junto com suas famílias. Esse erro ficou marcado na ficha desses dois jovens.
No final da vida de Jacó ele chamou os seus filhos para lhes dar as últimas recomendações e suas bênçãos. Rúbem contava com a bênção por ser ele o primogênito, mas Jacó negou-a a ele. O seu erro, de ter se deitado com a mulher de seu pai, no passado, impediu de receber o que tanto desejava. Os próximos na lista seriam Simeão e Levi, porém também não receberam a bênção por terem agido de forma desonrosa, ao se vingar, matando homens inocentes e um jovem que queria reparar o seu erro. A bênção principal ficou com o próximo filho da lista: Judá.
Talvez você possa questionar o valor da bênção de um pai, mas conhecer a continuidade da história mostra o quanto ela foi valiosa para Judá. Na bênção, Jacó disse que o cetro seria de Judá, ou seja, o rei do seu povo sairia de sua descendência e o rei Davi, escolhido por Deus, descendeu do filho abençoado por Jacó. Também fruto dessa bênção, Judá teve como seu descendente o Messias, o Salvador do mundo. Jesus é o Leão da “Tribo de Judá”. Vejam que a bênção de um pai a seu filho tem implicações tanto nos céus, como na terra e por isso ela deve ser muito bem aproveitada e valorizada.
Falamos a respeito das conseqüências imediatas, ou seja, do dano sofrido por aquele que faz o trabalho do Senhor relaxadamente. Paulo disse que: “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano”. Irmãos, não estamos falando apenas de danos espirituais, nem somente de danos materiais. Danos materiais e espirituais serão sentidos na vida terrena e eterna da pessoa que não levar a sério o seu papel de professor ou propagador do Reino de Deus. A tarefa foi passada por Deus a todos. Cada um tem de estar atento quanto ao trabalho que deve realizar. Se ele for realizado com alegria, respeito e responsabilidade ele trará boas conseqüências, porém se for contrário, sofrerá ele os danos.
Primeiro vamos falar dos danos materiais de um trabalho mal realizado ao Reino de Deus. Pense na vida do rei Davi e em todos os erros que cometeu. Agora observe todos os malefícios colhidos. Vou listar apenas alguns: Inimigos dentro do próprio lar (o filho Absalão); suas concubinas sendo possuídas por outro homem à vista de todos; ciúmes, contendas, intrigas e morte entre os filhos; peste em seu reino; e a proibição de construir o templo dedicado a Deus. Seus erros trouxeram pesadas conseqüências quando ele ainda estava na terra.
Noé é outro bom exemplo dos males que um descuido pode trazer para a vida do homem. Noé foi um homem que o próprio Deus deu uma ótima referência sua: “Fiel, íntegro e que se desvia do mal”. Você ouviria isso de Deus? Noé ouviu! Porém, depois do dilúvio, ele se deixou vencer pelo vício e caiu bêbado e nu. Seu filho Cam o viu pelado e contou a seus irmãos. Noé amaldiçoou a vida de Cam e a história dos seus descendentes é triste. Os cananeus (descendente de Cam) foram expulsos da terra, por ordem de Deus. A cidade de Sodoma e Gomorra (dos descendentes de Cam) foi destruída pelo próprio Deus por causa da triste situação de pecado em que vivia aquele povo. O erro de um pai perdurou em maldições, sofrimentos e dores para a descendência de um filho.
Podemos citar a vergonha que Pedro passou ao ser advertido publicamente por Paulo; a morte de Judas por ter traído Jesus; a morte de Ananias e Safira por terem mentido; Êutico, por ter dormido durante um culto e caiu da janela; Os exemplos são múltiplos e todos eles mostram que ser relaxado na obra do Senhor traz danos materiais para vida do servo infiel. Os danos não serão sentidos apenas na vida eterna. Eles já trarão tristezas e angústias ainda nessa vida.
Os danos também são espirituais. Vamos citar o caso de Saul que por ter dado mais importância à vontade do seu povo e não dar ouvidos a ordem de Deus, foi rejeitado por Deus e não mais pode receber o direcionamento que Deus lhe dava todas as vezes que ia tomar suas decisões.
Irmãos, esses danos são referentes ao relaxo com a tarefa de ensinar aos homens a temer ao Senhor. O assunto tratado no texto não é a salvação. Não estamos falando de salvação, mas de danos sofridos por aqueles que sabem que devem ensinar aos pecadores a temer a Deus e não ensina. Que deixa que seus vizinhos, amigos, parentes que ainda não temem ao Senhor continuem nessa condição. Deus vai pedir contas de todos os nossos atos e teremos de dar a ele as razões do porquê de termos falhado em nossa missão de propagadores. É bom estar atento, pois, “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano”.
