David e Jônatas: Nos tempos atuais, onde os afetos são muitas vezes interpretados pela lente da sexualidade, algumas leituras modernas sugerem que Davi e Jônatas mantinham um relacionamento homossexual. Mas será que essa interpretação tem base bíblica, linguística, teológica, cultural ou histórica?
Neste estudo, vamos entender o que a Bíblia realmente diz sobre a amizade entre Davi e Jônatas, analisando o contexto original, a linguagem hebraica e os costumes da época.
“Jônatas fez um pacto com Davi, porque o amava como à sua própria alma.”
A palavra usada para "amor" nesse texto é “ahavá”, do hebraico, que aparece em contextos de amizade, amor familiar, amor por Deus e até entre povos. Não tem conotação sexual por si só.
Um dos maiores erros dos que tentam interpretar a Bíblia sem o devido conhecimento literário, histórico e cultural é este: Atribuir significados modernos a textos e palavras antigas.
Em nossa língua, "amor" é uma palavra genérica que pode ter muitos significados, porém, nas Escrituras não é assim. Nela há várias palavras para os diversos tipos de amor, tais como amor familiar, amor conjugal, amor de Deus, amor entre irmãos, etc., com significados próprios e particulares que, infelizmente, são traduzidas para o português simplesmente como amor, jogando tudo numa vala comum, que os preguiçosos ou maliciosos interpretam de qualquer jeito ou como lhes convém.
Esse amor, “ahavá”, reflete amizade profunda, lealdade e respeito mútuo, características raras e valorizadas na cultura do Antigo Oriente Médio. Jesus usou linguagem semelhante ao dizer:
“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” (João 15:13)
“E se beijaram um ao outro, e choraram juntos, até que Davi chorou mais ainda.”
Andar de mãos dadas e beijar era (e ainda é) um gesto de saudação, honra e amizade no Oriente Médio. Isso é cultural, não sexual.
Outros exemplos:
Esaú beijou Jacó (Gênesis 33:4)
José beijou seus irmãos (Gênesis 45:15)
Paulo foi beijado pelos presbíteros (Atos 20:37)
Os apóstolos recomendavam: “Saudai-vos com ósculo santo.” (Romanos 16:16) (ósculo: beijo)
Davi teve várias esposas: Mical, Abigail, Bate-Seba, entre outras. Quando adulterou com Bate-Seba, foi severamente repreendido pelo profeta Natã.
Se tivesse cometido ato homossexual, a Bíblia teria igualmente exposto e condenado, pois era proibido pela Lei (Levítico 18:22).
O silêncio da Escritura é, nesse caso, uma prova de que não houve pecado sexual nesse relacionamento.
Alguns usam esse versículo para sugerir um vínculo sexual. No entanto, a frase expressa a singularidade da lealdade de Jônatas, não desejo sexual.
Davi lamenta a perda de um amigo leal, alguém com quem compartilhou confiança e coragem em meio à perseguição de Saul.
Somente quem nunca teve um grande amigo é capaz de maliciar uma amizade profunda e sincera. É o que preconiza a profecia: "Quem está sujo, suje-se ainda mais" - Apocalipse 22:11.
O luto de Davi é emocional, não erótico.
Durante séculos, rabinos judeus, pais da igreja e teólogos cristãos nunca interpretaram essa amizade como homossexual. Essa teoria só surgiu nos séculos XX e XXI, com influências ideológicas modernas.
A interpretação correta precisa respeitar o contexto histórico e literário da Bíblia.
O relacionamento entre Davi e Jônatas é um modelo de amizade leal, sacrificial e verdadeira — algo raro tanto na antiguidade quanto nos dias de hoje. Tentar sexualizar essa amizade é desrespeitar o texto bíblico, o contexto cultural e o caráter de ambos.
A Bíblia exalta esse vínculo como exemplo de aliança espiritual, respeito e fidelidade entre homens tementes a Deus.
“O justo serve de guia para o seu companheiro.” (Provérbios 12:26)
Título: David e Jônatas eram homossexuais?Pr Ronaldo FrancoData: 09/06/2025
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