Veremos que O SERVO INFIEL PODERÁ SER APROVADO, PORÉM, O SEU TRABALHO NÃO LHE TRARÁ HONRA ALGUMA. “Mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo”.
Um grupo de alunos iniciou o ano letivo com muita animação. Ficaram muito contentes com os novos amigos e logo passaram a gozar dos prazeres dessa amizade. Risos, brincadeiras, colas, roubo de provas, vandalismo nos banheiros do colégio, humilhação de outros colegas, falta nas aulas e por aí a fora. Foi um ano cheio de diversões, porém, acompanhado de algumas visitas ao gabinete do diretor e muitas suspensões. O objetivo de estarem no colégio não foi cumprido. Deveriam ter aprendido o conteúdo proposto pelo colégio, mas isso não aconteceu. Os trabalhos que conseguiram notas foram comprados. As provas foram roubadas e suas notas foram injustamente boas. No final do ano veio a decepção para os pais. Todo o investimento feito nos filhos foi em vão. Eles não aprenderam. Gastaram o tempo inutilmente. Restou aos pais chorar as perdas e reiniciar tudo de novo. Em alguns casos houve aprovação. Os professores somaram tudo o que foi possível e o aluno conseguiu ser aprovado, mas veja bem, ele conseguiu ser aprovado. Sua aprovação não teve méritos ou promoveu qualquer tipo de alegria. Sua vitória teve o mesmo gosto de derrota. A aprovação só teve gosto de alívio. A dúvida ficou no ar: Teria sido melhor reprová-lo ou foi correto aprová-lo? Vitórias assim não valem a pena.
Visitei um banco de compra de ouro em Altamira, no Pará, e pude observar como o nosso país é riquíssimo. Como tem ouro sob os nossos pés e como ele é valioso. No pouco tempo que estive ali vi algumas pessoas, sujas e mal vestidas, entregarem pequenos vidrinhos com um pouquinho de metal e saírem com um punhado de notas. Mas vi também que o metal trazido enganava algumas pessoas. Elas entregavam o metal e ele era pesado. Logo ele era jogado num cadim e queimado e a quantidade que saía de lá era bem menor. É que o fogo fazia com que os metais não valiosos que vieram junto com o ouro evaporasse e no final da queima sobrava apenas o ouro puro.
O objetivo da queima é purificar e fortalecer o metal, como o ferro que só fica forte se for muito bem queimado e surrado na bigorna. Somente o ouro puro permanece. Os outros metais que vêm junto com ele se perdem na queima. Esse processo de purificação também acontece com as pessoas, diante de Deus. O texto diz que “esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo”.
Para comentar esse texto, primeiro falaremos da parte inicial – “Mas esse mesmo será salvo”. A salvação é dom de Deus e alcançada através da fé em Jesus Cristo. Ninguém será salvo por ser bom ou reto. Todos seremos salvos porque Jesus Cristo foi fiel, obediente e ofereceu o sacrifício perfeito em nosso lugar. Deus nos deu ao Filho como presente por Sua fidelidade. Todas as ações fiéis de Jesus Cristo serão contadas em nosso favor no julgamento. Aqueles que creram em Jesus terão a seu favor toda a fidelidade vivida por Jesus.
Vamos procurar entender essa parte do texto. Para isso vamos juntá-la com o que foi dito atrás: “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo”. Primeiro temos de observar que esse texto não está tratando a respeito de salvação, mas de ensino da Palavra de Deus e da responsabilidade daqueles que ensinam. Não trata de fé, mas da responsabilidade quanto à obra do Senhor. O texto mostrou que se uma pessoa falhar em sua tarefa no ensino da obra do Senhor ela sofrerá danos, como já estudamos. E agora vemos que apesar dos danos sofridos e das perdas de galardões por um trabalho realizado com desleixo a pessoa ainda continua salva, mesmo porque uma pessoa salva por Deus não pode perder a sua salvação. A salvação dada por Deus é eterna. Não é passageira.
Porém, “esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo”. O fogo purifica. Nesse processo toda impureza é queimada e somente o que é puro permanece. É isso que acontecerá no dia do julgamento final. Se você foi irresponsável com a tarefa que teria de ter realizado nesse mundo você passará por esse processo doloroso e vexatório. Será exposta toda a sua irresponsabilidade, preguiça, descaso, falhas… e Deus verá, e todos verão que algo teria de ser feito e não foi. Verá que outras pessoas foram sobrecarregadas com muito trabalho porque você preferiu ficar assentado enquanto os outros trabalhavam. Verá que pessoas passaram muito tempo sofrendo nas garras de Satanás porque você permaneceu apenas como espectador, e não assumiu a sua tarefa de mostrar-lhes a salvação que conhecia. Essa será uma disciplina pública e celeste. Essa disciplina terá divulgação no âmbito mundial e cósmico. Todos verão que você foi infiel e que será salvo por pura misericórdia. Tua salvação não foi acompanhada da fidelidade e do zelo como deveria ter sido acompanhada por todos os que receberam a salvação oferecida por Deus. Verão que você, que está sendo salvo, foi totalmente falho em seus deveres, mas que apesar de suas falhas, quanto ao ensino, ainda assim será salvo por causa da misericórdia de Deus.
Dissemos que, em conseqüência de um trabalho medíocre realizado para o Reino de Deus o servo do Senhor será aprovado, porém, sem honra alguma, “Mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo”. Lembram-se dos alunos aprovados por uma repescagem final? Sua aprovação não trouxe alegria, satisfação e muito menos honra. Esse aluno não terá o prazer de chegar diante dos seus familiares e dizer: “fui aprovado!” Do mesmo modo acontecerá com as pessoas que foram incumbidas por Deus de ensinar sua Palavra salvadora ao mundo e, falharam. Sabem que receberam de Deus tudo o que necessitavam para realizar uma ótima obra, mas que não usaram os dons celestes e se deixaram dominar pela preguiça, desânimo, vergonha e irresponsabilidade. Por tudo isso, sua aprovação não lhes trará satisfação. Mesmo tendo sido aprovados (salvos), essa aprovação será acompanhada da frustração e da vergonha de ter falhado. A tarefa que deveria ter sido feita com toda a gratidão por ter recebido o grandioso presente: a salvação, deixou de ser feita, ou foi feita com desleixo. O resultado será uma vitória com gosto de derrota.
O apóstolo Pedro passou por situações muito próximas do que estamos estudando. Ele acompanhou o Senhor em todos os acontecimentos. Era um dos mais bem preparados. Tinha a possibilidade de se destacar e fazer um ótimo trabalho, porém ele falhou por várias vezes. Ele tentou desviar a atenção de si quando Jesus o chamou. Ele olhou para traz e perguntou sobre João (Jo 21.21); negou o Senhor; afundou no mar… mas Pedro se levantou e teve coragem de pregar e ensinar e uma multidão foi salva. Ele teve ousadia de oferecer a cura a um coxo e foi o instrumento de Deus para a cura de muitas pessoas; Muitas pessoas deixaram o reino das trevas e encontraram a luz através de sua pregação. Porém, apesar de todo esse preparo, ainda assim, ele teve de ser advertido publicamente por Paulo, mostrando que nunca podemos nos descuidar, pois as armadilhas estão sempre sendo colocadas diante de nós. Mas, mesmo com todas as falhas, nós podemos aprender com Pedro e lutar por um recomeço responsável.
É muito bom ser aprovado, mas é essencial que essa aprovação nos traga prazer e satisfação por ter acertado naquilo que tínhamos condições de acertar. O fogo provará a nossa obra. Se fomos fiéis seremos expostos como fiéis. Se fomos infiéis, o fogo nos exporá diante de todos, mostrando que apesar de todos os meios disponibilizados a nós, por Deus, nós falhamos por não termos dado a devida importância àquilo que Deus deixou para que realizássemos.
Irmãos, nesse estudo tratamos a respeito DAS CONSEQÜÊNCIAS ESPIRITUAIS DA QUALIDADE DO TRABALHO QUE PRESTAMOS AO REINO DE DEUS. Vimos que:
UM BOM TRABALHO PRESTADO AO REINO DE DEUS TRARÁ AO SERVO FIEL BENEFÍCIOS ETERNOS. “Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá o galardão”. |
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UM MAL TRABALHO PRESTADO AO REINO DE DEUS TRARÁ AO SERVO INFIEL MUITOS MALEFÍCIOS EM SUA VIDA. “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano”. |
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O SERVO INFIEL SERÁ APROVADO, PORÉM, O SEU TRABALHO NÃO LHE TRARÁ HONRA ALGUMA. “Mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo”. |
Diante disto, somos conclamados a usar toda a nossa força, todos os nossos dons e conhecimento para oferecer a Deus o melhor que pudermos, sabendo que se formos fiéis teremos recompensas eternas; se formos infiéis sofreremos danos espirituais e materiais; e, que seremos aprovados, mas será prazeroso se formas aprovados com louvor. Pense nisso e seja um servo fiel e útil na igreja que o Senhor te colocou. Dê o seu melhor para Deus.